“Que botas pisam a República?” é o tema da próxima “Terça-feira de Minerva” com Amadeu Carvalho Homem e Casimiro Simões à volta do livro “Com as Botas do meu Pai”.
A sessão realiza-se no próximo dia 24 de Novembro, pelas 18h30 na Livraria Minerva (rua de Macau, 52 - Bairro Norton de Matos), em Coimbra.
“Com as botas do meu pai – Pegadas do poder autárquico na vila de Vale Tudo” é o primeiro livro do jornalista Casimiro Simões. Trata-se de uma sátira sobre o exercício do poder autárquico em Portugal, quando a República se aproxima da respeitável idade de um século. A sessão realiza-se no próximo dia 24 de Novembro, pelas 18h30 na Livraria Minerva (rua de Macau, 52 - Bairro Norton de Matos), em Coimbra.
Desde que a ideia lhe ocorreu, há mais de dois anos, Casimiro Simões já tinha escolhido o título com que a obra chega aos leitores. E foi em torno deste tema que o jornalista, natural e residente na Lousã, construiu uma história, um livro com várias histórias dentro. Um projecto a que se juntou na recta final o gráfico Carlos Alvarinhas, seu conterrâneo, criador da capa e das ilustrações.
A sátira a um certo modo de exercer o poder local (não às boas obras feitas ou projectadas, muito menos a qualquer protagonista em concreto) foi o ponto de partida e de chegada de Casimiro Simões. Mas o enredo também se construiu a si mesmo. Foram emergindo antigas palavras e expressões da sua infância, locais, diálogos e emoções inesperados, em risco de extinção, personagens que olhavam o autor de frente, desafiando-o.
Segundo o próprio, a prosa levou-o por atalhos que não estavam previstos, águas nunca antes navegadas, nem sequer no imaginário rio Tudinho, que banha o município de Vale Tudo desde o nascer dos tempos.
Os protagonistas da obra são o autarca veterano Onófrio dos Santos Valente, mais conhecido por Fanfarrão, que quer ser deputado, e o filho Franganito, que sonha suceder ao pai na presidência da Câmara de Vale Tudo.
A caricatura que Casimiro Simões quis traçar de um certo estilo de poder autárquico, generalizado de norte a sul do país, e nem sempre apenas nos meios rurais, reflecte a sua apreensão cívica face às perversões do sistema democrático, tão flagrantes trinta e cinco anos após o 25 de Abril.
Entendeu o jornalista, que foi há 27 anos, ainda jovem, autarca na freguesia da Lousã, que a crítica necessária, sempre urgente em democracia, pode ser também veiculada através de uma literatura caricatural, “dizendo verdades a rir aos que nos mentem a sério”, como preferia o poeta popular António Aleixo.
Em ano de eleições autárquicas, além das europeias e legislativas, faz todo o sentido reflectirmos sobre o estado da democracia em Portugal, a começar pela forma como ela acontece nas câmaras e juntas.
Aos partidos, seus dirigentes e autarcas, cabe um papel importante no seu aprofundamento, mas o alheamento dos cidadãos da vida colectiva, o medo e a falta de coragem, que dominam hoje vastos sectores da sociedade, agravam o actual estado de coisas.
Aos jornalistas, assim eles e suas empresas o queiram, como é seu dever, cabe também um significativo naco de responsabilidade na construção de uma democracia moderna, participativa e com mais qualidade.
“Com as botas do meu pai…” foi apresentado na Lousã, no dia 31 de Outubro, com intervenções do médico Louzã Henriques, do advogado António Arnaut e do actor Adriano Carvalho. Tudo ficção para rir e reflectir!
O autor apresenta-se
Casimiro Soares Simões, jornalista da LUSA – Agência de Notícias de Portugal, nasceu no Casal dos Rios, Lousã, em 1959.
Em 1989, começou a trabalhar na Agência, em Coimbra, onde desempenhou as funções de delegado para a região centro, entre 1 de Outubro de 2005 e 1 de Outubro de 2009.
De 1990 a 2002, Casimiro Simões foi director do jornal Trevim, da Lousã, integrando ainda hoje os corpos gerentes da Cooperativa Trevim e o Conselho Editorial daquele periódico.
Mantém a colaboração com o quinzenário local, assinando regularmente crónicas e artigos de opinião.
Em 1989, em Coimbra, colaborou no arranque da Rádio Jornal do Centro, então associada da TSF, trabalhando, em simultâneo, no semanário Jornal de Coimbra.
Colaborou também com o jornal As Beiras, em diferentes fases da sua publicação.
O autor escreveu ainda na Gazeta Académica, da Secção de Jornalismo da Associação Académica de Coimbra, e na revista Munda, do Grupo de Arqueologia e Arte do Centro (GAAC).
Como jornalista da LUSA, tem centenas de reportagens assinadas na maioria dos títulos da imprensa generalista portuguesa.
Colaborou também com a revista Expo-Informação, da Expo’98, e mais recentemente com a Grande Reportagem, entre outras publicações.
Participou nos livros “Alta de Coimbra”, editado pelo GAAC, e “Repúblicas de Coimbra”, da autoria do fotógrafo Paulo Abrantes.
Enquanto estudante universitário, residiu na República dos Kágados, tendo participado activamente no processo que levou à recuperação do imóvel da Alta que alberga a mais antiga república da cidade.
Integrou o Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC) e colaborou, nesta década, na série televisiva “Povo que Canta”, da RTP, sobre música tradicional portuguesa.
É membro do Conselho Geral do Sindicato dos Jornalistas e sócio de diferentes colectividades da Lousã.
“Com as botas do meu pai – Pegadas do poder autárquico na vila de Vale Tudo” é o seu primeiro livro.
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