domingo, novembro 16, 2008

Obra revela ‘popliteratur’ alemã

Gonçalo Vilas-Boas, Maria Manuela Gouveia Delille,
João Rodrigues e Isabel de Carvalho Garcia


As Edições MinervaCoimbra e o Centro Interuniversitário de Estudos Germanísticos (CIEG) lançaram mais um volume da colecção Minerva/CIEG, o 14.º, coordenada por Maria Manuela Gouveia Delille. Trata-se da obra “O Espaço no Romance ‘Faserland’ de Christian Kracht”, da autoria de João Filipe Medeira Rodrigues. A apresentação esteve a cargo de Gonçalo Vilas-Boas, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

O livro resulta da tese de mestrado do autor, orientada por Maria Manuela Gouveia Delille, e analisa uma das obras do escritor Christian Kracht, considerado já “um clássico da literatura alemã” apesar de ter apenas 42 anos, referiu a professora durante a sessão. De facto, o romance analisado por João Rodrigues, “Faserland”, tem sido “frequentemente apontado como um marco na literatura de expressão alemã dos anos 90 e como ponto de partida para o crescimento da ‘popliteratur’”, pode ler-se na obra.

Segundo Gonçalo Vilas-Boas, a popliteratur é “uma tendência literária de meados dos anos 90 do século passado, tematizando drogas e sexo, centrados em festas, em marcas de prestígio, frequentemente referidas nos textos”.

Em “Faserland”, salientou o professor da FLUP, “é narrada uma viagem do Norte da Alemanha até Zurique. Trata-se não de uma viagem normal, com vistas sobre os locais por onde o narrador passa, mas de uma viagem repleta de festas, de bares, numa atitude de tédio permanente, nesta ‘roadstory’ através da Alemanha. A última festa, no sul do país, culmina com o suicídio de um amigo do narrador”.

A viagem descrita no livro de Christian Kracht, continuou, “é, contudo, também a fuga e a procura de uma outra vida”, num texto em que “o narrador não se consegue relacionar com os espaços por onde passa, acabando por os sentir como impessoais, mesmo hostis”. Aliás, “o livro de Kracht termina no meio do lago de Zurique, numa situação aberta, não se sabendo se o narrador de suicidou ou se se alterou algo no percurso que irá percorrer longe dos olhos dos leitores”.

Quanto ao trabalho de João Rodrigues, e de acordo com Gonçalo Vilas-Boas, de “um estudo de grande qualidade sobre o espaço, uma geração, uma viagem. Tendo em conta que o público-alvo nem sempre sabe alemão, todas as citações são traduzidas, aliás no espírito desta colecção. Deste modo, o público interessado pode facilmente ler este livro, escrito de um modo claro e rigoroso, permitindo a um não-germanista conhecer este autor que fascina pelas diversas feituras que os seus textos permitem”.

João Filipe Medeira Rodrigues é assistente da área científica de Línguas da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Beja e investigador do CIEG.









Sem comentários: