quinta-feira, maio 13, 2010

MÁRIO SILVA, MIGUEL BARBOSA e VASCO BERARDO na Galeria Minerva


José Luis Ferreira, Mário Silva, Vasco Berardo e Isabel Garcia

Exposição de pintura de Mário Silva, Miguel Barbosa e Vasco Berardo para visitar até 9 de Junho.
No âmbito das Terças.feiras de Minerva foi inaugurada a exposição de pintura com uma intervenção pelo sociólogo, escritor e crítico de arte José Luis Ferreira, subordinada ao tema "As Artes Plásticas - República, Estado Novo e Democracia em torno da censura e da liberdade".

Breve e sucinto, na sua intervenção, José-Luis Ferreira fez uma abordagem sobre a evolução histórico-cultural portuguesa desde a implantação da República, na perspectiva dos avanços, recuos e adaptações dos regimes políticos, desde a Monarquia ao Estado-Novo, defendendo a existência de coordenadas pouco diferenciáveis, na realidade sociocultural e económico-social, relativamente autónoma e marginal dos artistas plásticos, na óptica da sua autonomia, comportamentos e atitudes, até à actualidade, a despeito da radical transformação política produzida pela Revolução dos Cravos.

Destacando algumas similitudes de âmbito psicossocial – entre o passado e a actualidade – no quadro das políticas económico-financeira e sociocultural, José-Luis Ferreira referiu-se, nestes termos, à postura dos autores cujas obras se encontram expostas:

«Vasco Berardo, Miguel Barbosa e Mário Silva foram mobilizados para esta exposição. Trata-se de três artistas plásticos, produtores de três fortunas colossais que – na penumbra da indiferença pública – enriquecem e valorizam o património e o mercado cultural de uma Portugalidade passivamente assumida.

Eles sofreram e sofrem – sós e, acompanhados, em posturas oposicionais diferentemente assumidas, em relação ao regime ditatorial do Estado-Novo – consequências objectivas e subliminares da censura, alguma violência, o desconforto e a ausência do reconhecimento estatal pelo seu trabalho. Não são únicos nem serão, objectivamente, os mais emblemáticos representantes de uma inequívoca posição anti-situacionista. Convenhamos, porém, na sua exemplar postura de cidadania, no seu comportamento mais ou menos espectacular e libertário e, sobretudo, na atitude corajosa da afirmação da sua criatividade, na sua postura independente e corajosa, marginal às conveniências e à influência nociva dos apadrinhamentos políticos, antes e depois do 25 de Abril.»

Instados a revelar algumas memórias e aspectos marcantes da evolução do seu trabalho, no período da ditadura salazarista, Mário Silva e Vasco Berardo pronunciaram-se sobre alguns dos momentos difíceis que atravessaram, narrando episódios que se repercutiram no seu trabalho, marcantes nas suas vidas pessoais e familiares. A personalidade cultural pluridisciplinar e a postura humana de Miguel Barbosa, impossibilitado de comparecer, foi evocada e enaltecida por Isabel de Carvalho Garcia e pelo orador, que salientaram alguns aspectos da sua obra científica, literária e artística.


Mário silva e Vasco Berardo (Miguel Barbosa não pode estar presente) testemunharam a sua experiência enquanto presos políticos (Caxias e Aljube) e o ser artista em Portugal desde meados do século XX até à actualidade.
Mário Silva e Isabel Garcia (enaltecendo Miguel Barbosa) 
Vasco Berardo, Pedro Olayo (Filho) e José Luis Ferreira


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