Um livro preso ao domínio do sonho e recheado de auto-questionação são algumas das características apontadas ao novo livro de poesia, o quarto, de Maria Helena Teixeira, cuja sessão de lançamento decorreu no Pavilhão Centro de Portugal com apresentação de Maria Manuela Gouveia Delille e leitura de poemas por Maria Manuel Almeida. Numa sala pequena para tantos amigos e familiares da autora, a sessão foi ainda abrilhantada pela actuação de um quarteto da Orquestra Clássica do Centro.
E sobre o livro, “Não me ensines a estrada”, Maria Manuela Delille referiu que a autora, ou o sujeito poético, “se confessa inexplicável mas irremediavelmente preso ao domínio do sonho que acaba por desgastar a vida”.
“Em horas de intensa desorientação, inquietude, angústia e/ou funda melancolia, acentuam-se as sensações de frialdade e de vazio em vários poemas”, afirmou numa visita guiada por “Não me ensines a estrada”, é também “curioso notar que na captação de instantes ou momentos do quotidiano o eu lírico, nos relativamente raros poemas em que sai para fora da esfera íntima, regra geral [Maria Helena Teixeira] percepciona uma realidade disfórica, feita de imagens meramente alinhadas, desconexas, das quais o sentido parece estar ausente, chegando a roçar o absurdo”.
Não são, porém, acrescentou, “as imagens (quase sempre disfóricas) do mundo exterior (que, note-se, constituem completa novidade em relação à lírica cerradamente intimista dos volumes anteriores) que acabam por predominar nesta nova colectânea. A maior parte dos versos diz respeito quer ao quotidiano rotineiro e manietante do eu poético e às tentativas de auto-questionação de início referidas, quer aos lugares-tempo ou aos lugares de sonho em que esse mesmo eu se refugia ou para os quais tenta evadir-se”. Refúgio esse frequentemente “encontrado na evocação nostálgica do mundo perdido da infância, de que o mar constitui parte indissolúvel”.
Em relação a outros livros da autora, Maria Manuela Delille confessou-se impressionada pela “estrutura mais coesa destes poemas, a maior densidade e autenticidade metafórica, a maior atenção ao quotidiano e dentro dele também ao momento histórico que atravessamos, e sobretudo a mais contida transfiguração poética das vivências ou experiências do universo real de que fazemos parte”.
A apresentadora realçou ainda a colaboração de Zé Penicheiro na feitura do livro, “uma colaboração preciosa que, mantendo a tradição dos volumes anteriores, vem a meu ver acentuar, através do seu traço dinâmico, o já de si forte elemento cinético destes versos, os seus múltiplos movimentos, ondulações, fugas, evasões, numa associação muito sugestiva entre poesia e desenho, em plena sintonia com a sensibilidade estética da autora e com a mensagem por ela intencionada”.
Durante a sessão, presidida por Maria Emília Martins, directora da Orquestra Clássica do Centro, usaram ainda da palavra a editora Isabel de Carvalho Garcia e Maria Helena Teixeira, que agradeceu a todos a presença na sessão
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