Decorreu no passado sábado a apresentação do livro de Sarah Catarino, ESPERANÇA PARA A ALMA (edições RTM).
Isabel Garcia abriu a sessão em nome da MinervaCoimbra
agradecendo a preferência pelo espaço da Galeria/Livraria Minerva,
para a apresentação deste livro, em Coimbra.
Coube a Teresa Pestana a apresentação da autora,
a Sansão Coelho a apresentação do livro e por último
Sarah Catarino fez a sua intervenção.
São ensinamentos, meditações que nos preparam para uma acção cristã.
Não vou produzir aqui uma recensão bibliográfica e sentir-me-ia pretensioso caso entrasse por uma exaustiva análise literária para a qual o magro estatuto de que disponho podia não ser suficiente: ouso dizer, contudo, que a crónica, texto breve, obedece a uma estratégia narrativa singular. Vejamos a viagem feita através dos tempos, a viagem diacrónica da CRÓNICA (in Dicionário Termos Literários, na Net – coordena Carlos Ceia).
“Derivado do lat. Chronica e do gr. Khrónos, consagra o conceito de tempo, informando com ele o discurso dos textos que designa.
Inicialmente, a crónica, mais geral ou mais particular, registava acontecimentos históricos por ordem cronológica. Fonte mais directa e imediata do conhecimento histórico, comportava também factos menos
relevantes, informação secundária que a História moderna tenderá a “eliminar”. Na alta Idade Média, a crónica começa a ser conformada por uma perspectiva individual que lhe confere uma dimensão interpretativa e, eventualmente, estética, como acontece com as obras de Fernão Lopes. (séc. XIV).
No séc. XIX, o desenvolvimento da imprensa periódica, e, em especial, da de opinião, vai fazer emergir a crónica no sentido moderno. No início, ela era apenas uma pequena secção de abertura que dava conta das notícias e dos rumores do dia, mas tenderá a alargar-se e a especializar-se pelo interior do periódico (crónica artística, literária, musical, etc.). Depois, ela desloca-se para o “folhetim”, secção do rodapé da primeira página do periódico, lugar de que se libertará, mas onde conquistará a colaboração de homens de letras e, com isso, um espaço entre Jornalismo e Literatura. A sua identidade apoiar-se-á cada vez mais na autoria: a realidade social, política, cultural, etc. tornar-se-á progressivamente o quadro onde o cronista procura e selecciona qualquer facto quase como pretexto para discursar, opinar e, até mesmo, efabular. Deste modo, a crónica esteticiza-se. A crónica contemporânea, discurso de autor, oscila entre ser predominantemente comentativa, reflexiva, e efabulatória (p. ex., no espaço brasileiro, ela assume a feição do conto breve). Assim, apesar da actualidade e transitoriedade da sua temática, tem uma autonomia que favorece a prática da sua recolha e publicação em volume.”
“Pequena secção de abertura”, “conto breve” - e ligação à Imprensa, à Comunicação Social radiofónica e televisiva e também já na Internet, - a CRÓNICA CONCEDE NÃO SÓ O DIREITO DE NARRAR, mas também o DIREITO DE OPINAR: variantes diferentes que muitas vezes confundimos em simplicidade de análise.
Nos tempos actuais da rádio em que se reclama o BREVE, em que se contam apenas CURTAS HISTÓRIAS; em que o tempo é cada vez mais o espartilho da palavra pensada e útil, a crónica tem plena aceitação.
O conteúdo inserido no formato de êxito chamado CRÓNICA é aquilo que permite ao CRONISTA da RÁDIO o êxito ou fracasso, os aplausos ou a indiferença do público receptor, mas permite também configurar uma aproximação/identificação com o autor e a sua visão social, económica, ideológica, espiritual.
Veja-se, ou melhor dizendo, ouçamos as REFLEXÕES transmitidas em canais da Rádio Renascença, a Emissora Católica portuguesa. Quase em segundos, frases curtas e boas dicções promovem a mensagem católica: exemplos felizes de curtas crónicas que chegam a todos os grupos etários e em especial aos jovens os quais convivem mal, de um modo quase generalizado, com a narração larga, densa, rebuscada e hermética.
São de êxito as CRÓNICAS RADIOFÓNICAS de SARAH CATARINO quando as analisamos (em livro como agora acontece) quando as analisamos dizemos na perspectiva da formulação comunicacional: pelo menos porque são crónicas. Obedecem, em glorificação de Cristo, obedecem (dizíamos) de um modo quase geral, a uma estruturação do conteúdo no plano da narrativa: partem da Bíblia e viajam acompanhadas da Bíblia e dos ensinamentos bíblicos. “ Gostaria de os incentivar a lerem a Bíblia, a buscarem no livro de Deus tudo quanto precisam para que o vosso espírito seja saudável e resista às infecções deste mundo mau em que vivemos.” - lê-se na página 75 na crónica com o título A GRANDE CORRIDA.
As crónicas relatam factos, personagens e acções do quotidiano, de forma singela como se neste caso de ESPERANÇA PARA A ALMA com a autora (e na realidade assim fica o registo) a desejar também CATIVAR com simpático e discreto apelo a atenção dos menos preparados – aqueles cujo bacKground, competência literária, cultura enciclopédica e mesmo cultura religiosa-cristã pode ter um peso/sensibilidade/descodificação/interpretação, aquém do que todos desejamos como Mundo – Universo Civilizado rubricando um harmonioso desenvolvimento sustentado e uma ligação humanista e cristã de todos os seres ao cimo da Terra. A autora RELIGA sentidos, razão e revelação.
Estas crónicas encontram a sua IDENTIDADE através dos traços identitários da Autor SARAH CATARINO, mas o papel do AUTOR é sempre uma espécie de entidade apenas existente no papel e abstracta para a ciência literária. Aqui, contudo, a autora não se demarca da narradora e encontramos nesta simbiose alguém que tem um estatuto de liderança, de exemplo, de pedagogia, de formadora moral e religiosa, de intensa divulgadora da BÍBLIA também o primeiro livro imprensa quando Guttemberg descobriu no século XV a Imprensa de caracteres móveis.
Para além de Deus e de Jesus Cristo (presentes na palavra-rádio e agora nos caracteres de imprensa destas CRÓNICAS) SARAH evoca e invoca (sem perder a matriz de livro devocioneiro-dado portanto a devoções) invoca e evoca (repetimos) nomes reconhecidos da Ciência do Pensamento, da Filosofia e de muitas outras áreas para viajar entre o HUMANO/REAL e o ESPIRITUAL. Podemos ler na CRÓNICA A MARAVILHOSA CRIAÇÃO DE DEUS pp.51-52 uma citação de Sófocles: “Inúmeras são as maravilhas do mundo, mas nenhuma, nenhuma é mais incrível que o corpo do homem”. Mais adiante e porque somos criação de Deus que nos programou diz SARAH que “No mundo espiritual passa-se exactamente o mesmo. Deus colocou em nós vontade, sensibilidade, anelo, fome do divino, que só podem ser preenchidos pela Sua presença, pela Sua essência”, mas reconhece que muitas vezes enchemos o nosso VAZIO...”Com deuses que nada têm a ver com Ele, com orações e meditações que não são para Ele, com prazeres físicos que pensamos poderem de algum modo colmatar o vazio, mas nada resulta” – conclui para depois se dirigir no FEMININO à ouvinte e lhe propor caso nela haja intranquilidade e desassossego que pode ou PODEM voltar para o seu CRIADOR e a seguir diz a autora/narradora: “Deixe-me orar consigo:”.
É uma CONVERSA DE ALMA entre mulheres, mas que se destina a um universo homem/mulher com abordagens multifacetadas aos grandes FACTOS e PROBLEMAS DAS SOCIEDADES CONTEMPORÂNEAS: droga, famílias disfuncionais, famílias numerosas, cancro da mama, ensinar como acto de amar, mães solteiras, maternidade-estado de graça, mulheres que fazem a diferença, mulheres de sucesso, transplante, suicídio, crise, orfandade, prostituição, sida e até a relação sogra/nora.
Há muito para ler, mesmo para quem já escutou estas crónicas em formato rádio. Os livros que registam textos de programas radiofónicos têm sido – podemos dizer quase sempre -, um sucesso de vendas.
Pela sua bem elaborada apresentação, formato de bolso, e pelo CONTEÚDO IMPERDÍVEL E DE LEITURA OBRIGATÓRIA este Livro ESPERANÇA PARA A ALMA de SARAH CATARINO do programa MULHERES DE ESPERANÇA é um êxito assegurado para o corpo e para a alma; e também para podermos encontrar uma nova e muito lúcida e perspicaz abordagem das temáticas que “tocam” o Mundo.
PARABÉNS SARAH CATARINO, PARABÉNS ÀS MULHERES DE ESPERANÇA as que nos hão-de dar ou já deram também HOMENS DE ESPERANÇA: uma civilização mais ponderada, introspectiva, fraterna, humanista com a BÍBLIA em local de consulta/leitura a qualquer momento - tal como, a qualquer momento este é um livro sábio, saído do coração e da devoção com GUIAS que aqui e ali podem PERTURBAR/INTERROGAR o leitor porque estão em CRÓNICAS que interrogam/interpelam e foram gizadas à luz do pensamento cristão. Leituras da ALMA...e das nossas Vidas.
Parabéns uma vez mais à Autora (talvez, quem sabe?! decepcionada com o meu peregrinar na apresentação da sua OBRA por ficar aquém do merecimento desta); parabéns aos que aqui vieram para depois irem ler o que se ESCUTA em várias rádios. Parabéns à Coordenadora BETÂNIA ALVES e à Associação Rádio Transmundial de Portugal e aos promotores em geral; e ainda a esta Livraria Editora e Galeria Minerva – sala de encontros que em boa hora nos proporcionou este encontro de hoje. Obrigado pelo convite que me foi feito. Boa tarde."
Sansão Coelho
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