«TRANSPLANTAÇÃO EM PORTUGAL - O MEU TESTEMUNHO» de CÂNDIDO FERREIRA.
Ilustração da capa: Coimbra, óleo de Carlos Ramos.
"A escrita é a arma mais eficaz que o Homem inventou e eu nasci assim, procurando apontar essa arma para o “lado certo”, sem quebra da necessária auto estima mas freando possíveis afloramentos de narcisismo, que sempre considerei estultos. Este é um texto que nunca pensei escrever, resultado de uma sucessão de acontecimentos dispensáveis e até inesperados.
Recentemente, no meu adeus à medicina, entenderam colaboradores e amigos, e a que depois se associaram outros cidadãos, Movimentos Cívicos e até Partidos Políticos por mim totalmente desconhecidos, distinguir-me com várias celebrações que, no seu conjunto, envolveram mais de mil pessoas. (...) Assumo a condição de inveterado contador de histórias e de colecionador mas, em coerência, tal como não colecionei esses“troféus” pessoais, também nunca imaginei relatar as minhas “aventuras” profissionais, pelo menos na primeira pessoa. Irrefutável, em 1980, fui o único médico com formação específica em transplantes que, após desencadear a primeira colheita de órgãos de cadáver, integrou a equipa que realizou a primeira transplantação bem-sucedida, em Portugal.(...)" in ' Explicação Necessária, Pág.11".
CÂNDIDO FERREIRA
nasceu em 1949, em Febres – Cantanhede. Natural de Coimbra foi um dos candidatos à Presidência da República. Em Coimbra frequentou a Escola Primária, cumpriu a restante formação académica no Liceu de D. João III e na Faculdade de Medicina de Coimbra, até 1973.
Foi bolseiro da Gulbenkian, trabalhador-estudante e atleta da AAC, tendo conquistado diversos títulos.Em 1976, dirigiu o Hospital de Pombal, onde deixou reconhecida obra. Entre 1978 e 1982, foi Assistente de Nefrologia e frequentou um estágio em Lyon, na área das transplantações renais. Regressado aos Hospitais da Universidade de Coimbra, integrou a equipa do Prof. Linhares Furtado, tendo organizado a consulta de transplantação e a primeira colheita de órgãos e colaborado na primeira transplantação renal com rins de cadáver, em Portugal.
Em 1982, enveredou pela diálise privada a partir de Leiria, tendo construído empresas e Clínicas consideradas modelares e sido responsável por uma vasta consulta de especialidade e por um milhão de tratamentos de hemodiálise.
Democrata e humanista, viveu a crise académica de 1969 e integrou o Executivo Distrital do MDP-CDE de Coimbra, antes do 25 de Abril, tendo chegado a ser detido por atividades contra a ditadura. Já não pertence a nenhum Partido, mas da sua incursão pela política ressalta, em 1975, ter declinado integrar a lista para a Assembleia Constituinte, pelo PS.
Tendo exercido as funções de Presidente da Federação Distrital de Leiria daquele Partido, entre 1991 e 1995, recusaria também a carreira de Deputado à Assembleia da República.
Para além de uma vasta produção técnica e científica, alguma em colaboração com os mais reputados centros e publicações internacionais, foi responsável por largas centenas de artigos de opinião, acolhidos em múltiplos jornais, revistas e estações de rádio, tendo ainda efetuado inúmeras intervenções públicas, incluindo na TV. É autor dos romances O Senhor Comendador, "A Paixão do Padre Hilário" e "Setembro Vermelho" e de três livros de crónicas – "Os Burros, Esmeralda – Sim!..." e "Pelas Crianças de Portugal"; foi também porta-voz de um movimento na blogosfera, criado em torno do “Caso Esmeralda”. Tendo sempre merecido excelentes classificações por parte da crítica especializada, foi ainda largamente distinguido na Enciclopédia de Artistas Médicos e na Antologia de Ficionistas da Gândara. Ligado ao colecionismo, anima a criação de um “Museu das Coleções” em parceria com a Câmara Municipal de Cantanhede, a partir da doação de setecentas mil peças que reuniu, estudou e catalogou, e que se encontram dispersas por uma centena de temáticas, sendo algumas populares e outras ligadas à Bibliografia, ao Dinheiro, à História Postal, à Arqueologia e a diversas Artes Decorativas, como as coleções de pintura portuguesa e de artesanato, esta recolhida em todo o mundo. Mantém cooperação regular com os países de expressão portuguesa. Em 2007 adquiriu uma propriedade no Alentejo, onde se esforça por instalar e desenvolver atividades ligadas à agricultura, à pecuária e à hotelaria, preparando assim um regresso à natureza e aos valores da vida tradicional.
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