sexta-feira, março 14, 2008

Falta cultura de segurança



A Livraria Minerva e o Departamento da Cultura da Câmara Municipal de Coimbra promoveram uma sessão das Terças-Feiras de Minerva sob o título “Inundações rápidas em Portugal – os riscos e as catástrofes”. Com uma intervenção da responsabilidade de Fernando Rebelo, ex-reitor da Universidade de Coimbra e docente de Geografia da FLUC, estiveram também presentes o governador civil do Distrito de Coimbra, Henrique Fernandes, o vereador da Cultura, Mário Nunes, o segundo comandante distrital de Operações de Socorro e ex-comandante dos Bombeiros Voluntários de Coimbra, Paulo Palrilha, e Isabel de Carvalho Garcia, das Edições MinervaCoimbra.

Recordando através de imagens e gráficos várias das mais graves inundações que se registaram em Portugal, continente e ilhas, Fernando Rebelo afirmou não acreditar que uma mudança de clima possa trazer, no futuro, fenómenos atmosféricos mais extremos, ainda que a temperatura aumente.

“Não estou muito preocupado com o futuro”, referiu. “Mesmo que a temperatura anual aumente dois graus, o que não é previsível, vamos continuar a ter um clima mediterrâneo afectado pelo Atlântico”. Manifestando também algumas reservas quanto às origens do aquecimento do planeta, o antigo reitor da Universidade de Coimbra concordou que existe uma mudança de clima, mas que este sempre foi, por si só, sinónimo de mudança.

E “não é nada de dramático falar de mudança, que também não é sinónimo de catástrofes ou situações de risco”, acrescentou. Para Fernando Rebelo, o aquecimento que se registou ao longo do século XX “não foi, nem está a ser, o pior desde que o homem está ao cimo da Terra”. Efectivamente, elucidou, os períodos mais quentes e longos do planeta verificaram-se entre os anos 300 a.C. e 400 d.C. e depois entre os anos 750 e 1.150, coincidindo com o desaparecimento da Gronelândia.

Quanto ao risco de inundações, Fernando Rebelo alertou para as más construções em leito de cheia e para o subdimensionamento de infra-estruturas, como estradas, muros e pontes, agravadas por uma precipitação muito intensa e impermeabilização de áreas urbanas e falta de preparação dos esgotos.

Para o geógrafo, as inundações registadas em Fevereiro deste ano na zona de Lisboa, ficaram a dever-se a forte pluviosidade. Fernando Rebelo alertou que “é preciso evitar erros de impermeabilização”, e também de dimensionamento de infra-estruturas, bem como plantar mais árvores e cumprir a legislação existente para diminuir os riscos das inundações.

Paulo Palrilha, por seu turno, referiu que falta em Portugal uma cultura de segurança, acrescentando, no entanto, que a água é o maior inimigo da engenharia. “O problema das inundações não está nas mudanças climáticas mas sim no deficiente ordenamento
do território”, concluiu ainda.




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