terça-feira, dezembro 02, 2008

O dever de educar numa escola

Continua dia 2 de Dezembro o ciclo “O Dever de Educar” que, no âmbito das Terças Feiras de Minerva, recebe na sua quarta sessão, intitulada “O dever de educar numa escola”, Francisco Sobral Henriques, professor de Filosofia e presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Quinta das Flores (Coimbra), cujo trabalho deixa transparecer um pensamento seguro em torno desse dever.

Depois de ter dissertado sobre o sentido do dever de educar e, para melhor o compreender, ter feito uma breve incursão pela história do ensino, o ciclo volta agora à actualidade, centrado-se numa escola onde o dever de educar tem assumido um claro significado na orientação das práticas educativas.

O ciclo “O Dever de Educar” realiza-se na Livraria Minerva (rua de Macau 52, Bairro Norton de Matos), às 18h15, e é aberto ao público.



Isabel de Carvalho Garcia, Aurora Viães, Delfim Leão e João Boavida


Recorde-se que a última sessão, dedicada ao tema “O dever de educar dos antigos”, contou como convidado com Delfim Leão, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, numa conversa conduzida por Aurora Viães e João Boavida. Durante cerca de uma hora, revisitaram-se escolas e educadores situados na antiguidade clássica e as suas múltiplas formas de encarar e concretizar o dever de educar.


Começando por abordar a educação na perspectiva de Homero, através da análise dos seus poemas épicos, Delfim Leão destacou o papel dos heróis no estabelecimento de padrões de comportamento que os jovens deveriam procurar imitar. O passar do tempo acentuou a preocupação com a formação dos jovens, que deveriam ser iniciados no que se entendia serem as três áreas fundamentais para a formação do Homem: a educação física, a música e as letras.

O docente de Estudos Clássicos apresentou, de seguida, as opções diferenciadas da educação espartana e ateniense. A primeira, conotada com um regime oligárquico, privilegiava sobretudo a vertente física da formação, de maneira a fazer de cada cidadão um soldado eficiente. O modelo ateniense, de influxo democrático e aberto à liberdade de expressão, reforçaria a vertente intelectual da formação, sendo que as figuras dos Sofistas vieram dar um contributo importante para o desenvolvimento das capacidades retóricas postas ao serviço da intervenção cívica. Neste contexto, discutiu também o significado de termos como pedagogo (‘condutor da criança’) e demagogo (‘condutor do povo’).

Delfim Leão deteve-se, por último, na época de Alexandre Magno, explicando que, para este governante, o dever de educar se prendia com o surgimento de um Homem novo que fundisse as características mais relevantes das civilizações grega e oriental. Mais do que um cidadão de uma pólis, cada pessoa era entendida, agora, como um “kosmopolites”, ou seja, um ‘cidadão do mundo’.

Organizado por Helena Damião, João Boavida, Isabel de Carvalho Garcia, Mónica Vieira e Aurora Viães, este ciclo pretende discutir com os convidados — escritores, cientistas, filósofos, artistas, investigadores, jornalistas e estudantes —, e em forma de entrevista, como tem sido entendido o dever de educar. Como é, ou como deve ser, entendido na actualidade.






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