sábado, fevereiro 25, 2006

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

História do vitral nas Terças-Feiras de Minerva


Pedro Redol foi o convidado de mais uma sessão das Terças-Feiras de Minerva, com o tema "Pintar com a luz: primeiro crepúsculo da arte do vitral".



Especialista em vitrais, Pedro Redol centrou a sua apresentação nos exemplares ainda existentes no Mosteiro da Batalha, do qual é conservador, apesar de ocupar, desde Abril de 2005, o cargo de director do Museu Nacional de Machado de Castro.



Tal como escreveu William Beckford, num livro onde recolhe as suas impressões de uma viagem aos mosteiros da Batalha e Alcobaça entre 1763 e 1765, “não há tapeçaria, por mais rica, nem pintura, por mais vívida, que possam igualar o deslumbramento deste matiz, o esplendor do dourado e vermelho-rubi derramado pela longa série de vitrais”.

A arte do vitral é antiga, e é revivida várias vezes, pelo que, ao falar-se de um primeiro crepúsculo, fala-se de finais do século XV, inícios de XVI, em que o vitral foi substituído por pintura em vidro. “Normalmente, quando falamos em vitral, as pessoas pensam imediatamente em vidros pintados”, referiu Pedro Redol. “Os vitrais têm efectivamente vidros pintados, mas não é essa circunstância que lhes dá a vibração própria da cor”.



O que acontece, é que os vidros utilizados nos vitrais já são corados no processo de fabrico, sendo que nalgumas circunstâncias podem ser coloridos. E “há materiais que vão depois modelar a passagem da luz”.

Na sua origem, em finais do século IX, inícios de século X, o vitral assumiu como recurso exclusivo o facto de a luz atravessar o material. “Pintava-se com os vidros que se cortavam e que se montavam em calhas de chumbo”, referiu Pedro Redol. “Claro que depois o trabalho consistia em revelar a passagem da luz através de um material que permite maior ou menor transparência, maior ou menor opacidade”.




Portugal teve muitos vitrais no século XVI, cuja existência está documentada, mas que se perderam quase completamente. No entanto, já no próprio século XX foram feitos alguns vitrais importantes.



A conferência de Pedro Redol foi acompanhada de uma série de imagens de vitrais de Portugal e estrangeiro, e durante a sua exposição, o director do MNMC revelou ainda como se processa o fabrico dos vitrais e o seu restauro, através de várias imagens recolhidas em oficinas de conservação do Mosteiro da Batalha.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

A Geração da Ética, de Fernando Martins

Está já disponível o volume 42 da Colecção Comunicação, dirigida por Mário Mesquita.

Trata-se do livro "A Geração da Ética", da autoria do jornalista Fernando Martins.

A abertura, no nosso país, dos canais privados de Televisão, deu origem a todo um ciclo que começou pela disputa do bolo da publicidade e que se espera que regresse à postura profissional e cívica dos tempos em que nem a informação-espectáculo representava uma ameaça, nem a sede de protagonismo dos diversos agentes da comunicação tinha, ainda, feito da verdade e da honra degraus espezinhados na corrida pelas audiências.

Os outros “media” não escaparam à verdadeira pandemia que, reconheça-se, foi mais benévola nos efeitos sobre as rádios e sobre os jornais - tudo isto numa altura em que, em nome das crises, as redacções passaram por profundas renovações, de entre as quais se destaca um rejuvenescimento excessivo e mal enquadrado.

Os desvios, principalmente os de natureza deontológica, caíram na praça pública, onde a crítica, algumas vezes, não conseguiu esconder apetites censórios. Foi a altura em que parece ter nascido a geração da Ética, sob um manto de preocupações nem sempre próximas. A vontade autêntica de resolver problemas andou (e anda, ainda) muitas vezes a par de objectivos de marketing e até de mera cenografia.

Apareceram, beneficiando do prestígio do pioneiro Provedor de Justiça, mais e mais provedores.

Os dos leitores também.

O “Jornal de Notícias” foi, entre os grandes jornais de informação geral, o terceiro a disponibilizar aos leitores essa importante porta diálogo, tendo o Autor sido o seu primeiro news ombudsman. Dessa experiência de quase quatro anos fala esta obra, que mais não pretende ser do que um testemunho que conduzirá, decerto, a conclusões diversas, e cujo estudo espero possa aproveitar não só aos jovens jornalistas, mas a todos os outros que fazem parte desta sociedade da comunicação, em que só o exercício permanente da exigência, da responsabilização, pode conduzir à qualidade desejada.

Fernando Martins, que cursou Engenharia e Direito, encetou, na delegação do Porto do jornal “O Século”, uma carreira hoje com mais de 40 anos. Fez Rádio e Televisão. Mas foi, de facto, na Imprensa que acabou por fixar-se. Com trabalhos espalhados por jornais e revistas nacionais e estran-geiros, a sua paixão foi vivida essencialmente no “Jornal de Notícias”, onde ao longo de quatro décadas assinou reportagens, entrevistas, crónicas e artigos. No JN foi de repórter a director, passando pelos cargos de editor e chefe de Redacção.

Em 2001, após ter-se demitido da Direcção (onde esteve 12 anos), aceitou o convite para ser o primeiro Provedor dos Leitores do JN, cargo que desempenhou durante quase quatro anos.
É, desde 1983, vice-presidente do Centro de Formação de Jornalistas, do Porto, sendo, também, sócio fundador do Observatório de Imprensa. Ministrou cursos para a imprensa regional no Continente e nas Ilhas e deu aulas na Universidade Moderna (curso de pós-graduação). É director da Associação do Museu Nacional da Imprensa. Pertenceu ao Instituto Internacional de Imprensa (IPI) e à ONO (associação mundial de provedores da Comunicação Social).

Integrou ainda as direcções do Sindicato dos Jornalistas e da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Pintar com a luz

© IPPAR, José Manuel

"Pintar com a luz: primeiro crepúsculo da arte do vitral"
é o tema da próxima sessão das Terças-Feiras de Minerva, que tem como convidado Pedro Redol.

A sessão decorre no dia 21 de Fevereiro, com início às 18.30 horas, na Livraria Minerva (Rua de Macau 52, ao Bairro Norton de Matos), em Coimbra.

A entrada é livre.

Pedro Redol é licenciado em História, variante de História da Arte, pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e possui o Mestrado em Arte, Património e Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
A sua formação profissional inclui vários estágios e cursos, destacando-se uma passagem pelo Museu Monográfico de Conimbriga, um estágio prático sobre técnica do vitral, na Escuela-Taller de Restauración de Cuenca (Espanha), um estágio de conservação e restauro de pedra e de vitral, em Inglaterra, a convite do Institute of Archaeology of the University of Oxford (Inglaterra), um estágio prático de conservação e restauro de vitral na secção de restauro dos estúdios de vitral e de mosaico Gustav van Treeck, em Munique (Alemanha), e o curso “The Painter’s Palette in the 16th and 17th Century: Pigment Preparation and Painting Technology” da Amsterdam-Maastricht Summer University (Holanda).
Iniciou a carreira profissional em 1987 como coordenador e professor de história da arte e de conservação e restauro de um curso de canteiros restauradores no Mosteiro da Batalha. Entre 1989 e 1999 foi professor nas áreas de teoria da conservação e restauro e de conservação e restauro de pedra, vidro e vitral da Escola Superior de Conservação e Restauro.
Técnico superior do Mosteiro da Batalha, com responsabilidade pelos vitrais portugueses tardomedievais e do Renascimento, entre 1990 e 1999, foi nestas funções que instalou um centro de conservação e restauro de vitral.
Desde 1996 que é presidente do comité português do Corpus Vitrearum Medii Aevi (sob a égide da Union Académique Internationale e do Comité International d’Histoire de l’Art).
Em 1995 foi membro do conselho consultivo para a conservação e o restauro do vitral da Catedral de Siena (Itália), e em 1997 membro do conselho consultivo para a conservação e o restauro dos vitrais medievais e renascentistas da Catedral de León (Espanha).
Entre 1999 e 2002 ocupou o cargo de director do Convento de Cristo, em Tomar, e de 2001 a 2005 foi perito avaliador de projectos de investigação científica relacionados com o património cultural junto da Comissão Europeia.
Desde 2002 que é professor auxiliar convidado do Departamento de Conservação e Restauro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.
Proferiu numerosas conferências em Portugal, Inglaterra e Bélgica, tem publicados vários artigos. É autor do livro “O Mosteiro da Batalha e o Vitral em Portugal nos Séculos XV e XVI”, e editor e co-autor do livro “Pinturas da Charola de Tomar”.
Ocupa o cargo de director do Museu Nacional de Machado de Castro desde Abril de 2005.

sábado, fevereiro 11, 2006

A Minerva no Indústrias Culturais

LANÇAMENTO DO LIVRO DE CARLA MARTINS: ESPAÇO PÚBLICO EM HANNAH ARENDT


Foi no final da tarde de quinta-feira, no espaço de cultura do El Corte Inglés, o lançamento do livro de Carla Martins, com um título pertencente à editora MinervaCoimbra.

Falaram a editora Isabel Garcia, o orientador da tese de mestrado que deu origem ao livo, António Martins (Universidade de Coimbra), Mário Mesquita, director da colecção de livros, José A. Bragança de Miranda, professor da Universidade Nova de Lisboa e apresentador da obra, e a autora.

Das notas que retirei da apresentação, destaco algumas palavras de Bragança de Miranda, que falou da dificuldade em catalogar Arendt. Embora se possa identificar a autora alemã com a filosofia da política, entende-se a política como colocada depois das revoluções (mormente a francesa) e não coincidinte com o Estado nem estabelecida total e definitivamente pelo direito. Arendt, contrária à divisão governantes/governados, olhou a política não como um problema de dominação mas sim como tendo potencialidade ou infinidade de possibilidades em termos de relação. Por um lado, Arendt faz uma crítica radical do Estado, por outro, salienta a socialização do Estado assistencial. Bragança de Miranda, numa apresentação em forma de tertúlia - como ele bem sabe fazer -, destacou algumas das fragilidades do pensamento de Hannah Arendt, como a ideia de "emigração interna" e a questão da terra (ecologia, nomeadamente).

A autora mostrou o modo de construção do trabalho agora disponível para leitura - o saber oficinal, como, em forma de elogio, o seu orientador sintetizou - e referiu a ambivalência da filósofa alemã, um dos maiores vultos do pensamento do século XX, situada entre a base de uma nova teoria política e a antítese, num sombrio diagnóstico das sociedades modernas.

Antes, Mário Mesquita fizera o elogio da autora. Licenciada em filosofia com a nota mais alta do curso (Universidade de Coimbra), que lhe valeu um prémio da Fundação António de Almeida (Porto), o livro agora editado é a tese do mestrado obtido na mesma universidade. Carla Martins trabalhou como jornalista na RTP, colabora actualmente em várias públicações, caso da MediaXXI, e é professora universitária na Escola Superior de Ciências da Comunicação e Universidade Lusófona. O livro agora publicado é o 40º da colecção "Comunicação" da editora MinervaCoimbra [nas imagens seguintes, vêem-se a falar Mário Mesquita, Bragança de Miranda e Carla Martins].




África na Galeria Minerva



A Galeria Minerva inaugurou hoje uma exposição de pintura africana com obras de artistas da Academia de Belas Artes da antiga República do Zaire, actual República Democrática do Congo.



A exposição é organizada por Celeste Brízida, que viveu no Zaire durante 12 anos, e partilha assim publicamente a sua paixão por África.


Estão patentes obras de pintura sobre areia e óleo sobre tela de: KUBAM, SAKI, MABIALA, TATAA NSHUE, YUMA, NKOBA, LANDU e KIAK.



Na inauguração estiveram presentes o Presidente da Casa de Angola em Coimbra, Bento Monteiro, e a poeta angolana Rosa Mayunga - Kiesse/Olo.


A exposição pode ser visitada até ao próximo dia 2 de Março, das 10 às 13 e das 14,30 às 20 horas, de segunda a sábado, na Rua de Macau 52 (Bairro Norton de Matos), em Coimbra.



quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Rota das Artes nas Terças-Feiras de Minerva




Realizou-se esta semana mais uma Terça-feira de Minerva, desta feita com a presença da Associação de Antigos Alunos da ARCA-EUAC (Escola Universitária de Artes de Coimbra). A sessão teve como ponto principal o lançamento do livro “Rota das Artes – Encontros de Arte Contemporânea. Exposição itinerante #1_05”, que reúne o resultado do projecto com o mesmo nome que decorreu durante o ano passado em 6 concelhos da região Centro.



“Uma aventura extremamente interessante e enriquecedora, proporcionando contactos com pessoas de diferentes formações e convicções que de certa forma contribuíram para a evolução do próprio projecto”, afirmou António Azenha, presidente da associação.



O livro foi apresentado por António Pedro Pita, delegado regional da Cultura do Centro, para quem o mérito do projecto é “ligar os locais onde esteve”, nomeadamente através da arte.
Ainda segundo António Azenha, que anunciou a segunda edição do projecto para este ano, “a actividade contribuiu para abrir novos horizontes àqueles que nela participaram (crianças, pais, professores e educadores) não só quanto à forma como se olha a arte, mas também aos aspectos relacionados com a sua produção, criatividade e sentido crítico”.



O projecto anterior envolveu seis exposições e seis ateliers realizados respectivamente em: Coimbra, Cantanhede, Penela, Ansião, Figueiró-dos-Vinhos e Guarda, e a exposição final, que contou com um total de 45 obras (11 instalações, 3 obras videográficas, 6 caixas de luz pintadas, 2 desenhos e 23 pinturas) realizadas por dez artistas, foi apreciada nos seis concelhos.



A sessão contou ainda com a participação de Armando Azevedo, autor da introdução do livro e professor na ARCA-EUAC. Os presentes puderam apreciar alguns dos quadros pintados pelas crianças envolvidas no projecto em 2005.








A próxima sessão das Terças-Feiras de Minerva realiza-se no dia 21 de Fevereiro, e terá como convidado Pedro Redol, director do Museu Nacional de Machado de Castro, com o tema "Pintar com a luz: primeiro crepúsculo da arte do vitral".