quarta-feira, agosto 16, 2006

Vida de Rómulo

Vida de Rómulo, Plutarco
Tradução de Delfim F. Leão
Colecção MinervaTextos 2
MinervaCoimbra 2006
88 pp . ISBN 972-798-172-0


A maioria das fontes antigas aceitava que Rómulo e Remo haviam nascido de Reia Sílvia, filha do rei Numitor, o legítimo herdeiro do trono albano e que fora deposto pelo irmão Amúlio. Como forma de prevenir a eventual reivindicação do sólio por algum descendente de Numitor, Amúlio obrigou a sobrinha a fazer-se Vestal. Dado que as servidoras de Vesta tinham de permanecer virgens, o nascimento dos gémeos encontrava-se, de certa forma, envolto em polémica e infracção, o que teria facilitado a decisão de Amúlio de mandar lançar as crianças ao Tibre.
Da piedade ou receio da pessoa encarregada de cumprir a sentença resultou que os dois irmãos foram colocados numa cesta que, ao ser arrastada rio abaixo pela correnteza, acabaria depositada no banco de areia de uma das margens. Uma vez aí, os gémeos começaram por ser amamentados por uma loba, até que uns pastores os recolheram e criaram. Rómulo e Remo cresceram nesse meio, ignaros da verdadeira identidade, embora as suas naturais qualidades de liderança os projectassem como chefes dos companheiros, que se envolviam em frequentes escaramuças e bravatas com outros pegureiros, piratas e ladrões que actuassem na região.
Ao tomarem conhecimento da real ascendência, os gémeos atacaram Alba Longa e repuseram no trono o avô, Numitor, embora optassem por não permanecer na cidade, cujo governo lhes caberia mais tarde por direito. Em vez disso, decidiram fundar uma colónia de Alba Longa, no local onde haviam sido salvos. A nova urbe acabaria por chamar-se Roma, designação que derivaria de Rómulo, depois de ele ter assassinado o irmão numa querela fútil, por alturas da delimitação das muralhas da cidade. Roma conheceu um crescimento rápido, devido sobretudo à grande capacidade de integração e acolhimento de outras pessoas, mesmo de elementos marginais e potencialmente perigosos, se bem que o futuro a médio prazo se visse comprometido pela falta de mulheres; daí o episódio do rapto das mulheres sabinas e posterior integração dos Sabinos, traduzida na partilha do governo entre Rómulo e Tito Tácio. Roma continuou a aumentar em poder e importância demográfica, numa expansão rápida, justificada essencialmente por dois factores: por um lado, a poderosa força bélica, que ora atraía e forçava a celebração de alianças com os vizinhos ora permitia infligir pesadas derrotas aos inimigos; por outro, a enorme capacidade para absorver elementos externos, fossem imigrantes, confederados ou mesmo as partes vencidas em conflito.

Já publicado nesta Colecção:
A Coragem das Mulheres, Plutarco
Tradução de Maria do Céu Fialho, Paula Barata Dias e Cláudia Cravo da Silva
Colecção MinervaTextos 1
MinervaCoimbra 2001
70 pp . ISBN 972-798-001-5

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