quinta-feira, novembro 26, 2009

República tem de ser prezada

Casimiro Simões, Amadeu Carvalho Homem e Isabel de Carvalho Garcia


“Que botas pisam a República?” foi o tema da recente “Terça-feira de Minerva” que, tendo como mote o livro “Com as Botas do meu Pai”, contou com as participações do autor, Casimiro Simões e de Amadeu Carvalho Homem.

“Com as botas do meu pai – Pegadas do poder autárquico na vila de Vale Tudo” é o primeiro livro do jornalista Casimiro Simões, uma sátira sobre o exercício do poder autárquico em Portugal, quando a República se aproxima da respeitável idade de um século.

Para Carvalho Homem, trata-se de uma mensagem sobre como deveria ser a República “e não é”. Casimiro Simões, jornalista da Agência Lusa, prestou, segundo o historiador, “um bom serviço, dizendo o que não está bem nesta sátira”. Um texto “deliberadamente caricatural que carrega nas tintas de determinadas disfunções muito visíveis na democracia portuguesa”, afirmou.

Carvalho Homem considerou que “as acusações que aqui estão apontadas com humor, são a percepção de um conjunto de situações que tanto podem acontecer na vila do «Vale Tudo» como na cidade do «vale nada»”, aludindo ao subtítulo do livro, “Pegadas do poder autárquico na vila de Vale Tudo”.

Em relação à República, o historiador lamentou ser “extraordinário que vivamos num tempo em que verificamos que os poderes instalados parecem olhar para estes 100 anos da República pensando ‘que chatice, lá temos nós de comemorar isto. Tem de ser’. Quando a República é o ponto de partida, uma antecedente necessário de um determinado acontecimento histórico, que nos colocou onde estamos”.

Carvalho Homem salientou ainda o facto de a “República estar cheia de vícios e contradições mas, mesmo assim, ter de ser prezada”. E rematou: “Em Portugal há uma consciência cívica por acabar e a celebração do centenário da República é significativa para que os portugueses tomem consciência do que foram e do que podem ainda fazer por este país”.

Casimiro Simões encerrou a sessão, que teve um aceso debate entre com o público presente, recordando alguns episódios ocorridos durante a feitura do livro. Desde que a ideia lhe ocorreu, há mais de dois anos, Casimiro Simões já tinha escolhido o título com que a obra chegou aos leitores. E foi em torno deste tema que o jornalista, natural e residente na Lousã, construiu uma história, um livro com várias histórias dentro.

Segundo o próprio, a prosa levou-o por atalhos que não estavam previstos, águas nunca antes navegadas, nem sequer no imaginário rio Tudinho, que banha o município de Vale Tudo desde o nascer dos tempos.

Um projecto a que se juntou na recta final o gráfico Carlos Alvarinhas, seu conterrâneo, criador da capa e das ilustrações.






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