quarta-feira, outubro 25, 2006

Viagens pelo Brasil




As Edições MinervaCoimbra promoveram ontem, na Livraria Minerva, o lançamento do livro "Viagens pelo Brasil. Impressões de um Geógrafo. Memórias de um Reitor", da autoria de Fernando Rebelo. A apresentação da obra esteve a cargo de António Barbosa de Melo, cuja intervenção aqui transcrevemos:




“Com espírito de descobridor… viajando e conversando, observando e fotografando, quantas vezes tivemos os olhos marejados de lágrimas nesse país imenso e diverso, falando sempre a nossa língua comum, com simpatia e doçura.”
Fernando Rebelo, obra supracitada


1. Há anos foi tema de controvérsia a natureza da relação originária entre os portugueses, o Brasil e os brasileiros. Falavam uns de uma relação de achamento, outros de uma relação de descobrimento, para destacar ou a casualidade ou a intencionalidade desse encontro. Na história dos dois povos, Porto Seguro e os índios “aymoré” estariam ali por obra do mero acaso ou o encontro seria fruto de deliberada procura dos que da “ocidental praia lusitana” saíram seduzidos pelo desejo de “ver o mundo”?
Ao terminar a leitura do livro, que tenho a honra de aqui apresentar, pareceu-me poder concluir que a essa polémica faltara alguma largueza de vistas: haveria a considerar também nessa alvorada da história não só uma relação de encantamento dos portugueses pelo Brasil (de que foi precursor Pêro Vaz de Caminha) e, reciprocamente, dos brasileiros por Portugal, como também uma visível relação de enorme ternura entre os dois povos. Como diz no prefácio o Prof. Edivaldo Machado Boaventura, este “é um livro de demonstrada simpatia pelas coisas brasileiras, escrito pelas ressonâncias da descoberta pessoal do Brasil com a pena da admiração intelectual”, concluindo “os achados do professor Rebelo … são tanto geografia como poesia”.
De facto, a sensibilidade cultural do autor ou, melhor, dos autores converteu um livro de viagens num notável exercício de sentimentos e de expressões da fraternidade luso-brasileira, que pouco ou nada têm a ver com a tradicional retórica jogada nos tabuleiros da política ou da diplomacia. É uma fraternidade que é laço entre pessoas de carne e osso, que assenta na mútua compreensão humana, que se reforça por uma riquíssima história comum, partilhada pelas elites e pelo povo miúdo dos dois países ao longo de cinco séculos, e que se volta hoje para o futuro perscrutando os caminhos da história universal e da história dos povos de língua portuguesa, com a consciência crescente da importância da nossa cultura comum para a humanidade que aí vem chegando, dia após dia.

2. O título exprime de modo feliz e rigoroso o conteúdo significativo do livro. Reúne crónicas publicadas ao longo dos tempos no jornal “As Beiras”, através das quais o autor foi reconstituindo uma viagem cultural através da maior parte dos Estados Federativos do Brasil, desde São Paulo, Estados do Nordeste, Estados do Norte, Distrito Federal e Estados do Centro até aos Estados do Sul. O percurso seguido na obra define o itinerário de uma viagem imaginária, como nos diz o autor, reconstruída a partir de nove viagens reais que, entre 1996 e 2005, em férias ou ao serviço da Universidade, realizou por todas as terras de que nos fala. É seu desejo confesso “mostrar um Brasil que o encantou e que é pouco conhecido em Portugal”, sem deixar de referir pormenores observados nos 16 Estados que foi visitando.
O tema permanente é o homem brasileiro, que “fala o português com açúcar”, que veio das sete partidas do Mundo, ora conversador e aventureiro (José do Dão, em Olinda), ora personalidade das histórias de Portugal e do Brasil (como José Bonifácio de Andrada e Silva), ora motorista e cicerone ou guia (que nos aparece sob vários tipos e em muitas cidades), ora poeta e artista (como Vinícius, Jobim, o bar, o cafezinho e a “garota de Ipanema”), ora cônsul honorário de Portugal (afinal um antigo camarada de armas do autor), ora naturais de Coimbra (como o proprietário de campos de arroz em Pelotas ou a empregada de joalharia no Rio de Janeiro), ora guia poliglota (como o da viagem pelo rio Amazonas), ora o motorista que se recusa a ser guia (como o que levou o casal ao Jardim Zoológico de Manaus, administrado por militares, por ter sofrido sérios agravos durante a ditadura, ou como o do Rio de Janeiro, que, sensível à “matança dos meninos”, não quis aproximar-se da Igreja da Candelária, e, depois, confiou a um amigo a função de guia na visita ao Maracanã e ao “balneário de Pélé”); ora eclesiástico ilustre de origem portuguesa (como o Bispo de Belém do Pará) …
As paisagens e as cidades, muitas vezes, surgem-nos como relevantes na pena do geógrafo por serem espaços povoados de pessoas e de protagonistas de uma história concreta, que é enunciada em traços breves mas sugestivos. Até as características económicas duma região nos vêm enredadas, aqui e ali, numa humanidade, mais ou menos simpática (os barões da borracha, os barões do café, os barões da carne, a “pequena Madeira”, os gaúchos, os açorianos de Florianópolis). Outra nota interessante é a frequente comparação, nomeadamente geográfica, de cidades e terras do Brasil com cidades e terras de Portugal (Pelotas com Aveiro, Espinho ou Figueira da Foz, porque aí se seca a carne de bovino do mesmo modo como nestas nossas terras se seca ou secava o bacalhau). Poderia destacar muitas coisas mais: a caracterização de Belo Horizonte, a 3ª cidade do Brasil, como cidade de características europeias e portuguesas; Congonhas do Campo e a sua religiosidade próxima da do Norte de Portugal; Ouro Preto, a capital imperial, depositária das obras do “Aleijadinho” e de igrejas barrocas recheadas de talha dourada e, desde 1980, Património Cultural da Humanidade; a descrição de Brasília e homenagem aos “Candangos” concretizada na Praça dos Três Poderes; a qualificação de Manaus, como sítio cuja visita é “para um geógrafo a realização do seu maior sonho profissional”; a viagem de avião entre Brasília e Manaus e o discurso, apesar de tudo positivo e optimista, sobre o estado de coisas naquele “inferno verde”: Manaus é “uma grande cidade no meio de uma enorme floresta ”sempre verde”, “ombrófila”, “equatorial”, cercada de floresta e de água por todos os lados, “uma floresta fortemente atacada pelo homem nos seus limites” mas onde a clareira “não destruiu tudo”, e que ”cresce harmoniosamente deixando belos espaços florestais” (como mostra o Parque do Mindu)…





3. O geógrafo foi quem mais escreveu no livro e que sempre o fez aparentemente empenhado na procura da alma das cidades. O reitor, esse falou menos, mas não deixou de promover a sua Universidade junto do meio universitário brasileiro e de participar em acções de excelente nível com muitas e grandes universidades do Brasil. Neste aspecto, o livro prossegue a linha trilhada por obras do autor anteriores a esta, publicadas em Coimbra, mas sem deixar de lhe aditar notas pessoais interessantes sobre muitas figuras de prestígio das universidades brasileiras.

4. No prefácio Edivaldo Boaventura lembrou a propósito, muito justamente, a Viagem à Itália de Goethe, ele aliás também geógrafo. A mim foram-me acudindo ao espírito, à medida que prosseguia a leitura, o livro do célebre jornalista Raymond Cartier, As quarenta e oito Américas, sobre uma sua peregrinação através dos EUA, que li e de que muito gostei nos meus tempos de estudante, o volume de Erico Veríssimo, Gato Preto em Campo de Neve (1941), que regista as impressões do grande escritor brasileiro durante a viagem que fez como conferencista pelas universidades americanas durante três meses, e a obra do intelectual português Fidelino de Figueiredo, Ideias de Paz (1966), também ele um apaixonado pelo Brasil e geógrafo licenciado pela Faculdade de Letras, que nela regista reflexões de uma sua viagem aos Estados Unidos já nos fins da vida.
Mas a maior evocação que me veio ao espírito está no recente ensaio de George Steiner A Ideia de Europa (Gradiva, 2006), nos pontos em que o filósofo trata no seu discurso do axioma segundo o qual a Europa foi e é percorrida a pé, explicitando que “os homens e as mulheres europeus percorrem a pé os seus mapas, de lugarejo em lugarejo, de aldeia em aldeia, de cidade em cidade. O mais das vezes, as distâncias têm uma escala humana, podem ser dominadas pelo viajante que se desloque a pé, pelo peregrino até Compostela, pelo promeneur, seja ele solitaire ou gregário”.

5. Não posso deixar de registar, por fim, o profundo respeito e simpatia que Fernando Rebelo manifesta quando evoca, em diferentes passos, os Mestres da Escola de Geografia de Coimbra já falecidos ─ os professores Doutores Amorim Girão, Fernandes Martins e Pereira de Oliveira. É uma atitude que revela laços cuja continuidade constitui sinal e símbolo da excelência humana das escolas que formam o corpo e a alma da Universidade de Coimbra…

António Barbosa de Melo
24 de Outubro de 2006

segunda-feira, outubro 23, 2006

Edições MinervaCoimbra lançam obra sobre João Chagas



Da autoria de Noémia Malva Novais, as Edições MinervaCoimbra promoveram a sessão de lançamento da obra “João Chagas. A diplomacia e a guerra (1914-1918)”, integrada na Colecção Minerva História, dirigida por Luís Reis Torgal. O livro é fruto da dissertação de mestrado da autora, orientada por Amadeu Carvalho Homem, e foi distinguida com a 1.ª Menção Especial do Prémio Aristides Sousa Mendes atribuído pela Associação Sindical dos Diplomatas Portugueses.





A apresentação da obra esteve a cargo de António Reis, professor auxiliar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, para quem esta é uma obra importante para a historiografia e para a cultura portuguesas, por três razões fundamentais.






“Em primeiro lugar, pela personagem histórica escolhida que ainda não foi até hoje objecto de uma verdadeira investigação académica historiográfica”, justificou, adiantando que “este é o primeiro sólido contributo da historiografia portuguesa contemporânea para o estudo da personalidade de João Chagas”.
Em segundo lugar esta é uma obra importante pela complexidade da problemática histórica abordada. “A participação de Portugal na Grande Guerra suscitou nos últimos quinze anos, um bom número de interrogações da parte da historiografia contemporânea e, felizmente, continua a suscitar”, afirmou ainda António Reis. “É um tema chave, um tema grande, para a nossa historiografia”. Finalmente, importa salientar “a qualidade e originalidade do trabalho de investigação realizado pela autora”.







Em “João Chagas. A diplomacia e a guerra (1914-1918)” Noémia Malva Novais aborda a problemática da participação de Portugal na Guerra que assolou a Europa entre 1914 e 1918, bem como na Conferência da Paz que, entre Janeiro e Junho de 1919, decorreu em Paris.
A obra apresenta as teses intervencionista e anti-intervencionista que se defrontaram na hora de decidir sobre a ida de Portugal à guerra, clarificando que para os “guerristas” estavam fundamentalmente em causa a sobrevivência da Nação, o reforço do prestígio internacional da República, a ameaça espanhola e a defesa do património colonial português – há muito ameaçado, especialmente pela avidez da Inglaterra e da Alemanha. João Chagas assume-se, neste contexto, como um dos defensores mais radicais da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial – o seu motor de arranque –, pelo que, no momento da partilha dos benefícios entre os participantes no conflito, sobrevive, através dele, a memória de um Portugal injustiçado, porém, em certa medida, co-responsável por essa injustiça.


domingo, outubro 22, 2006

O Indeciso

As Edições MinervaCoimbra acabam de editar o segundo volume da Colecção de Teatro Austríaco. Trata-se da obra "O Indeciso. Comédia em três Actos", de Hugo von Hofmannsthal, com versão portuguesa, introduçã0 e notas de LUDWIG SCHEIDL.





Hugo von Hofmannsthal impôs-se muito cedo como poeta e autor de dramas líricos, com a marca do Simbolismo, do Esteticismo e do Impressio­nismo: a musicalidade da sua linguagem poética é uma das principais características deste poeta do decadentismo finissecular.
Em “O Indeciso” a figura central – o recém desmobilizado conde Hans Karl Bühl – mantém os seus hábitos aristocráticos num período histórico de grandes mudanças. Este anacronismo só pode aceitar-se pela confiança e simpatia que o protagonista inspira.
Um aspecto a ter em conta nesta comédia de carácter são as imprecisões históricas que estruturam o texto. Referimos algumas datas – 1912, 1914, 1917 – que referenciam o decurso da I Guerra: a desmobilização do protagonista é uma consequência de ter ficado soterrado, juntamente com o seu pelotão, algures nas trincheiras. O drama decorre em 1917, mas é sugerido que a guerra terminou e que se mantêm as antigas estruturas políticas do velho Império, como seja a manutenção das duas Câmaras parlamentares. A verdade é que no final da guerra (Nov. 1918) se dá o colapso e o desmembramento do Império: na Áustria é proclamada a República e a nova Constituição prevê a abolição da nobreza e a proibição expressa do uso de títulos nobiliárquicos.
A acção centra-se na figura de Hans Karl: benévolo e indeciso é deste aspecto da sua personalidade de que todos se querem aproveitar.


Hugo von Hofmannsthal - TÁBUA CRONOLÓGICA
1874 - 1 de Fevereiro: Nascimento de Hugo Laurenz August Hofmann, Edler von Hofmannsthal
1884-1892 - Frequência do Liceu Académico de Viena
1890 - Estreito contacto com o círculo literário do Café Griensteidl (Jovem Viena). Encontros regulares com Arthur Schnitzler, Richard Beer-Hofmann, Felix Salten e Hermann Bahr. Primeiro encontro com Stefan George. Publicação do drama-lírico Gestern (Ontem)
A poesia lírica de Hofmannsthal é composta entre 1891 a 1901.
Os dramas líricos são desta fase poética, de que igualmente destacamos pequenos esboços em prosa e novelas, com os seguintes títulos: Das Märchen der 672. Nacht (1894), Reitergschichte (1898), Das Erlebnis dês Marschalls Bassompierre (1900) e ainda o fragmento do romance Andreas oder Die Vereinigten (1911-18)
1892 - Segundo encontro com Stefan George. Colaboração com a revista esteticista Blätter für die Kunst (publicação de Der Tod des Tizian/A Morte de Ticiano)
1893 - Conclusão de Der Tor und der Tod (O Louco e a Morte)
1894-1895 - Serviço militar
1897 - Publicação dos dramas líricos, Das Kleine Welttheater (O Pequeno Teatro do Mundo), Die Frau im Fenster (A mulher na janela), Der weisse Fächer (O leque branco), Die Hochzeit der Sobeide (O casamento de Sobeide), Der Kaiser und die Hexe (O Imperador e a Bruxa)
1899 - Publicação de Der Tor und der Tod
1900 - Estadia em Paris. Contactos com Maeterlinck, Rodin e Richard Strauss
1900-1901 - Dissertação de doutoramento (Universidade de Viena): Studie über die Entwicklung des Dichters Victor Hugo (Um Estudo sobre a evolução do Poeta Victor Hugo)
1901 - Planos de trabalho: Calderon - La vida es sueño
1902 - Publicação de Ein Brief (Uma Carta, assinada por Lord Chandos): “Esta é a carta que Philipp Lord Chandos, o filho mais novo do Earl of Bath escreveu a Francis Bacon, mais tarde Lord Verulam e Viscount Albans, para se desculpar junto deste amigo pela completa renúncia à actividade literária… Resumindo, o meu caso é o seguinte: perdi por completo a capaci¬dade de pensar ou de falar sobre qualquer coisa com nexo (…) as palavras abstractas, de que a linguagem se tem necessariamente de servir para apresentar um testemunho, desfaziam-se na minha boca como cogumelos bolorentos”
1903 - 3 de Outubro: Estreia em Berlim de Elektra (encenação de Max Reinhardt)
1906 - Março: rompimento com Stefan George. Estadia em Berlim: encontro com Richard Srauss. Primeira versão em prosa de Jedermann (Todo-o-Mundo)
1907 - Primeira versão do romance Andreas. Publicação de Die Gesammelten Gedichte (Poesias Completas), Kleine Dramen (Pequenos Dramas, em dois volumes) e Die Prosaischen Schriften Gesammelt (Escritos em Prosa, em dois volumes)
1908 - Estreia de Der Tor und der Tod
1910 - Conclusão de Der Rosenkavalier (O Cavaleiro da Rosa)
1911 - Estreia em Dresden de Der Rosenkavalier. Estreia em Berlim de Jedermann; primeira publicação integral do texto pela editora S. Fischer
1914 - 26 de Julho: mobilização geral. Setembro: primeiros escritos políticos e sobre a guerra
1916 - Primeiros apontamento de Ad me ipsum. Estudo sistemático de Molière: “Foi marido, director de teatro, ludibriado, cómico; a verdade é que era indizivelmente solitário, mas, claro está, continuamente entre amigos, cercado do ódio de literatos incapazes, maus actores, cortesãos insolentes, intriguistas hipócritas. Mas era uma cabeça profunda, uma das cabeças mais profundas e fortes do seu século, não, de todos os séculos. (…) Inclinamo-nos com respeito perante (…) o mais válido representante de uma das grandes nações da Europa”
1917 - Publicação do terceiro volume de Die Prosaischen Schriften Gesammelt (Escritos em Prosa)
1918 - Estudo sistemático de Calderon de la Barca
1919 - 10 de Outubro: Estreia em Viena de Die Frau ohne Schatten
1920 - 22 de Agosto: início dos Festivais de Salzburgo com a representação de Jedermann (Todo-o-Mundo)
Breve transcrição de um artigo (sob a forma de entrevista) sobre a instituição dos Festivais:
– “Quereis limitar-vos ao público alemão?
– Temos a esperança que os nacionais de outros países venham até nós procurar o que não será fácil encontrar noutras partes do mundo.
– Já que se trata de Festivais, porquê Salzburg?
– A etnia bávaro-austríaca foi desde sempre o suporte da capacidade teatral de entre todos os povos alemães. Tudo o que vive no palco alemão radica aqui, tanto o elemento poético, como o elemento cénico (…).
– Não contribuem mais para o conhecimento mútuo das nações dezenas de milhar de quilómetros de caminhos de ferro, do que todos os teatros e bibliotecas do mundo? Pelo contrário: os caminhos de ferro tornam os homens desconhecidos uns dos outros. As nações devem conhecer-se mutuamente no que nelas é supremo e não no seu trivial”
1921 - 8 de Novembro: Estreia em Munique da Comédia Der Schwierige (O Indeciso)
1922 - Estreia em Salzburgo (Kollegienkiche) de Das Salzburger Grosse Welttheater (O Grande Teatro do Mundo de Salzburgo)
1923 - 16 de Março: Estreia em Viena de Der Unbestechliche (O Incorrupto)
1924 - Conclusão da primeira versão da tragédia Der Turm (A Torre)
1925 - Publicação de Gesammelte Werke (Obras Completas) em seis volumes
1926 - Representação do prólogo para a peça Baal de B. Brecht
1927 - Planos para Arabella
Publicações: Das Schrifttum als geistiger Raum der Nation, Wert und Ehre deutscher Sprache, Der Turm (A Torre, nova versão)
1928 - 4 de Fevereiro: estreia em Munique e Hamburgo de Der Turm (nova versão)
6 de Junho: Estreia em Dresden de Die ägyptische Helena (A Helena no Egipto)
1929 - Conclusão de Arabella 15 de Julho: morte de Hugo von Hofmannsthal
1949 - Início da publicação das Obras Completas de Hugo von Hofmannsthal: Gesammelte Schriften in Einzelausgaben (Hrsg. Herbett Steiner), Bermann-Fischer, Stockholm, S. Fischer, Frankfurt am Main




O primeiro volume da Colecção de Teatro Austríaco é a obra "Suave Ira ou O Maquinista dos Ouvidos. Uma Sonata Teatral", de Gert Jonke, com versão portuguesa, introdução e notas de LUDWIG SCHEIDL.

Fundamentos da Anestesia em Ortopedia


Realizou-se ontem, no Grande Hotel do Luso, no âmbito do Simpósio Tempo do Interno, o lançamento da obra “Fundamentos da Anestesia em Ortopedia”, da autoria de José Martins Nunes e colaboradores.



A apresentação esteve a cargo de Lucindo Ormond, Presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesia, e Jorge Reis, Presidente do Colégio da Especialidade de Anestesiologia.

Participaram ainda o Presidente do Conselho de Administração dos HUC, Agostinho Almeida Santos, que presidiu à sessão, e Aquiles Gonçalves, que leu uma mensagem enviada por Carlos Parsloe.






Este livro foi editado pelo Serviço de Anestesiologia dos HUC e tem distribuição das Edições MinervaCoimbra.









"Em 2001, a edição “Anestesia em Ortopedia” iniciava o texto introdutório com as seguintes palavras da autoria do então Director do Serviço Dr. A. Lopes Craveiro:
“Na época actual, a evolução das técnicas cirúrgicas na resolução de casos até há pouco tidos como insolúveis é uma esperança no prolongar da vida. A grande quota-parte nesta evolução, deve-se sem dúvida à Anestesia, criando as condições necessárias para o seu êxito”.

Estas palavras permanecem verdadeiras. A Anestesiologia continuou o reforço do conhecimento na Medicina Anestésica o que permitiu o desenvolvimento e incremento da sua actividade. Surgiram entretanto novos medicamentos, novas possibilidades e novos instrumentos de actuação. Diria que esta especialidade é “central” na actividade hospitalar, dando simultaneamente e diariamente o seu contributo nas áreas mais diversificadas: anestesia fora do bloco, tratamento da dor aguda, tratamento da dor crónica, emergência para além de toda a actividade anestésica no Bloco Operatório.

Mais de 70% desta edição é nova ou foi profundamente revista. Introduzimos também novos textos sobre áreas conexas à prática clínica, como sejam os temas jurídicos, éticos e de gestão. Fizemo-lo com a convicção de que o conhecimento nesta área pode constituir uma “alavancagem” na prática clínica diária. Vivemos momentos de grande incerteza, onde o conhecimento pode fazer a diferença. A procura de novas soluções no contexto da inovação e no quadro da globalização, exige aos Médicos – no caso aos Anestesiologistas - competências que até agora não faziam parte das suas preocupações.

Por tudo isto preferimos mudar o título do livro em relação à primeira edição, para “Fundamentos da Anestesia em Ortopedia”, criando um novo capítulo para áreas não científicas.

Nos dias de hoje as tarefas profissionais e pessoais diminuem irremediavelmente o tempo disponível ao lazer e à serenidade de reflexão. Entendemos que ao escrever sobre um tema tão específico como a Anestesia em Ortopedia, teríamos de nos obrigar a que o mesmo fosse compensado pela facilidade da leitura e pela lógica da compreensão. Tentámos, mas só o leitor saberá se conseguimos dar ao texto uma morfologia simplificada, na sempre difícil conciliação entre o rigor da Ciência e os propósitos da prática clínica.

Como referimos na Edição anterior “…o tema (…) pretende assim, ser uma leitura auxiliar na formação, e simultaneamente ponto de reflexão para todos os que se interessam por esta área.”

“Fundamentos da Anestesia em Ortopedia”, só foi possível porque pudemos contar com a colaboração e entusiasmo de uma vasta equipa de Anestesiologistas e de Internos da especialidade e o incentivo do Prof. Carlos Parsloe que, de cada vez que lhe enviávamos um texto para apreciação, tinha uma palavra de encorajamento, o, que nos obrigou a ficar comprometidos com uma versão final bastante ampliada.

Em meu nome pessoal e em nome de todos os co-autores deste livro, quero transmitir o meu profundo agradecimento ao Prof. Carlos P. Parsloe, Ex-Presidente da WFSA - Federação Mundial das Sociedades de Anestesiologia - pelo entusiasmo com que nos contagiou na produção dos temas e a honra que nos concedeu ao prefaciar esta obra. Conhecemos o Prof. Carlos Parsloe em 1992, em Lisboa, durante o Congresso Luso-Brasileiro de Anestesiologia. Nunca mais nos quisemos distanciar desta insigne figura, discípulo de Ralph M. Waters e uma referência Mundial da Anestesia Moderna".

José Martins Nunes
Chefe de Serviço, Director do Serviço de Anestesiologia
e Coordenador do Bloco Operatório Central dos Hospitais da Universidade de Coimbra







José Martins Nunes nasceu em Faro em 1950, onde concluiu os estudos Liceais. Ingressou em 1969 na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, tendo-se licenciado em 1975.

Frequentou o Internato de Anestesiologia nos Hospitais da Universidade de Coimbra, tendo ingressado nos respectivos quadros em 1984. Estagiou em Bordéus – Tripode Portman – e Barcelona – Clarós. De 1993 a 2004 dedicou-se à Anestesia para Ortopedia. Foi coordenador do Gabinete do Utente dos HUC de 2002 a 2004. Chefe de Serviço de Anestesiologia desde 2003. Director do Serviço de Anestesiologia e Coordenador do Bloco Operatório Central desde 2005. Director Clínico Adjunto em 1990 e 1991, Secretário de Estado da Saúde do XII Governo Constitucional em 1991, 1992 e 1993. Representante da Presidência do Conselho de Ministros – Ministro-adjunto – na Comissão para Instalação do Observatório Europeu da Droga em 1994 e 1995. Assessor do Conselho de Administração dos HUC de 2003 a 2005. Colaborador da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia em diversas iniciativas, tendo coordenado o “Grupo de Missão para a Modernização da Anestesiologia Portuguesa”. Membro efectivo eleito do Colégio da Especialidade de Anestesiologia e Coordenador do Colégio na Zona Centro, desde 2006.

Apresentou e publicou diversos trabalhos científicos em Congressos e Revistas em Portugal e no Estrangeiro, tendo merecido por duas vezes prémios da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia.

Escreveu as obras: “Uma visão Política, Ética e Social da Reprodução Medicamente Assistida”, Edição do Ministério da Saúde, 1992; “Da essência dos princípios à excelência da decisão”, Edição do Autor, 1994. Editou e publicou o livro “Anestesia em Ortopedia – 2001” coordenando uma vasta equipa de autores. “Anestesia – Contributos para a História da Anestesiologia” Edição do Autor, 2005.