As Edições MinervaCoimbra e o Autor têm o prazer de convidar para o lançamento do sétimo livro de Paulo Ilharco
ASAS versus ASPAS
(Poema de força na cedilha)
A apresentação será feita pela Prof. Doutora Maria Clara Murteira.
A sessão realizar-se-á no próximo dia 10 de Junho, pelas 18h00, na Livraria Minerva (rua de Macau, 52 - B.º Norton de Matos), em Coimbra.
Participação musical do pianista João Nogueira.
ASAS versus ASPAS
(Poema de força na cedilha)
é um livro em 9 cantos
NOTA DO AUTOR
Não me venham com terra nem com mAR!
Tenho asas desde a alma ao calcanhAR!
– As minhas mãos, Leitor, são p’ra voAR!
CANTO PRIMEIRO
Asas de dia e noite, asas de luz!
- Eis a feliz tristeza que me invade
E me leva a escrever a própria cruz
Que escondi mesmo atrás da Eternidade,
Onde outra Lua e outro Sol compus,
Talvez aqui, talvez duma cidade
A Marte, imaginária – desse Mundo
Em que Deus é primeiro e não segundo!
Fecundei-me em entranhas de cegonha
Que, arrogante, planava no Mondego…
E voava, voava!... – o Poeta sonha,
Enquanto o rumo for Desassossego.
No bico não cabia nem Vergonha,
Se a Margem de Coimbra era aconchego
Para erguer Rebeldia na caneta
E frequentar a Torre num cometa!
Nas palavras invento a minha vida,
Já gastas p’los poetas bons e maus:
Devolvi o perfume à margarida,
Redescobrindo o Mundo noutras naus.
Nos livros jamais sara a cruel f’rida
De me atirarem pedras e calhaus…
De repente, a cegonha adormeceu
E ao colo do horizonte estava eu!
E como se lirismos não bastassem
Para ostentar tamanha maldição,
Impus-me que os meus olhos não me olhassem
Com a lúgubre voz do coração
E as minhas lágrimas, tão-só, lavassem
O rosto de quem ouve esta canção:
Musas-herdeiras d’alma que me habita,
Dedico os versos a Patrícia e a Rita!
Darei a volta ao Mundo, folheando.
Tenho asas p’ra abraçar o Povo inteiro.
Não sei ao certo como, onde e quando,
Mas a voz sairá do meu tinteiro
Mais a disparos de canhões soando
Ou ao bramir do mar contra um veleiro,
Do que ao bater de alegres castanholas
Ou ao rir de crianças nas escolas!
A jeito indubitavelmente meu,
Narrarei no poema a minha história
Que um dia ninguém nunca se atreveu
A contar, nem com brio, honra ou glória.
Não sendo narcisista, nela eu
Farei do vão futuro vã memória
E assim, talvez volvido outro milénio,
Alguém me julgue um louco, alguém um génio!
Só versos me libertam das algemas
Com que outros me acorrentam ao Vazio.
Já quase até naufrago nos problemas
Que desaguam em revolto rio.
A foz das minhas mágoas são poemas
De metáforas ditas sempre a frio.
O que de pai e mãe trago na veia
É o filho que me sou nesta epopeia!
E p’ra que não se negue engenho e arte
À Obra, cuja forma é doutros Sábios,
Registo que é do sangue que então parte
Em busca doutras vozes, doutros lábios,
Numa esfera de utópico estandarte…
- Ah!, quem souber meus versos, grite-os!, gabe-os!,
Porquanto só com eco e muita estima
É que nas asas levarei a Rima!
Na prateleira farta do Saber
Colocarei meus versos, um a um.
Não há pó que me dê menos prazer
Do que aquele que ao limpar se espalha algum
E cobre de ignorância todo o Ser
Que lê versos, sem nunca ler nenhum.
- Na selva de quem nada sente ou nutre,
Não se é leão nem águia – só abutre!
Na alma do Poeta há uma planície
Que se estende p’ra lá da Imensidão
E até mesmo a brotar da superfície
Uma flor é maior do que um vulcão.
Tão longe, bem distante da Imundície,
O seu voo será rumo à Canção.
Só aí, nesse extremo de veludo,
É que ele dirá ter visto Nada e Tudo!
Repouse o vagabundo que hoje sou
No berço eterno, perto da sarjeta,
Na qual o D. Corrupto me deitou
Com pompa e circunstância de vedeta,
Que Deus, sendo do Vate pai e avô,
Preferirá, por certo, esta faceta
De eu pôr nos versos tantos rouxinóis
Quantas as fadas que eu amei em Góis!
Cumpram-se, pois, as profecias dantes:
Qual Mercúrio de alados calcanhares,
Voar da Terra ao Céu, por uns instantes,
E confundir, então, lugares e mares;
Transformar as palavras em diamantes
E ser Amor a língua dos cantares.
Por fim, casar Loucura com Juízo
P’ra que seja a Poesia o Paraíso!
EPÍLOGO
Nasci ave. Sou homem por disfarce.
Quis Deus que as minhas asas fossem braços.
Levo no bico um verso a libertar-se
Da voz lírica de êxito em fracasssos.
Meu Estro está, por fim, a aproximar-se
Da Imensidão que voa nos meus passos...
Ninguém mais ouça, pois, a lamentar-se
A lágrima-sorriso em olhos baços!
Alpista nunca foi da Arte a míngua;
Eu já regurgitei a minha língua
Ao ser Poeta – o autor do próprio réu!
Por isso voo. Tenho por prisão
A liberdade, mas do coração...
– Gaiola onde invento o imenso Céu!
Paulo Ilharco
(Poema de força na cedilha)
é um livro em 9 cantos
NOTA DO AUTOR
Não me venham com terra nem com mAR!
Tenho asas desde a alma ao calcanhAR!
– As minhas mãos, Leitor, são p’ra voAR!
CANTO PRIMEIRO
Asas de dia e noite, asas de luz!
- Eis a feliz tristeza que me invade
E me leva a escrever a própria cruz
Que escondi mesmo atrás da Eternidade,
Onde outra Lua e outro Sol compus,
Talvez aqui, talvez duma cidade
A Marte, imaginária – desse Mundo
Em que Deus é primeiro e não segundo!
Fecundei-me em entranhas de cegonha
Que, arrogante, planava no Mondego…
E voava, voava!... – o Poeta sonha,
Enquanto o rumo for Desassossego.
No bico não cabia nem Vergonha,
Se a Margem de Coimbra era aconchego
Para erguer Rebeldia na caneta
E frequentar a Torre num cometa!
Nas palavras invento a minha vida,
Já gastas p’los poetas bons e maus:
Devolvi o perfume à margarida,
Redescobrindo o Mundo noutras naus.
Nos livros jamais sara a cruel f’rida
De me atirarem pedras e calhaus…
De repente, a cegonha adormeceu
E ao colo do horizonte estava eu!
E como se lirismos não bastassem
Para ostentar tamanha maldição,
Impus-me que os meus olhos não me olhassem
Com a lúgubre voz do coração
E as minhas lágrimas, tão-só, lavassem
O rosto de quem ouve esta canção:
Musas-herdeiras d’alma que me habita,
Dedico os versos a Patrícia e a Rita!
Darei a volta ao Mundo, folheando.
Tenho asas p’ra abraçar o Povo inteiro.
Não sei ao certo como, onde e quando,
Mas a voz sairá do meu tinteiro
Mais a disparos de canhões soando
Ou ao bramir do mar contra um veleiro,
Do que ao bater de alegres castanholas
Ou ao rir de crianças nas escolas!
A jeito indubitavelmente meu,
Narrarei no poema a minha história
Que um dia ninguém nunca se atreveu
A contar, nem com brio, honra ou glória.
Não sendo narcisista, nela eu
Farei do vão futuro vã memória
E assim, talvez volvido outro milénio,
Alguém me julgue um louco, alguém um génio!
Só versos me libertam das algemas
Com que outros me acorrentam ao Vazio.
Já quase até naufrago nos problemas
Que desaguam em revolto rio.
A foz das minhas mágoas são poemas
De metáforas ditas sempre a frio.
O que de pai e mãe trago na veia
É o filho que me sou nesta epopeia!
E p’ra que não se negue engenho e arte
À Obra, cuja forma é doutros Sábios,
Registo que é do sangue que então parte
Em busca doutras vozes, doutros lábios,
Numa esfera de utópico estandarte…
- Ah!, quem souber meus versos, grite-os!, gabe-os!,
Porquanto só com eco e muita estima
É que nas asas levarei a Rima!
Na prateleira farta do Saber
Colocarei meus versos, um a um.
Não há pó que me dê menos prazer
Do que aquele que ao limpar se espalha algum
E cobre de ignorância todo o Ser
Que lê versos, sem nunca ler nenhum.
- Na selva de quem nada sente ou nutre,
Não se é leão nem águia – só abutre!
Na alma do Poeta há uma planície
Que se estende p’ra lá da Imensidão
E até mesmo a brotar da superfície
Uma flor é maior do que um vulcão.
Tão longe, bem distante da Imundície,
O seu voo será rumo à Canção.
Só aí, nesse extremo de veludo,
É que ele dirá ter visto Nada e Tudo!
Repouse o vagabundo que hoje sou
No berço eterno, perto da sarjeta,
Na qual o D. Corrupto me deitou
Com pompa e circunstância de vedeta,
Que Deus, sendo do Vate pai e avô,
Preferirá, por certo, esta faceta
De eu pôr nos versos tantos rouxinóis
Quantas as fadas que eu amei em Góis!
Cumpram-se, pois, as profecias dantes:
Qual Mercúrio de alados calcanhares,
Voar da Terra ao Céu, por uns instantes,
E confundir, então, lugares e mares;
Transformar as palavras em diamantes
E ser Amor a língua dos cantares.
Por fim, casar Loucura com Juízo
P’ra que seja a Poesia o Paraíso!
EPÍLOGO
Nasci ave. Sou homem por disfarce.
Quis Deus que as minhas asas fossem braços.
Levo no bico um verso a libertar-se
Da voz lírica de êxito em fracasssos.
Meu Estro está, por fim, a aproximar-se
Da Imensidão que voa nos meus passos...
Ninguém mais ouça, pois, a lamentar-se
A lágrima-sorriso em olhos baços!
Alpista nunca foi da Arte a míngua;
Eu já regurgitei a minha língua
Ao ser Poeta – o autor do próprio réu!
Por isso voo. Tenho por prisão
A liberdade, mas do coração...
– Gaiola onde invento o imenso Céu!
Paulo Ilharco
PAULO JORGE DIAS NOGUEIRA ILHARCO nasceu a 26 de Maio de 1961, na freguesia de S. Bartolomeu, em Coimbra. Ainda muito jovem, concluiu o curso superior de Línguas e Literaturas Modernas, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo-lhe sido atribuídas bolsas de estudos pelos governos britânico e espanhol. Desde então, tem vindo a exercer as funções docentes, como professor de português e inglês, em diversas escolas do país.
Livros publicados:
Sonetos Imperfeitos (1991)
Chão Sagrado - Sonetos-Mais-Que-Imperfeitos (1992)
Paranóia - Sonetos do Reencontro (1995)
Transgressão - Poemas ao Ocaso (1997)
E Nu Sente - Sonetos (E)ternos (2002)
Ideias... E Dei-as! - Quadras doídas sem acento no ' i ' (2004)
(Os quatro últimos livros com chancela das Edições MinervaCoimbra)
1 comentário:
superas- te todas as espectativas... mais uma vez impecável. Cristina
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