quarta-feira, novembro 28, 2007

O Stress na vida de todos os dias de Adriano Vaz Serra



Sendo responsáveis pela sua distribuição,
as Edições MinervaCoimbra têm já disponível
a 3.ª edição revista e aumentada da obra
"O Stress na vida de todos os dias",
da autoria de Adriano Vaz Serra.

No presente livro o autor convida o leitor a percorrer os diversos caminhos do stress. Na parte introdutória refere-se à sua definição, descreve as circunstâncias que o induzem, as características que levam um indivíduo a sentir-se em stress e a importância do apoio social como factor atenuante. De seguida salienta as alterações que determina no indivíduo, a nível biológico, do pensamento, das emoções e do comportamento observável. Menciona a associação que se pode estabelecer entre stress, doença física e psíquica. A partir daí relata situações específicas de stress, a que se dá actualmente grande importância, tais como o stress no trabalho, os comportamentos de mobbing no local de trabalho, o stress nos profissionais de saúde e na família. Os últimos capítulos são dedicados ao tratamento do stress.

Se tiver a curiosidade de folhear as diversas páginas do livro pode verificar que nele são citados inúmeros exemplos que facilitam a clarificação do texto. São igualmente apresentados quadros e figuras que ajudam a sintetisar a exposição.

Em suma: é um livro abrangente, que aborda o stress nas suas numerosas facetas e que procura responder às dúvidas específicas que qualquer pessoa possa ter. Atendendo a estas características cremos que é, verdadeiramente, um livro para si!
O autor é Professor Catedrático de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e Director da Clínica Psiquiátrica dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
Tem 195 trabalhos científicos e capítulos publicados em livros, alguns deles em revistas internacionais. As suas áreas preferenciais de investigação são o stress, depressões, transtornos mediados pela ansiedade e construção de escalas de avaliação clínica. Em Junho de 1992 foi convidado pela Organização Mundial de Saúde, como “Consultor Temporário”, para participar numa reunião internacional sobre “Approaches to stress management in the community setting”, realizada na cidade de Praga.
Tem produzido trabalhos inovadores na construção de instrumentos de avaliação psicológica e psicopatológica. Em Abril de 1995 foi distinguido pela Associação dos Psicólogos Portugueses com o “Prémio APPORT de Reconhecimento” pelo trabalho desenvolvido na construção de escalas de avaliação. As escalas originais que criou denominam-se: “Inventário Clínico de Auto-Conceito” (1985), “Inventário de Resolução de Problemas” (1987), Inventário de Avaliação Clínica da Depressão (IACLIDE, 1994), Escala de Avaliação de uma Personalidade Dependente (INDEP, 1996) e 23 QVS (2000). Esta última é uma escala que se destina a avaliar a vulnerabilidade ao stress e que se tem revelado muito eficaz na discriminação de determinadas situações psicopatológicas.

O autor foi o primeiro Presidente da Direcção do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos quando esta instituição organizou os Colégios das Especialidades, tendo o seu mandato decorrido por 3 anos, a partir de 1978. Em 1994 foi o primeiro Presidente eleito da Direcção do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos. Exerceu, durante três mandatos, o cargo de Presidente da Assembleia-geral da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos.

Pertence a diversas sociedades científicas. Foi membro fundador da “Associação Portuguesa de Terapia do Comportamento”, tendo sido seu Presidente de 1989 a 1992. Entre Setembro de 1991 e Setembro de 1992 foi Presidente da “Associação Europeia de Terapia do Comportamento”. É membro fundador da Associação de Língua Portuguesa para o Estudo do Stress Traumático. É membro fundador da Associação de Saúde Mental de Língua Portuguesa. É membro honorário da “Associação de Psiquiatria Biológica” tendo sido Presidente desta associação entre 1997/99. Actualmente é Presidente da Sociedade de Psiquiatria e Saúde Mental.

Em 2003 publicou um livro sobre “O Distúrbio de Stress Pós-Traumático”.

A DIABETES - Epidemia do século XXI



A Livraria Minerva promoveu mais uma sessão das Terças-Feiras de Minerva, desta feita dedicada ao tema da Diabetes, no âmbito da passagem de mais uma Dia Mundial da Diabetes, a 14 de Novembro.

A sessão esteve a cargo de Manuela Carvalheiro, Directora do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo dos Hospitais da Universidade de Coimbra, que alertou para o facto de cerca de 10% dos portugueses serem diabéticos.

A diabetes, referiu a especialista, é a epidemia do século XXI, juntamente com a obesidade, à qual, aliás, está muitas vezes associada. “Morrem mais pessoas em todo o mundo de diabetes do que de sida”, salientou Manuela Carvalheiro.

O sedentarismo, o excesso de peso e a crescente falta de cuidado com a alimentação são três das principais causas para o surgimento e crescimento da doença nas últimas décadas, especialmente em crianças.

O crescimento anual da diabetes tipo 1 é, nas crianças, de 3%, aumentando nas idades pré-escolares para 5%. Estima-se que, anualmente, 70.000 crianças abaixo dos 5 anos desenvolvam diabetes tipo 1, o que significa 200 crianças/dia. Das 440.000 crianças com idade igual ou inferior a 14 anos, estimam-se que, 25% residam no continente Asiático e 20% na Europa.

Pensa-se também que a incidência global da diabetes tipo 2 nas crianças, situação até há poucos anos apenas existente na idade adulta, poderá aumentar 50% nos próximos 15 anos, caso não sejam instauradas medidas de prevenção, como modificações no estilo de vida, promoção de uma alimentação saudável e aumento da actividade física.

Em 2007, em todo o mundo, mais de 246 milhões de pessoas sabem ser diabéticas (6% da população mundial dos 20 aos 79 anos), estimando-se que em 2025 mais de 380 milhões terão diabetes (7,3%). Por outro lado, em 2007 mais de 308 milhões sabem ter uma diminuição da tolerância à glicose — situação de hiperglicemia intermédia entre o normal e a diabetes — e prevê-se que em 2025 mais de 418 milhões venham a saber ter esta situação.

A sessão contou com a presença de Carlos Costa Almeida, cirurgião vascular no Hospital Geral do Centro Hospitalar de Coimbra (Hospital dos Covões), autor e coordenador do livro "Pé Diabético. Recomendações para o diagnóstico, profilaxia e tratamento", editado pelas Edições MinervaCoimbra.


PÉ DIABÉTICO
Recomendações para o diagnóstico, profilaxia e tratamento
Carlos Costa Almeida
Cirurgião geral e vascular; Director de Serviço do Centro Hospitalar de Coimbra; Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; Regente da Cadeira de Cirurgia Vascular

Álvaro Pratas Balhau
Cirurgião geral e vascular; Assistente Graduado do Hospital de Santa Maria Maior (Barcelos)

Carlos Pereira Alves
Cirurgião geral e vascular; Director de Serviço do Hospital dos Capuchos (Lisboa); Professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa

José Neves
Cirurgião geral e vascular; Assistente Graduado do Hospital dos Capuchos (Lisboa)

Mateus Amado Mendes
Cirurgião geral; Director de Serviço do Hospital de Santo André (Leiria)Luís Filipe Pinheiro
Cirurgião geral; Chefe de Serviço do Hospital de S. Teotónio (Viseu)

Aida Paulino
Cirurgiã geral; Assistente Hospitalar do Hospital Amato Lusitano (Castelo Branco)

Estas recomendações sobre Pé Diabético destinam-se a todos – médicos, enfermeiros, podologistas, fisioterapeutas – que lidam no seu dia a dia profissional com este flagelo social, bem como aos próprios doentes diabéticos.
São recomendações objectivas, de carácter essencialmente prático, respostas a perguntas muitas vezes feitas, mas assentes em algumas páginas de natureza teórica sobre a diabetes e a fisiopatologia desta sua complicação. Num pequeno texto pretende-se dar uma visão global, concisa mas eficaz, do problema tal como ele é visto pelos autores no momento actual.

Miguel Barbosa na Minerva




A Galeria Minerva tem patente uma exposição de Pintura de Miguel Barbosa.

A mostra poderá ser visitada até 18 de Dezembro, de segunda a sábado, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 20h00.

Por ocasião da inauguração da exposição, realizou-se também o lançamento do livro de poesia de Miguel Barbosa, intulado "Mitomania Poética", que foi apresentado por José Ribeiro Ferreiro.

MITOMANIA POÉTICA de Miguel Barbosa

todos os dias
acontece um Big Bang
dentro de nós
há que compreender a mensagem
que representa para a consciência da humanidade
antes que o pó da tragédia
a dissolva em palavras

O Big Bang interior que mostra o interesse insaciável e transformação interior que pode tornar-se em pó dissolvida em palavras.
Este tema do Big Bang aproveita-o para uma crítica ao tirano que, demagogicamente, de tudo lança mãos para se exaltar:

um tirano
julgando que o Big Bang
acontecera só por sua causa
começou a explodir demagogia pelos poros
enchendo a alma do povo de excrementos
a que chamou justiça
e amor à humanidade
ao meter a utopia num campo de concentração
de ideias

Estes dois poemas – onde se fala e critica a utilização indevida dela se faz – põem em realce outro tema do livro: o poder da palavra, em evidência inclusive por dar título e uma parte da colectânea. Se pode ser a revelação da palavra descoberta pela criança na gota do leite materno (p. 34), é também a lixeira das palavras (p. 53), são as palavras vãs e o lixo verbal (p. 18), é o tirano que explode «demagogia pelos poros, enchendo a alma do povo de excrementos» (p. 16).
A propósito de crítica aos demagogos e sua utilização indevida da palavra vale a pena ler este epitáfio ao demagogo:

epitáfio
ao demagogo mito
de um importante Ministro
que caiu da tribuna onde perorava
o seu grande amor ao povo
e partindo o nariz gritava que o fazia
por amor à Pátria
e também para mostrar a excelência
dos nossos novos hospitais…

As palavras servem para esconder os anátemas da vergonha ou abafar «a denunciante consciência»:

escondidos os anátemas da vergonha
abafada a denunciante consciência
em meia dúzia de belas imagens
cristalinas palavras
reflexos de uma breve oração
primavera sintetizada em dogmas
ressurgimos tranquilos e felizes
prontos a recomeçar tudo
batendo no peito
como um gorila

Pode, no entanto, haver sempre um homem ou algo que transmita ou dê sentido às palavras — os sacerdotes de Osíris e os hieróglifos:

os sacerdotes escreveram
o nome de Osíris
em hieróglifos na Pedra da Roseta
para que ninguém entendesse
a incongruência da mensagem do deus
não a conseguindo decifrar
mas esqueceram-se que de há sempre um homem
que luta pela verdade

Os poemas acabados de ler colocam-nos outro problema e abrem novo tema: a relação da palavra com a verdade que infelizmente nem sempre coincidem – um grave, velho, e muito moderno ainda, problema, o da comunicação entre as pessoas.
Pode ser o conflito do eu com o outro que cada um tem em si, com o poeta a perguntar-se se pode «perdoar ao inimigo cego e feroz» que vive em si:

poderei um dia perdoar
ao inimigo cego e feroz
que fui de mim próprio
se não o enfrentar
no beco do quarto em que ambos vivemos
ou mais uma vez irei esconder-me
no submundo da consciência
fingindo que somos irmãos no ódio
cúmplices no «gang» do mesmo bairro
e mais uma vez vencido?

Ou então a inautenticidade entre o que verdadeiramente é, a fama de que goza e as honras que lhe tributam:

tinha tudo
dinheiro, poder, o busto nos jardins
e retratos até nas maternidades
de onde saíam as crianças ranhosas
que tinha de beijar na rua
com um enfadado sorriso estudado
para disfarçar o desprezo que sentia
pelas vozes que gritavam o seu nome
e não sabiam o imbecil que ele era

Pode ser a criança que nasce de uma ideia que morre:

na ideia
que morre
há sempre uma criança
que nasce
cresce expande-se e vive
nas mãos do artista que a quer moldar
só para si
sem ver que a patine a envelheceu
e o tempo lentamente a vai apagando

E no final deste poema há de certo modo a impossibilidade de o artista transmitir ou materializar a obra que intuiu – tão bem expressa no mito greco-latino de Orfeu e Eurídice. Perfeitamente anotada neste poema:

A Arte
… é uma festa de todos os dias e o sofrimento de cada
segundo de suor das miragens que as mãos calejadas
do espírito não agarram

E também subjacente no poema em que o artista, no «universo vazio e secreto da solidão», «procura as sementes da eternidade» e a esperança «de redenção pela beleza»:

no universo vazio e secreto
da solidão
o artista procura as sementes
da eternidade
escondida nos escaninhos escuros da imaginação
para tecer na falibilidade da luz da ideia
uma esperança miraculosa de redenção
pela beleza

Talvez por isso, em muitos poemas, aparece expresso o desejo de se aquecer «a alma no frio fogo da saudade»:

entregue ao vento
e à chuva
sempre na sombra da cotovia
que passa
à espera de se enroscar na razão
carente de Sol
aqueceu a alma
no frio fogo da saudade

São muitas as vezes, porém, em que o tema percute a tónica da utilização indevida das palavras ou do seu uso para esconder as falhas ou abafar a verdade.

hoje
direi uma única palavra
em meu desabono
é o sabático dia
da abstinência verbal
mas amanhã
para disfarçar os meus crimes
oratórios
vou usar o teu sagrado nome
ainda por toda a semana

As palavras vãs equiparadas a excrementos corrosivos:

por favor
não ponham os corrosivos excrementos
das palavras vãs
à porta de minha casa
e não venham dizer
que o lixo verbal é meu
sou só um injustiçado advérbio
que nunca se desfaz das ilusões
pensando sobreviver na eternidade
da razão perdida

Mas pode ser apenas uma parte da palavra – o «corpo de uma sílaba vazio de conteúdo»:

o bafo
do corpo de uma sílaba vazia de conteúdo
é o grito de lava
de uma catedral submersa
no silêncio
da razão deturpada
pela liturgia do amor egoísta da solidão

Daí que o poeta precise de «ter uma eternidade limpa / das privadas lixeiras» das palavras e do silêncio que é o «mito das palavras que a oração afasta»:

o poeta
precisa de pedir ao espaço
o equivalente às dezasseis milhas de mar
para ter uma eternidade limpa
das privadas lixeiras atómicas
que as estrumeiras já mal suportam…
o silêncio que é o mito das palavras que a oração afasta

E assim fica caminho aberto para outro tema do livro Mitomania Poética – o da poesia ou poema e do poeta.
Noção de irrealização da poesia de que fica «meia dúzia de palavras inúteis», depois de muito se destruir nos «desejos de triunfos pessoais»:

destruí
uma floresta
para plantar éclogas nas fábulas
desejos de triunfos pessoais
valeu a pena sacrificar a Natureza
se de tudo ficou só meia dúzia
de pungentes palavras inúteis?


terça-feira, novembro 27, 2007

Ana Martins visita escolas de Coimbra a propósito do livro "O Nono Brasão"




Ana Martins, a autora de "O NONO BRASÃO", das Edições MinervaCoimbra, estará em Coimbra no próximo dia 29 de Novembro para conversar com alunos de escolas locais.

Assim, pelas 10h30, a jovem autora estará no Agrupamento de Escolas de Taveiro e, pelas 15h00, tem encontro marcado com os alunos da Escola Secundária Quinta das Flores.

Ana Pedroso de Lima Martins, uma jovem de 14 anos, é a autora do primeiro volume da nova "Colecção Geração21" e a mais jovem autora da MinervaCoimbra.

Nasceu em Outubro de 1992, em Lisboa, onde vive.

Começou a escrever "O NONO BRASÃO" com 12 anos e terminou-o um pouco antes de fazer 14.

"Quando, ao procurar um tesouro para levar para a escola e surprender os colegas, Miguel encontra, quase por acidente, uma colher gigante de ouro maciço, não pode saber que terá acesso a um mundo repleto de magia e mistério, pronto a ser explorado por ele e por mia, uma curiosa rapariga que rapidamente se torna sua amiga e companheira nesta aventura".


"Geração21"

A colecção "Geração21" nasce como resposta aos jovens talentos que foram surgindo naturalmente, na nossa editora, com propostas de publicação.
A faixa etária dos jovens autores da Colecção Geração21, engloba-se entre os 12 e os 21 anos. Os requisitos essenciais são a estruturação dos temas, a criatividade e a qualidade dos textos. À semelhança de outras colecções, a selecção é feita por um conselho editorial e os textos são revistos e corrigidos por professores de língua portuguesa.
Especificamente, esta colecção terá como coordenadores dois jovens: um de 21 anos e outro de 25. Cabe-lhes a eles, numa primeira abordagem, ajuizar do interesse ou não dos textos apresentados.
O objectivo desta colecção é fazer com que os nossos jovens, ao verem o exemplo de outros, da mesma idade, que ousaram comunicar através da escrita, dando largas à sua criatividade, o façam também. Acreditamos que este projecto possa ser um incentivo à leitura e à escrita.
Estamos a falar de jovens que escrevem para jovens. Ou seja,alguém da mesma idade que comunica através dos mesmos códigos. Esses códigos serão, entre outros, os termos utilizados, a linguagem, as mesmas esperanças, as mesmas ânsias e os mesmos receios.
Os Editores
Isabel de Carvalho Garcia
José Alberto Garcia

quinta-feira, novembro 22, 2007

Diabetes: uma epidemia global


No âmbito do Dia Mundial da Diabetes, a Livraria Minerva promove no próximo dia 27 de Novembro mais uma sessão das Terças-Feiras de Minerva, desta vez subordinada ao tema "Diabetes: uma epidemia global" e com a presença da Prof.ª Doutora Manuela Carvalheiro, Directora do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo dos Hospitais da Universidade de Coimbra.

A sessão terá início às 18h30, na Livraria Minerva (Rua de Macau 52, Bairro Norton de Matos), em Coimbra. A entrada é livre.
O Dia Mundial da Diabetes foi introduzido pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1991, em consequência do crescimento epidémico da DIABETES no mundo.

Este dia é celebrado em todo o mundo e tem a finalidade de chamar a atenção da sociedade civil, profissionais de saúde, media e poderes económicos e políticos, para o grave problema da diabetes (DM), a nível mundial.

O facto do Dia Mundial da Diabetes se celebrar a 14 de Novembro, deve-se a ser este o dia do nascimento de Frederico Banting que com Carlos Best descobriram a insulina em 1921.

Todos os anos o Dia Mundial da Diabetes propõe um tema a discussão, sendo o de 2007 assim como o de 2008 ”Diabetes nas crianças e adolescentes”.

A escolha do tema tem a ver com o crescimento diabetes tipo 1, que atinge preferencialmente as crianças e adolescentes mas, e acima de tudo, com o crescimento da diabetes tipo 2 neste escalão etário.

Segundo a IDF o crescimento anual da DM tipo 1 é, nas crianças, de 3% aumentando nas idades pré-escolares para 5%. Estima-se que, anualmente, 70.000 crianças abaixo dos 5 anos desenvolvam DM tipo 1, o que significa 200 crianças/dia.

Das 440.000 crianças com idade igual ou inferior a 14 anos, estimam-se que, 25% residam no continente Asiático e 20% na Europa.

Pensa-se que a incidência global da DM tipo 2 nas crianças, situação até há poucos anos apenas existente na idade adulta, poderá aumentar 50% nos próximos 15 anos, caso não sejam instauradas medidas de prevenção (modificações no estilo de vida, como a alimentação saudável e aumento da actividade física).

Nos EUA, calcula-se que, a DM tipo 2 nas crianças representa, em algumas zonas, mais de 43% dos novos casos de DM, e a nível de alguns países, 29% dos casos de diabetes diagnosticada nos adolescentes.

Nos países em vias de desenvolvimento, a esperança de vida das crianças com diabetes tipo 1 é muito curta por falta de insulina, de meios de auto-controlo e acesso a cuidados diferenciados. Nos países desenvolvidos, entre os quais Portugal, tal não acontece, mas a diabetes nem sempre é tratada da forma mais eficaz, o que se traduz pelo aparecimento das complicações micro e macrovasculares, que reduzem a esperança e qualidade de vida.

O tratamento da DM tipo 1 implica a toma de insulina em múltiplas administrações/dia de insulinas rápidas e lentas (Portugal continua a não ter os análogos lentos comparticipados pelo SNS), ou bomba de perfusão de insulina (igualmente não comparticipada pelo SNS), uma educação terapêutica orientada, que implica um auto-controlo glicémico frequente, uma adequação das doses de insulina à ingestão alimentar (contagem dos equivalentes isto é insulina vs hidratos de carbono) e uma grande disponibilidade da equipa terapêutica.

No entanto, sem a colaboração do doente e da família, é difícil atingir bons níveis de tratamento e, em consequência da hiperglicemia crónica e continuada, as complicações (a nível de olhos, rim, nervos, coração, cérebro), podem surgir, conduzindo inexoravelmente a situação de incapacidade.

Mas o dia Mundial da Diabetes tem, a partir de 2007 uma outra abrangência, tendo em conta que as Nações Unidas designaram, após a aprovação da Resolução 61/225 em Dezembro de 2006, que o Dia Mundial da Diabetes passaria também a ser o Dia das Nações Unidas.

A resolução das Nações Unidas, designada por “Unidos pela Diabetes”, reconhece a diabetes como “uma doença crónica, debilitante e dispendiosa, associada a complicações importantes que condicionam diversos riscos para as famílias, países e para todo o mundo”.

A resolução das Nações Unidas foi um reconhecimento do impacto negativo do crescimento da DM a nível mundial, capaz de condicionar uma ameaça para a saúde global, tão séria como as epidemias infecciosas. Esta resolução estabelece uma agenda global de luta contra a pandemia da diabetes e encoraja as nações a desenvolverem políticas nacionais eficazes de prevenção, cuidados e tratamento da DM.

O 1º Fórum Nacional de Diabetes, realizado no passado dia 10 de Novembro no Porto, e que reuniu mais de 700 pessoas entre profissionais de saúde e pessoas com diabetes, insere-se neste movimento.

É importante ter em conta números referentes a esta pandemia (Atlas IDF, 2006):
1. Em 2007 mais de 246 milhões de pessoas sabem ser diabéticas (6% da população mundial dos 20 aos 79 anos);
2. Em 2025 mais de 380 milhões terão diabetes (7,3%);
3. Em 2007 mais de 308 milhões sabem ter uma diminuição da tolerância à glicose (situação de hiperglicemia intermédia entre o normal e a diabetes);
4. Em 2025 mais de 418 milhões sabem ter esta situação.

O crescimento da diabetes a nível mundial deve-se acima de tudo ao aumento do número de pessoas com DM tipo 2 (cerca de 90% de todos os casos de DM) que aumenta em paralelo com o crescimento da obesidade (80 a 90% das pessoas com diabetes tipo 2 são obesas), o que faz destas doenças as pandemias do século XXI. Vários estudos clínicos mostraram que este pipo de diabetes pode ser prevenida.

É nesse sentido que todos organismos internacionais (IDF, OMS e NU), apelam à organização de programas de prevenção que, ao dirigir-se à diabetes, se dirijam também à obesidade e desde logo à prevenção das doenças cárdio-cérebro-vasculares, causa principal de mortalidade nestes grupos de doentes.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Pintura e Poesia de Miguel Barbosa na Minerva



As Edições MinervaCoimbra e a Galeria Minerva promovem no próximo sábado, dia 24 de Novembro, o lançamento de um livro de Poesia e a inauguração de uma exposição de Pintura de Miguel Barbosa.

A obra, intitulada "Mitomania Poética", terá apresentação do Prof. Doutor José Ribeiro Ferreira.

A sessão tem início às 17 horas na Livraria Minerva Galeria, na Rua de Macau 52, ao Bairro Norton de Matos, em Coimbra.



Miguel Artur de Morais e Macedo Alves Barbosa nasceu a 23 de Novembro de 1925, em Lisboa. Licenciado em Ciências Económicas e Financeiras pela Universidade de Lisboa, é escritor, pintor, dramaturgo e poeta.

Com uma vastíssima obra publicada edita em 1955, o seu primeiro livro, Retalhos da Vida, que numa boa parte é retalhado pela censura oficial, então vigente. Em 1962, a RTP apresenta as suas peças “Uma Semana em Madrid”, com encenação de Artur Ramos e “Muro Alto” e “O Segredo dos Springfields”, encenadas por Pedro Martins.

Da sua obra salientamos que, em 1975, textos seus em inglês são utilizados por um pastor protestante, John Norbutt, na recuperação de drogados num gueto de Bronx, em Nova Iorque; Susan Shaffer, Universidade de Los Angeles, California, e Sebastiana Fadda, Universidade de Milão, Itália, apresentam teses de licenciatura sobre o teatro de Miguel Barbosa.

Usa o pseudónimo de Rusty Brown nos vários romances policiais que vê sair. Julie Brooksbank, da Universidade de Birmingham, Inglaterra, faz tese de licenciatura sobra a sua literatura policial. Usa também o pseudónimo de J. Penha Brava como romancista e novelista.
É detentor de vários prémios em Portugal e no estrangeiro.

A sua biografia pode ser consultada em publicações como: International Authors and Writers Who’s Who, 1976 e 1977, ed. Melrose Press, Inglaterra; Men of Achievement, 1976 e 1979, Ed. International Biographical Center, Cambrige, Inglaterra; Who’s Who in Europe, 1981, Ed. Servi-Tech, Bruxelas, Bélgica; Dictionary of International Biography, 1976/1979, Ed. Grand Rivers Book, Inglaterra; Who's Who in the World, 1978 e 1979, Ed. Marquis Inc., Chicago, Illinois, USA; Para o Estudo do Teatro em Portugal, 1964, Ed. Fernando Mendonça, Assis, Brasil (1971); Mester (Revista do Departamento Português e Espanhol), Maio/1978, Ed. Universidade de Los Angeles, California, UCLA, USA; Espasa-Calpe, 1968/1979, Barcelona, Espanha; Grande Dicionário da Literatura e de Teorias Literárias (direcção de João José Cochofel), 1977, Ed. Dr. Luiz Francisco Rebello; La Côte des Arts, 1983, Ed. De la Côte de Arts, Marselha, França e L'Annuaire des Arts, 1984, Ed. Denoèl, Paris, França.

É membro e segundo secretário do Instituto de Sintra, da Academia de Lutèce (Paris) e de Honra dos Artistas de França (St. Étienne). É, ainda, membro correspondente do Grande Prémio da Europa de Artes e Letras do Conselho da Europa e da Société dês Poètes et Artistes de France e pertence como membro do Conselho Fiscal ao Grupo dos Amigos do Museu de Arqueologia de Lisboa. É membro correspondente da União Brasileira de Escritores do Rio de Janeiro, Brasil.

Enquanto pintor, mestre Miguel Barbosa expôs nas sete partidas do mundo e possui vários prémios nacionais e internacionais.

Cartas a Ana de Leonardo


As Edições MinervaCoimbra e o Autor promovem amanhã, dia 20 de Novembro, pelas 17h00, no Anfiteatro da Escola Superior Agrária de Coimbra, uma sessão de apresentação da obra "Cartas a Ana de Leonardo. Breve ensaio sobre epistolografia amorosa", de Edgard Panão.

A apresentação estará a cargo da Dra. Isabel de Carvalho Garcia.

Trata-se da “Saga do seminarista Leonardo” que persistiu, por demasiado tempo, na convicção pessoal de que tinha vocação, quando afinal não a tinha; foi o seu director espiritual que o aconselhou a abandonar, pacificamente, o Seminário Maior de Coimbra; assim o fez, Leonardo e, entretanto, passou à condição de Estudante de Coimbra.

Leonardo conseguiu, felizmente, “endireitar a vida”, mas, a princípio, teve de vencer vários acidentes de percurso no novo caminho de leigo: amores poligamoides de natureza platónica, a encher-lhe o coração quando vazio da solidão; questões apologéticas, novas e quase insólitas; “a vida airada”, meio desprepositada, sem satisfação plena; doenças, complexos, mitos, etc, etc..

Um dia chegou, porém, em que seu coração ficou, firmemente, ancorado num amor forte e ático de uma colega, o que originou estas mais de cem cartas amorosas. E com este amor venceu na vida! Não foi fácil, de tal modo que, ciclicamente, haveria de recorrer às reservas morais e académicas que o Seminário lhe permitiu, durante o Curso de Humanidades amealhar, generosamente, sobretudo nos tempos difíceis de Estudante de Coimbra onde Leonardo e Ana Rita concluíram o Curso de Direito nos meados do século XX.

sábado, novembro 17, 2007

E aqui ficam os primeiros fãs a adquirir o último exemplar de Harry Potter, à meia-noite de quinta-feira...

quarta-feira, novembro 14, 2007

Harry Potter à meia noite na Livraria Minerva




A Livraria Minerva (Rua de Macau 52 ao Bairro Norton de Matos) vai abrir à meia-noite do dia 15 de Novembro para vender o sétimo e último livro da saga Harry Potter.

É neste sétimo volume que Harry Potter irá travar a mais negra e perigosa batalha da sua vida. Dumbledore reservou-lhe uma missão quase impossível – encontrar e destruir os Horcruxes de Voldemort... Nunca, em toda a sua longa série de aventuras, o jovem feiticeiro mais famoso do mundo se sentiu tão só e perante um futuro tão sombrio. Chegou o momento do confronto final – Harry Potter e Lord Voldemort... nenhum pode viver enquanto o outro sobreviver... um dos dois está prestes a acabar para sempre... Os seus destinos estão misteriosamente entrelaçados, mas apenas um sobreviverá...
Numa atmosfera apoteótica e vibrante, J. K. Rowling desvenda-nos, por fim, os segredos mais bem guardados do universo fantástico de Harry Potter e deixa-nos envoltos, talvez para sempre, na sua poderosa magia. Este sétimo volume tem sido considerado pelo público e pela crítica como o melhor de toda a série de Harry Potter.

segunda-feira, novembro 12, 2007

CRÓNICAS DE UM ANTIGO ESTUDANTE DE COIMBRA de JORGE RABAÇA CORDEIRO







As Edições MinervaCoimbra lançaram a obra “Crónicas de um antigo estudante de Coimbra”, da autoria de Jorge Rabaça Cordeiro, numa sessão que reuniu cerca de uma centena de amigos, colegas de curso e familiares do autor. Estiveram presentes Mário Nunes, vereador da Cultura, Henrique Vilaça Ramos, que apresentou a obra, e Isabel de Carvalho Garcia que referiu a importância que o tema “Coimbra” tem tido na editora que dirige há 22 anos.

Para Vilaça Ramos este livro “tem um enorme encanto para os que viveram aqueles anos, mas é também uma leitura muito apetecível para todos aqueles a quem Coimbra não é indiferente”. A literatura memorialista de Coimbra, acrescentou, “passa, a partir de hoje, a ter mais uma obra de grande interesse”. Com efeito, a obra de Jorge Rabaça integra o vasto número de composições de literatura memorialista coimbrã, mas para Henrique Vilaça Ramos escapa à divisão simplificadora das crónicas, por norma ou românticas ou jocosas. É que, referiu, “se em grande medida retrata figuras e descreve episódios de uma forma que se inscreve na corrente cómica e picaresca, ultrapassa em muito o simples relato do que tem carácter jocoso”.

Jorge Rabaça “dá-nos muitas informações históricas sobre pessoas e coisas de Coimbra que não são frequentes neste tipo de livros e das quais a maioria dos que passaram por Coimbra, e até dos conimbricenses, são geralmente ignorantes. Sirvam de exemplo muitas das informações que nos dá sobre a Rainha Santa Isabel e o seu mosteiro ou sobre a evolução dos festejos académicos”, realçou Vilaça Ramos.

A obra é assim “mais do que um simples repositório de crónicas datadas, de memórias de um tempo bem definido — o dos anos de estudante universitário —“, e “o seu conteúdo ultrapassa o título que o autor lhe deu, pois que nos traz, juntamente com as memórias do seu tempo juvenil, essas outras informações sobre a história conimbricense”.

A vertente memorialista é, no entanto, a que ocupa a maior parcela da obra, um “repositório de factos e de pessoas que recordam e ilustram o que era Coimbra e a sua vida académica nos anos cinquenta do século que passou”, revelou Vilaça Ramos, acrescentando que “são cada vez menos os que viveram esses tempos de Coimbra e, também por isso, esta obra tem inegável interesse, tanto mais que não abundam os livros publicados sobre esse período”.

Outro aspecto muito interessante do livro, segundo o apresentador, prende-se com o tipo de casa em que o estudante se albergava. Ontem, como hoje, recorda, “eram três os possíveis regimes de habitação: o quarto arrendado, a república e a casa de família”. Ora, na sua passagem por Coimbra Jorge Rabaça teve a rara oportunidade de experimentar os três. Mas a sua passagem por Coimbra ficou ainda registada com a frequência da Casa dos Estudantes do Império, perto do Penedo da Saudade. “Nessa casa, viveiro que foi de independentistas das então chamadas províncias ultramarinas, privou com alguns dos que maior relevo vieram a ter nas colónias, como por exemplo, Agostinho Neto e Lúcio Lara, que se destacaram na política, ou Júlio Castro Lopo que se evidenciou no jornalismo”, realçou Henrique Vilaça Ramos.

O apresentador, e colega de curso do autor, referiu ainda que como em quase todos os livros de crónica estudantil, este também nos apresenta uma colorida galeria de figuras típicas da Coimbra do seu tempo: o Pika, o André dos copos, o Policarpo, o Pícalo, o poeta Mascarenhas, o Pirata, o Taxeira, entre outros. “E ao recordar estas personagens, quantas histórias engraçadas esmaltam o texto, narradas com o verbo fácil de quem domina o idioma pátrio com segurança”.

Na linha cronista da obra o autor recorda também vários professores, e a conferir ainda maior interesse está o grande conjunto de ilustrações, “fotografias que ajudam a tornar mais presente o Jorge Rabaça na Coimbra dos anos 50”.


domingo, novembro 11, 2007

“Chá com Bichos” abriu tertúlias de fim de tarde na Quinta das Lágrimas



O “Chá com lágrimas” é a mais recente criação da Fundação Inês de Castro, Edições MinervaCoimbra e Hotel Quinta das Lágrimas. Uma iniciativa que, sempre subordinada a um tema, terá lugar todas as primeiras quintas-feiras de cada mês, às 17.30, no hotel.

A primeira sessão do “Chá com Lágrimas” decorreu sob a inspiração da poesia de Miguel Torga e com a designação de “Chá com Bichos” superou todas as expectativas. Esta primeira tertúlia cultural e artística decorreu na sala de chá, com lotação esgotada, contando com a presença e a intervenção da directora da Casa-Museu Miguel Torga, Cristina Robalo Cordeiro, que referiu que, de entre a obra do escritor, “Bichos” foi talvez a que mais adesão desencadeou.

“Nas escolas, nos ateliers de pintura, nas oficinas de teatro, de escrita ou de música, “Bichos” foi reescrito infinitas vezes”, recordou, acrescentando que o segredo do sucesso destes contos poderá residir no facto de que “se não deixam aprisionar em categorias estéticas ou morais, mas antes se abrem ao imaginário de cada um de nós”.

A originalidade deste conjunto de textos de Miguel Torga reside assim numa mistura de naturalismo e de reflexão ética, entendendo esta como etologia, ciência do comportamento animal. “Os animais podem, se os escutarmos, ensinar-nos a estar no mundo. Não são professores de moral, mas mestres de vida: neles não existe bem nem mal, na ordem transcendente dos valores, existem sim coisas boas e coisas más, na ordem imanente dos afectos”. Caçador apaixonado, Miguel Torga transmite a sua simpatia pelos animais e submete homens e animais ao mesmo mundo, à dor e à morte.

Seguiu-se uma sessão de leitura de poesia de Miguel Torga por Aurelino Costa e o Grupo “Coimbra” — constituído por Ricardo Dias (guitarra), Pedro Lopes (viola) e João Farinha (voz) —, interpretou alguns fados, entre os quais um com letra do escritor.

A 6 de Dezembro haverá novo encontro, à mesma hora e no mesmo local. “O Natal ontem e hoje”, por Frei Domingues, é o tema da segunda sessão, para a qual está já confirmada a presença do tenor Giovanni D´Amore, acompanhado ao piano por Stefano Nanni.

“Chá com Inês” (10 de Janeiro), “Chá com Amor” (14 de Fevereiro) e “Chá com Música” (13 de Março) são os temas das sessões seguintes, numa iniciativa que conta com o apoio da Empresa Municipal de Turismo de Coimbra.


segunda-feira, novembro 05, 2007

Crónicas de um Antigo Estudante de Coimbra

LANÇAMENTO
10 de Novembro, Edifício Chiado (Coimbra), 17 horas
Apresentação: Professor Henrique Vilaça Ramos


O revisor anunciou Coimbra. Fixei os olhos na janela e, após alguns minutos, apercebi-me da cidade por entre o arvoredo que ladeava a linha. Depois, subitamente, surgiu sem as sombras da ramagem, banhada pela luz macia daquela manhã de Outono, o seu casario branco escorrendo pela colina, uma pequena pincelada de azul a quebrar-lhe a brancura.
O comboio atravessou a ponte sobre o Mondego e, quase logo, parou na Estação Velha. Eram onze horas e meia do dia onze de Novembro de mil novecentos e cinquenta. No cais, mulheres de tabuleiro à cabeça apregoavam:
– “Arrufadas de Coimbra e barricas de ovos-moles!”
Apeei-me ajoujado ao peso da mala. (…) Apanhei a ligação para a Estação Nova.
À chegada, porteiros de hotéis anunciavam-nos:
– “Coiiimbr’ Hotel!”
– “Hotel Mondego!”
Um bagageiro precipitou-se para mim tirando-me a mala:
– “Eu levo, Sr. Dr.”
Embora soubesse que, em Coimbra, os estudantes eram tratados por Dr., olhei, instintivamente, a ver quem vinha atrás de mim. Não vi ninguém, era comigo! Fiquei entre o vaidoso e o envergonhado.
Saí da estação. Quedei-me a olhar: olhei o Mondego, olhei a cidade, o ar transparente, as sombras vincadas na luz outonal.
– “Quer táxi?”


Jorge Rabaça Correia Cordeiro nasceu em Sá da Bandeira, Lubango, Angola, a vinte de Janeiro de mil novecentos e trinta e dois. Passou a sua infância na vila de Chinguar, província e distrito do Bié. Frequentou o Liceu Nacional de Salvador Correia em Luanda até à conclusão do quinto ano. Veio para Lisboa em Outubro de mil novecentos e quarenta e nove onde fez exame do sétimo ano no Liceu Camões. Frequentou o curso de Medicina na Universidade de Coimbra, licenciando-se em mil novecentos e cinquenta e oito. Após um curto período de trabalho para a Companhia Nacional de Navegação, regressou a Coimbra onde se especializou. Em mil novecentos e setenta e dois foi para Beja organizar e dirigir o Serviço de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital Distrital, função em que se manteve até à sua aposentação em dois mil e dois.

sábado, novembro 03, 2007

Apresentação de Portugal-Alemanha: Memórias e Imaginários, vol I - Da Idade Média ao Século xviii. Coordenação de Maria Manuela Gouveia Delille




As Edições MinervaCoimbra promoveram no Goethe-Institut, em Lisboa, uma sessão de apresentação da obra PORTUGAL-ALEMANHA: MEMÓRIAS E IMAGINÁRIOS. Primeiro volume: Da Idade Média ao Século XVIII, coordenada por Maria Manuela Gouveia Delille, que contou com a apresentação de Alfred Opitz.

A obra resulta de um ciclo de conferências proferidas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no âmbito do projecto de investigação “Relações Literárias e Culturais Luso-Alemãs. Estudos de Recepção e de Hermenêutica Intercultural” do CIEG (Centro Interuniversitário de Estudos Germanísticos), o presente volume reúne 15 textos em que memórias históricas alternam ou se fundem com representações ficcionais do Outro, entre a Idade Média e o século XVIII. Um segundo volume abrangerá os séculos XIX e XX.

quinta-feira, novembro 01, 2007

CRIANÇAS e MEDIA: Pesquisas e Práticas

O Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ), as Edições MinervaCoimbra e o El Corte Inglés têm o gosto de convidar para o lançamento do n.º 11 da revista Media & Jornalismo

CRIANÇAS e MEDIA: Pesquisas e Práticas

A apresentação será feita pelos Prof. Doutores Manuel Pinto e Sara Pereira (Universidade do Minho).

A sessão realiza-se no próximo dia 5 de Novembro de 2007, pelas 18h30, na Sala de Âmbito Cultural, Piso 7, do El Corte Inglés de Lisboa.






Índice:

Será possível uma voz global? Crianças migrantes, novos media e limites do empowering
David Buckingham e Liesbeth de Block

Cobrindo políticas públicas sociais: a importância conferida à agenda da infância e da adolescência
Guilherme Canela de Souza Godoi

Mudam-se os tempos, mudam-se as notícias? A cobertura jornalística de crianças no Público e Diário de Notícias em 2000 e 2005
Cristina Ponte

“Quando a escola visita o hospital”. O lugar das notícias na vida das crianças. Estudo exploratório
Maria João Malho, Isabel Pato e Vítor Tomé

Corpo, espetáculo e consumo: novas configurações midiáticas para a infância
Eliane Medeiros Borges

Do Continente até à Ilha das Cores, televisão para o pré-escolar
Teresa Paixão

Paradigmas, imagens e concepções da infância em sociedades mediatizadas
Catarina Tomás



Editorial:

Este número da Media e Jornalismo baseia-se na perspectiva de que a cidadania não tem início aos 18 anos e de que considerações sobre crianças e media necessitam de ter presentes contextos mais vastos, não só os da globalização e da individualização que marcam as sociedades em que vivemos, mas também os olhares culturais sobre os mais novos e dos mais novos, quase duas décadas depois da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, de 1989.

A abrir os artigos sobre o tema, David Buckingham e Liesbeth de Block, do Instituto de Educação da Universidade de Londres, fazem uma leitura crítica de um projecto de investigação europeu que coordenaram e que visava “dar voz” a crianças migrantes a residirem em vários países, pela criação de uma rede social de partilha dessa experiência de vida, com recurso aos novos media. Ao apresentarem a avaliação das questões sociais e pedagógicas – e também políticas – que este projecto levantou, os autores sublinham as dificuldades encontradas e como seria redesenhado, fornecendo assim importantes recomendações para a pesquisa. Discutem não só os limites das novas tecnologias e dos ambientes em que foram utilizadas, mas também questões pedagógicas e políticas, como as posições ocupadas por investigadores e pelas crianças; evidenciam a tensão entre os propósitos da pesquisa, entre eles a necessidade de apresentar resultados a curto prazo, imposta pelas condições de financiamento, por um lado, e as práticas e interesses das crianças, incluindo a sua própria recusa em ter voz enquanto migrantes, por outro. Buckingham, um dos investigadores de referência no estudo das relações entre crianças e media, mostra assim como a identificação de problemas e a sua superação são parte inalienável do processo contínuo de pesquisa.

O artigo de Guilherme Canela, da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI), do Brasil, inicia uma sequência de contributos que têm como alvo as notícias sobre crianças. O autor, com formação em Ciência Política e coordenador da investigação da ANDI, recorre a teorias do jornalismo, como o agenda-setting, para discutir as características da cobertura de “políticas públicas sociais”, apresentando esse conceito, os seus diversos tempos de concretização e elementos constitutivos. Pela situação social de crianças e adolescentes brasileiros, sustenta o seu lugar como “pauta central” do jornalismo no país. Com base na monitorização que a ANDI tem vindo a fazer sobre os grandes jornais brasileiros, desde 1996, o autor apresenta e discute a cobertura da infância e adolescência sob a óptica das diferentes políticas públicas. Ressalta como a atenção jornalística se focaliza em determinados momentos e ângulos dessas políticas públicas (como o seu anúncio), sendo deficitária na contextualização (como o acompanhamento e avaliação dos impactos) e de como, por essas vias, os media “enfraquecem as suas próprias capacidades de agendamento”.

Essas são também conclusões encontradas na cobertura de dois jornais portugueses de referência, em 2000 e 2005, tratadas no artigo seguinte, no âmbito do Projecto Crianças e Jovens em Notícia. A partir do lugar das infâncias nas sociedades contemporâneas de risco, individualização e globalização, Cristina Ponte dá conta das variações na cobertura jornalística de crianças (0-14 anos) e de temas com elas relacionados nos jornais Público e o Diário de Notícias. Registou-se em 2005 uma notória subida no número de peças, com mais opinião e novas linguagens, uma cobertura mais local e nacional. A par de uma atenção privilegiada à Educação e de uma crescente presença da criança consumidora, em novas secções, a agenda foi marcada sobretudo por “casos” que vinham de trás, entre eles Casa Pia e Joana, a fazer disparar as peças sobre abuso sexual e crianças maltratadas. Se estes eventos estimularam a avaliação sobre direitos de protecção, continuou residual a atenção a outros direitos: trabalho infantil, assistência à infância, prevenção e segurança estiveram praticamente ausentes destes jornais. Nestes títulos de referência, sustenta-se que a cobertura noticiosa de questões relacionadas com crianças estará sobretudo “orientada para a esfera privada das famílias e a sua gestão individualizada de riscos e responsabilidades”.

Ainda no âmbito desse Projecto, apresentam-se os primeiros resultados de uma pesquisa sobre a relação das crianças com as notícias, de jornais ou de televisão, como as integram no seu dia a dia e como se exprimem face a elas. Este estudo exploratório inquiriu crianças (8-14 anos) de diferentes escolas, meios sociais e áreas de residência e dá corpo ao artigo de Maria João Malho e Isabel Pato, do Instituto de Apoio à Criança, e Vítor Tomé, jornalista que tem trabalhado sobre a produção de crianças em jornais escolares. A análise das respostas das crianças a um inquérito desenhado e aplicado pelos autores faz ressaltar a diferença de ambientes em que crescem as crianças, incluindo as mediações familiares, e a força da memória de acontecimentos traumáticos que envolvem crianças recorrentemente usados pelos media noticiosos.

Outras representações de crianças nos meios de comunicação social, são trabalhadas no artigo de Eliane Medeiros Borges, da Universidade de Juiz de Fora, Brasil. A autora discute uma “nova configuração da infância, construída a partir de uma lógica do consumo”, que assenta numa espectacularização do corpo, nomeadamente do corpo feminino. Sublinha como “as representações sobre o corpo, juntamente com a sexualidade, se tornam parte dos conteúdos das culturas infantis contemporâneas” e situa a centralidade da criança consumidora e da gama de produtos para ela dirigidos, “em contraste com a falta de espaços públicos de lazer e das cidades construídas segundo uma lógica que as oblitera”. O artigo conclui pela pertinência destes temas fazerem parte de uma cultura da escola, que incorpore nos seus conteúdos e práticas pedagógicas a reflexão sobre as mensagens impositivas dos media.

Teresa Paixão, que coordena o Gabinete de Programas Infantis da RTP2 e é autora de A Ilha das Cores, apresenta as características de programas educativos (exigências de tempo, custos financeiros e audiências) que condicionam a sua produção, e partilha momentos, incidentes e decisões que foram dando corpo a esta recente série destinada a crianças em idade pré-escolar. Na sequência de programas anteriores da RTP (Rua Sésamo, Jardim da Celeste) mas incorporando o espírito do tempo e as condições tecnológicas hoje existentes, Teresa Paixão mostra como foram desenhadas as personagens, para contrariar estereótipos, como ambientes e paisagens tiram partido dos recursos tecnológicos, como surge a música ou a captação de imagem real, como a imagem do genérico se inspirou nos desenhos de crianças e como estas vão exprimindo à sua maneira a sua vontade de participação. Este relato, vivido por dentro, revela a complexidade que é fazer o simples e acessível, e também respeito pelas crianças em idade pré-escolar como público de televisão, mais do que como mera audiência.

A encerrar este número temático, o texto de Catarina Tomás, do Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho, enfatiza as questões da cidadania à luz da Sociologia da Infância. A autora revê e discute paradigmas, imagens e concepções tradicionais de infância – a “cultura da sujeição” que perduram nas sociedades contemporâneas da globalização, apontando factores explicativos para a (ainda) invisibilidade social da infância em muitas matérias. A alternativa será uma “cultura da participação”, para a qual a autora propõe um projecto de cidadania na infância indissociável de uma aprendizagem onde intervenham as relações familiares, os grupos de pares, o âmbito público da escola, os meios de comunicação e as investigações científicas, etc., programa vasto que visa “educar na cidadania e não para a cidadania”.

Recensões sobre livros recentemente publicados, entre eles estudos sobre o jornalismo português, a sua história e o seu presente, completam este número da revista.

A Direcção