quarta-feira, março 28, 2007

Terças-Feiras de Minerva recordaram João Chagas e Veiga Simões


No âmbito das "Terças-feiras de Minerva", a Livraria Bertrand do Dolce Vita e a Livraria Minerva promoveram uma sessão com Noémia Malva Novais e Lina Alves Madeira, sobre o tema “João Chagas e Veiga Simões, dois símbolos da diplomacia portuguesa”.

Na hora de decidir sobre a ida de Portugal à I Guerra Mundial, as teses intervencionista e anti-intervencionista que se defrontaram deixaram claro que para os “guerristas” estavam, fundamentalmente, em causa a sobrevivência da Nação, o reforço do prestígio internacional da República, a ameaça espanhola e a defesa do património colonial português — há muito ameaçado, especialmente, pela avidez da Inglaterra e da Alemanha. João Chagas assume-se, neste contexto, como um dos defensores mais radicais da participação portuguesa na I Guerra Mundial — o seu motor de arranque —, pelo que, no momento da partilha dos benefícios entre os participantes no conflito, sobrevive, através dele, a memória de um Portugal injustiçado, porém, em certa medida, co-responsável por essa injustiça.

Mais tarde, Veiga Simões, foi observador atento do que se passava na Alemanha, tendo deixado um conjunto de narrações e reflexões polémicas ou irónicas sobre os grandes acontecimentos políticos, militares e diplomáticos daquele país, que só um homem com algum afastamento conseguiria escrever. Autor de uma reflexão crítica em relação ao nazismo absolutamente notável, Veiga Simões percebeu toda a lógica do nazismo, assistiu à sua evolução e às transformações sociais e políticas que o acompanharam, relatando-as sempre com um notável cuidado diplomático.

Noémia Malva Novais é autora do livro “João Chagas. A diplomacia e a Guerra”, das Edições MinervaCoimbra, no qual aborda a problemática da participação de Portugal na Guerra que assolou a Europa entre 1914 e 1918, bem como na Conferência da Paz que, entre Janeiro e Junho de 1919, decorreu em Paris. Orientado pela acção de João Chagas, ao tempo diplomata em Paris, o leitor é conduzido pelo curso da História Contemporânea de Portugal, da Europa e do Mundo, como se assistisse ao filme dos acontecimentos mais marcantes da época.

Lina Alves Madeira é autora do livro ”Correspondência de um diplomata no III Reich. Veiga Simões: ministro acreditado em Berlim de 1933 a 1940” que reproduz uma série seleccionada de cartas diplomáticas, escritas por Veiga Simões entre 5 de Setembro de 1933 e 16 de Maio de 1939, aos sucessivos ministros dos Negócios Estrangeiros – José Caeiro da Mata, Armindo Monteiro e ao próprio Salazar, que interinamente assumiu o cargo.

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