sexta-feira, outubro 31, 2008

CORES DE OUTONO na Galeria Minerva

A Galeria Minerva tem o gosto de convidar para a inauguração da exposição colectiva de pintura

CORES DE OUTONO

com Bual, Carlos Centeno, Cecília Guimarães, Figueiredo Sobral, Jaimendes, Maluda, Mário Silva, Michael Barrett, Paula Rego, Taraio, Puig, Silva Duarte e Silva Palmeira.

A sessão realiza-se no próximo dia 31 de Outubro de 2008, pelas 18h30, na Galeria Minerva (Rua de Macau 52), em Coimbra.

A exposição estará patente até ao dia 19 de Novembro, de segunda feira a sábado das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 20h00. Seguir-se-á, dia 22 de Novembro, a abertura da exposição colectiva de aniversário, comemorativa dos 10 anos de actividade da Livraria Galeria Minerva.

quarta-feira, outubro 29, 2008

Lançamento : NO REGAÇO DA MEMÓRIA














Do avesso

do avesso
em lugar de passagem
ouvi o gaio que sozinho
fugiu
e me deixou
solene
olhei o gaio
longe



Cultor do direito penal e da filosofia do direito. José Francisco de Faria Costa, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tem usado o nome literário de Francisco d'Eulália em obras que não estejam ligadas ao seu magistério universitário. Foi assim com a “Raiz do Teu Gesto”, o primeiro livro de poesia de Francisco d'Eulália, com “Belém e outros escritos breves” e em “A cor da Manhã”. Todavia, já publicou a “Razão das Coisas” e “Cartas a Sofia” com o seu verdadeiro nome, sendo certo que estas duas obras são uma recolha de textos que regularmente publicava em “O Primeiro de Janeiro”.

Francisco d'Eulália e José Francisco de Faria Costa têm o mesmo rosto e alma. Distingue-os a escrita, o uso que dão às palavras. O primeiro deixa marcas de gente que sente, sonha, sofre. O segundo cultiva o saber jurídico.



quinta-feira, outubro 23, 2008

Perspectiva de formação está esquecida na educação

João Matos Boavida, Helena Damião e Isabel de Carvalho Garcia


João Matos Boavida, professor da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra foi o primeiro convidado do ciclo “O Dever de Educar” que as “Terças Feiras de Minerva” iniciaram esta semana. Numa sessão conduzida por Helena Damião, também professora FPCEUC, João Matos Boavida falou precisamente de “O Dever de Educar” na actualidade.

O especialista em educação começou por recordar a diferença entre educar e instruir que, afirmou, “está um pouco esquecida”. Actualmente, as crianças vão para a escola para se prepararem em termos cognitivos para uma profissão, mas para João Matos Boavida, o mais necessário nos dias de hoje “é a educação numa perspectiva de formação, conceito que tem vindo a perder terreno em relação à perspectiva instrução”.

Segundo o docente da Universidade de Coimbra, “há uma demissão generalizada que corresponde ao empalidecimento de certas regras e de certas formas de fazer e toda a gente sente que isto é um problema actual. Penso que a ideia do dever de educar no sentido de obrigação tem que ser recuperada e não entra em contradição com a escolaridade”. A verdade é que “a escolaridade aumentou, mas simultaneamente houve como que uma espécie de demissão da escola na formação dos jovens”.

Por outro lado, afirmou o especialista, “a ideia de que a criança e o jovem se podem desenvolver naturalmente, auto-orientando-se, porque têm em si as condições para o conseguir, e de que os educadores não devem intervir porque é sempre um processo de coacção e de prejuízo, é uma ideia romântica mas está errada”. Os jovens, referiu ainda, “devem ser educados com uma razoável dose de liberdade, porque evidentemente precisam de ser estimulados de forma harmoniosa, mas há formas de controlo, há inserções sociais, há enquadramentos, há objectivos que a sociedade tem obrigação de ir fornecendo”.

A educação é um processo de transformação comportamental em função de uma melhoria, de uma qualificação, de um aperfeiçoamento, explicou João Matos Boavida. Mas “a própria ideia de aperfeiçoamento caiu, de algum modo, em desuso nalgumas esferas. Temos noção do que é um atleta que se treina para atingir um certo nível, com objectivos muito concretos em termos de rendimento, mas em termos de qualificação e de formação isso já não existe”.

Esta é uma noção que não existe em termos de “aperfeiçoamento espiritual, desenvolvimento intelectual, alargamento de cultura, capacidade de interpretação e análise, formas de compreensão e de interpretação que são coisas muito mais vagas mas que deviam funcionar da mesma forma. Há uma diluição desta problemática, até pela multiplicação de métodos pedagógicos que são, hoje, muito mais dispersos, mais diluídos”, lamentou ainda o especialista numa sessão largamente participada pelo público presente, e que culminou num saudável debate.

Organizado por Helena Damião, João Matos Boavida, Isabel de Carvalho Garcia, Mónica Vieira e Aurora Viães, o ciclo “O Dever de Educar” pretende discutir com os convidados — escritores, cientistas, filósofos, artistas, investigadores, jornalistas e estudantes —, e em forma de entrevista, como tem sido entendido o dever de educar. Como é, ou como deve ser, entendido na actualidade.

Estes encontros, com uma regularidade quinzenal, serão destinados a todos os que possam ter interesse pela educação. As sessões são abertas ao público e o ciclo continua com sessões a 4 e 18 de Novembro e a 2 e 16 de Dezembro. Nas outras terças feiras, de uma forma alternada, serão abordados outros temas que vão desde a literatura, poesia, arte, gastronomia, saúde até aos grandes temas da actualidade.





[Novidade] A TV DO REAL



De tão presente no nosso quotidiano quase não damos pela sua presença, mas a televisão lá está, comodamente instalada em nossas casas, abrindo diante de nós um mundo que também é assim porque ela existe. Curioso: pelo pequeno ecrã temos acesso àquilo que de mais importante se passa à nossa volta, mas a construção televisiva da realidade também redesenha o mundo que temos. Há, pois, aqui um movimento circular entre televisão e sociedade que nos pede que, por momentos, pensemos este binómio com alguma distância em relação ao corropio das imagens e dos sons audiovisuais. Foi isso que fizemos na nossa tese de doutoramento sobre a informação televisiva dos canais generalistas portugueses. O trabalho empírico deu origem à obra "A TV das Elites" (Ed. Campo das Letras, 2007). Este livro fala dos fundamentos que envolvem aquilo que a TV (não) é.

Felisbela Lopes



"Este livro de Felisbela Lopes passa a constituir uma obra de referência no estudo dos media e particularmente da televisão como dispositivo tecnológico e como fenómeno na construção e (des)construção da sociedade contemporânea. Mas não é só. Provavelmente a televisão é um dos assuntos que mais se discute em Portugal. A leitura deste livro é um precioso 'mapa' orientador de uma discussão mais fundamentada e baseada em argumentos decisivos. Até porque, como escreve a autora, 'a confusão que se vive na justiça, na política, na ciência e na vida quotidiana está dentro, mas também está fora da televisão'".

José Manuel Paquete de Oliveira (Prefácio)


"A TV do Real" é o n.º 53 da Colecção Comunicação dirigida por Mário Mesquita.


Felisbela Lopes é Professora no Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho desde 1995 onde tem leccionado várias disciplinas ligadas ao Jornalismo. Fez Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica no âmbito do serviço público de televisão (dissertação) e das fontes de informação (relatório de aula). É doutorada em informação televisiva, com uma tese intitulada "Uma Década de Televisão em Portugal (1993-2003). Estudo dos programas de informação semanal dos canais generalistas".
É autora dos livros "O Telejornal e o Serviço Público" (MinervaCoimbra, 1999), "A TV do Futebol" (Campo das Letras, 2006) e "A TV das Elites" (Campo das Letras, 2007). É também autora de diversos capítulos sobre televisão em livros colectivos e em revistas da especialidade. Desenvolve investigação académica no âmbito da informação televisiva e das fontes de informação.
Trabalhou na Rádio Universitária do Minho. Foi jornalista do jornal "Público" entre 1990 e 1995. É comentadora da RTP (rubrica de "Revista de Imprensa") desde 2005. Colabora com vários jornais.


Foto da autora: © Paulo Pimenta

quarta-feira, outubro 22, 2008

"O chão da renúncia" apresentado no Canadá

Victoria College (Universidade de Toronto),
onde funciona o Departamento de Espanhol e Português



Realizou-se no Departamento de Espanhol e Português da Universidade de Toronto uma sessão de apresentação do livro
O CHÃO DA RENÚNCIA de Aida Baptista.

A sessão, que contou com a presença da autora, realizou-se no âmbito do Congresso "Ensino de Português nas Universidades da América do Norte: Situação e Desafios", que decorreu naquele Departamento entre 16 e 18 de Outubro.

A apresentação esteve a cargo de Ilda Januário, cujo texto aqui reproduzimos:


Uma manta e uma passadeira para (sobre)viver no Chão da Renúncia

Cara Aida,

Daqui para a minha terra
Tudo é caminho e chão
Tudo em crónicas e prosas
Escritas por minha mão.

Caros congressistas, senhoras e senhores,

Foi em 2004 que a Aida Baptista, autora do livro que lançamos hoje, O Chão da Renúncia, me pediu para fazer parte do painel do lançamento, no Sardoal, do seu primeiro livro, Passaporte Inconformado. Foi um prazer inesperado ter sido por ela convidada para fazer a apresentação deste seu segundo livro em Toronto, o que faço com o maior gosto e, espero, com alguma perícia. Não a perícia do escritor, nem a do crítico literário, nem sequer a da conterrânea angolana, mas sim a da amiga e leitora fiel das suas crónicas no semanário de Toronto, O Post-Milénio.

Na verdade, estava muito curiosa para ver como ela iria reunir as crónicas escritas em Angola, e sobre Angola, para efeitos de um livro. São ao todo 43 crónicas, revistas e prefaciadas pelo nosso melhor escritor luso-canadiano de língua portuguesa, Eduardo Bettencourt Pinto. E devo confessar que, assim reunidas e prefaciadas, com um poema dele sobre África, me deslumbraram pela variedade e a coerência de temas, ideias e sentimentos descritos.

Para citar Manuela Marujo, que também fez parte desse painel no Sardoal, acho que a este livro se aplicam as suas palavras de então, que cito:

Ela capta, de modo particular, as alegrias, a nostalgia, o sofrimento, os fracassos e os sucessos de um povo (...). As suas crónicas mais pessoais são umas vezes irónicas, outras divertidas, revelando ainda outras, uma mulher sensual, amante apaixonada da vida e das pessoas. São sempre escritas com grande beleza, inteligência e sensibilidade.

A crónica foi referida no texto de apresentação do Passaporte Inconformado pelo Álamo de Oliveira nos Açores, como sendo um género literário condenado à efemeridade que, dependendo de como é escrita e abordada, poderá ganhar direito à intemporalidade. Assim o reconheceu a editora MinervaCoimbra, ao publicar este segundo livro de crónicas de Aida Baptista. Para usar uma metáfora muito feminina e intimista, emprestada à Aida, uma crónica é um retalho, as sobras do tecido existencial que se deitam na cesta da escrita. Era hábito de se aproveitarem as sobras de tecido não usadas, na casa de família da autora.

As sobras dos dias (the remains of the day), alinhavadas em quatro páginas de manuscrito, depois de seleccionadas e de levarem os devidos cortes, são passadas à “máquina computadora”. A peça resultante é expedida para “obedecer à periodicidade de um compromisso com um órgão de comunicação social” (Álamo). Ela poderá vir a ser um texto memorável e duradouro, ou não, dependendo do tema, da maneira como é tratado, da inspiração e da qualidade da escrita do cronista.

Um dia, contou-nos a Aida em “Velhos são os Trapos”, há mais de trinta anos, confeccionou uma manta de retalhos tradicional que a acompanha para todo o lado. Nessa altura, em Portugal e depois na Finlândia, Aida não tinha ainda descoberto a sua enorme habilidade e gosto para redigir crónicas. Anos depois, fabricou um saco de viagem, com cinquenta “sobras” da sua vivência no Canadá, para nele carregar o seu passaporte inconformado, sem, cito, “imaginar o que o tear do futuro lhe reservava”. Agora sabemos que foi uma passadeira, para melhor calcorrear o chão da renúncia.

Ela própria utilizou esta metáfora na primeira crónica, “Pedaços de Mim”, cito:

À medida que for recolhendo das paredes os retalhos que deixei, juntá-los-ei um a um para completar a passadeira que se tece caminhando por todos os lugares que até hoje me prenderam.

Que a escrita, a costura e a urdidura têm muito em comum, disso não resta dúvida... Contudo, as analogias e metáforas femininas, que percorrem as crónicas da autora, não deixam de a remeter para a universalidade e a intemporalidade de quem urde e talha textos com a autoridade de mestre.

Neste livro, Aida Batista fala-nos de Angola. Mas foram vários os chãos que aí pisou, (nenhum deles asfaltado), muitas das vezes soterrados na lama, na poeira ou, ainda, na areia da praia da Baía Azul. É extensa a lista de caminhos que se entrecruzam sob os seus pés e ela nos leva a atravessar com humor, acuidade, sentido crítico, poesia e sensualidade. Cito outras expressões que empregou ao longo do livro: o chão da infância e das raízes ancestrais; do atraso estrutural; o chão do trágico-cómico, da desigualdade, dos amanhãs sem futuro, do imprevisto, da discórdia e do crime, minado pelos liames da ira; das ilusões e dos reencontros; e por fim o chão da aceitação plena, ou da falta dela, em que o chão da renúncia cruza com o da denúncia, feita com humor e serenidade.

O padrão colorido da passadeira urdida a partir das crónicas é coerente e deslumbrante. O chão da renúncia torna-se não só transitável, como surpreendente e gratificante. De repente, damos por nós a esquecer as inconveniências da viagem, num país em que domina a corrupção e o subdesenvolvimento, para entrarmos no dia-a-dia de quem escreve, com talento e discernimento, sobre o lugar e as suas gentes, incluindo alguns angolanos da diáspora, grupo a que ela pertence.

Visitamos um quotidiano de dois anos visto sob várias facetas: a da professora e dirigente do Centro de Língua Portuguesa de Benguela, inaugurado em 2003; a da mulher que vai ao encontro da sua infância e juventude, e a da dos seus filhos; que descobriu a sensualidade e o amor em Angola e lá constituiu família, e a da expatriada que regressou à terra esperando fechar um ciclo de vida, ou enrolar “o último fio da meada”, sem o conseguir, afinal. Ao sair de Angola pela primeira vez, na casa dos vinte, deixou para trás toda uma vivência, que, excluindo o casamento malogrado, tinha nela estampada o carimbo de “paraíso perdido”, marca que lhe vaticinou para sempre, como inconformado, o seu passaporte de viajante.

Para além da passadeira de crónicas que trouxe consigo, a Aida alude a uma manta de afectos que lá deixou, tecida nos bancos do Centro de Língua, com os alunos, o pessoal e outros elementos do povo, com quem cultivou mais de perto – empregadas domésticas, porteiros, os cambistas de rua, etc. Foi comovente como um dos estudantes da Aida, num poema por ele redigido, associa o A de Angola ao A de Aida, pela via do amor à língua comum:

Aida, não é você!
É um nome no português das nações reunidas

Uma leitura atenta revela que o título, Chão da Renúncia, descreve o âmago da realidade dos personagens, apareçam eles designados por nome ou não, desde a narradora, ao povo sofrido e resignado. É na verdade esse o grande tema que rima com outro igualmente importante, o da Denúncia.

A autora dá-nos a entender, de maneira visceral, e onde não reina senão o propósito da escritora atenta, sensível e arguta, da mulher em busca das suas raízes, o desconsolo de constatar que a relação entre Portugal e Angola continua a ser disfuncional; que a burguesia branca foi substituída pela negra, “os grandi da cidade”. Como aconteceu noutros países descolonizados, os “grandi” pouco mais sabem do que repetir e ampliar os erros da entidade colonizadora, desde a “chica-espertice”, à corrupção e ao amor ao luxo e às despesas de ostentação, até ao gosto pelos “corredores da intriga”, em vez da verdadeira governação e da elaboração de políticas “a partir do terreno”. Em particular, o terreno dos musseques, de casas de adobe e de terra batida, onde reina o HIV, a cólera e a mortalidade infantil, por lá viverem as hordas dos desenraizados provenientes das zonas rurais, onde meninos tomam conta de bebés, sem esperanças que um Pai Natal os recompense ao fim do ano. Os meninos que nos olham da belíssima capa de Marcolino Candeias.

Quero salientar a crónica enigmática “Violação inviolável”, que me parece emblemática da vivência dos angolanos, incluindo a dos expatriados. Afigura-se-me representar não só a face do relacionamento desonesto entre homem e mulher, como entre os intervenientes numa relação de poder, entre habitantes e nação. O povo, ou todo aquele/a que se encontra na mó de baixo, poderá ser autêntico, sábio e resignado, mas vê-se forçado a viver de expedientes, mesmo do roubo, depois de ter passado por todos os graus do desenrascanço. A burguesia, essa, usa modos cavalheirescos como meio para atingir a gratificação pessoal, fazendo uma governação sem alma da casa Angola, “onde a revolução prometida se mantém letra morta”. Mas a personagem feminina, em vez de debandar e esquecer o local onde foi cúmplice da sua própria violação, volta à casa e propõe-se a comprá-la e a redimi-la, a insuflar-lhe alma. Ao terminar a leitura, não duvidamos que o vai conseguir...

Por fim, e ainda usando a metáfora do amor erótico, quero ainda salientar a crónica final, a que Aida recorre para entender, e dar a entender, o seu relacionamento com o país em que se tornou mulher. Já havia feito algo de semelhante relativamente à história da língua portuguesa no Passaporte Inconformado, com “Dormiu com eles na cama”, que lhe valeu o comentário de Álamo, cito: “É uma preferência escrita que Aida Baptista domina de forma incomparável”.

Mas esta é apenas uma leitura deste conjunto de crónicas. Como qualquer bom livro, ele presta-se a várias leituras, onde - em prosa poética e intimista, sem deixar de ser rigorosa, contundente e humorística -, se sobrepõem, o microcosmo do dia-a-dia, da dor e da alegria, das partidas e das chegadas, com o macrocosmo do relativismo cultural, da mundividência, dos afectos repartidos pelos paralelos e meridianos da memória e da história. Obrigada, e parabéns querida Aida!

Ilda Januário, Toronto, 16 de Outubro 2008


Mais sobre a sessão pode ser visto aqui
(em vários números da revista)

Língua: Universidades que leccionam português no estrangeiro "estão muito fechadas sobre si próprias" - professora (2008-10-17) aqui

"Os Trautos de Miranda" apresentado em Miranda do Corvo



Integrado no programa da Feira do Mel 2008, realizou-se a 21 de Setembro, no Auditório da Câmara Municipal de Miranda do Corvo, uma sessão de lançamento do livro "Os Trautos de Miranda" de Edgard Panão.

A apresentação esteve a cargo de Maria Helena Damião, docente da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, e a sessão contou com a presença de amigos e familiares do autor.





terça-feira, outubro 21, 2008

O DEVER DE EDUCAR nas Terças Feiras de Minerva

“Há ideias confusas sobre o modo como se educa actualmente.”

Aristóteles, Política VIII



A Livraria Minerva retoma no próximo dia 21, pelas 18h15, as "Terças Feiras de Minerva" com a primeira sessão do ciclo “O DEVER DE EDUCAR” que terá como convidado o Professor Doutor João de Matos Boavida, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.

Organizado por Helena Damião, João Boavida, Isabel de Carvalho Garcia, Mónica Vieira e Aurora Viães, este ciclo pretende discutir com os convidados — escritores, cientistas, filósofos, artistas, investigadores, jornalistas e estudantes —, e em forma de entrevista, como tem sido entendido o dever de educar. Como é, ou como deve ser, entendido na actualidade.

Com eles se discutirá o significado da "aprendizagem activa", da "aprendizagem centrada no aluno", do "direito ao sucesso e da educação para a excelência", da "educação para a liberdade de escolha". Discutir-se-á também o "valor do conhecimento", na "responsabilidade de ensinar", na "importância de desenvolver capacidades como a memória, a compreensão e a criatividade", de "ser professor neste início de século", do "ensino que a escola proporciona" e de "escolas de excepção".

Estes encontros, com uma regularidade quinzenal, serão destinados a todos os que possam ter interesse pela educação — professores, pais, estudantes e público em geral.

As sessões são abertas ao público.

“O DEVER DE EDUCAR” continua com sessões a 4 e 18 de Novembro e a 2 e 16 de Dezembro. Nas outras terças feiras, de uma forma alternada, serão abordados outros temas que vão desde a literatura, poesia, arte, gastronomia, saúde até aos grandes temas da actualidade.

As sessões decorrem na Livraria Minerva (rua de Macau, n.º 52 - Bairro Norton de Matos), em Coimbra.

A Livraria Minerva da Rua de Macau — inaugurada a 21 de Novembro de 1998 — foi a primeira livraria em Coimbra a começar com tertúlias, intituladas "Terças Feiras de Minerva", com um periodicidade semanal, quinzenal ou mensal de acordo com os temas a debater, no fim da tarde ou pela noite.

Dependendo do interesse dos intervenientes, poesia, romance, ficção, ciências sociais e humanas, arte, saúde pública e temas da actualidade são debatidos regularmente desde há oito anos. Com a iniciativa pretende trazer-se ao debate e reflexão todos os cidadãos interessados e preocupados com a sua cidade, o seu país e o mundo.

Ao longo dos últimos 8 anos, houve sessões individuais ou por ciclos, destacando-se, entre outros, o ciclo "Coimbra – Uma candidatura a Património mundial da Unesco", em que foram intervenientes a maior parte dos elementos directamente ligados a esta candidatura, "A Arte", em conjunto com a Escola Universitária das Artes de Coimbra – EUAC", ou mais recentemente "A Mente: saúde e bem-estar" organizado pelas Edições MinervaCoimbra, Sociedade Portuguesa para o Estudo da Saúde Mental e Serviço de Violência Familiar do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra.

As "Terças Feiras de Minerva" também saíram fora do espaço Minerva, salientando-se a iniciativa "Mudar de Idade, Mudar de Museu", em que a Livraria Minerva se associou ao Museu Nacional de Machado de Castro e promoveu uma sessão no âmbito da Semana Internacional dos Museus, com uma série de palestras sobre o tema a cargo dos vários técnicos do MNMC. Mas também uma visita à Oficina de restauro do MNMC tendo como tema a "Última Ceia” de Odart, e visitas ao Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e à Biblioteca Geral da Universidade.

A Livraria Minerva foi também o único espaço que, em Coimbra, promoveu uma sessão de reflexão à volta do resultado do concurso "Os Grandes Portugueses" com historiadores, políticos, jornalistas e cidadãos.

Para os mais novos tem realizado em conjunto com os ATL e Escolas Básicas sessões livres de leitura e visitas pedagógicas ao espaço da Livraria, ensinando como é feito o tratamento de um livro desde que chega à editora até à sua colocação na estante e venda ao público.

Tem também colaborado com o Instituto Português do Livro e das Bibliotecas em sessões à volta do livro e da leitura integradas no Dia Mundial do Livro.

sábado, outubro 18, 2008

quarta-feira, outubro 15, 2008

[Novidade] ESTÉTICA DA ECCEIDADE



O pensamento contemporâneo poderá caracterizar-se, entre outros atributos, por ser um pensamento que pensa a individuação, a singularidade e o acontecimento. Este texto mostrará com muita clareza como é possível pensar, numa perspectiva contemporânea, textos arcaicos, em que a génese do conceito emerge, como é o caso com Duns Escoto, por exemplo. Por esta via torna-se claro o desafio proposto pela ordem da escrita e do escrito que consiste na resistência do texto ao seu contexto original. Sem adulterar a leitura, que se quer até literal, a proposta de Luís Lima é a de iluminar essa escrita longínqua, torná-la legível na actualidade, tarefa que, executada com rigor, não é desafio fácil. Daí que o conceito de hecceidade / ecceidade seja cotejado desde o seu emprego pelo projenitor escocês até ao emprego que dele fazem Deleuze e Guattari que o reinvestiram no século passado.

Maria Augusta Babo (Prefácio)


Luís Filipe Monteiro Lima nasceu em França a 8 de Setembro de 1971. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, em 1995, com uma tese sobre as ligações entre a crítica e a arte. Fez uma pós-graduação em Jornalismo Internacional na Universidade Autónoma de Lisboa e uma outra — em Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa — que o levou à conclusão do mestrado na mesma área com a investigação, contemplada por uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que está na origem da presente edição.
Iniciou actividade no jornalismo profissional passando pelas redacções da TSF e TVI para se afirmar na imprensa escrita como editor da revista Volta ao Mundo e do suplemento de viagens semanal do Diário de Notícias. Desenvolve, desde 2002, uma carreira de jornalista e tradutor free-lancer, colaborando com publicações como a revista National Geographic ou o programa Imagens de Marca da SIC Notícias e editoras como a Antígona ou A Esfera dos Livros. Foi ainda docente universitário na Escola Superior de Jornalismo do Porto.

Actualmente a redigir a sua tese de doutoramento, conta com o apoio de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para a investigação repartida em co-tutela entre o departamento de Literatura da Universidade Paris IV Sorbonne, sob orientação do professor Antoine Compagnon, e o departamento de Filosofia da UNL, sob a orientação do professor José Gil.

sábado, outubro 04, 2008

[Novidade] CAMPOS DA MEDIAÇÃO

Única obra do género em Portugal,
numa edição MEDIARCOM/MinervaCoimbra


A obra CAMPOS DA MEDIAÇÃO será apresentada no próximo dia 16 de Outubro no âmbito do Dia Mundial da Resolução de Conflitos.
A sessão decorrerá no Auditório do GRAL, Ministério da Justiça.






Os conflitos são inevitáveis. Podem ser destruidores de bens e de vidas. Podem ser motores de inovação e de mudanças positivas. O seu resultado depende da maneira como são trabalhados e resolvidos.
A mediação de conflitos com um mediador profissional, estranho ao conflito, abre um largo espaço para soluções criativas e positivas em que todas as partes podem ganhar.
A conferência da MEDIARCOM Associação Europeia de Mediação, com os parceiros dos EUA, Association for Conflict Resolution (ACR), reúne na terceira quinta-feira de Outubro de cada ano, em comemoração do Dia Mundial da Resolução de Conflitos, personalidades notáveis da mediação a nível mundial.

Nesta obra, que divulga as perspectivas dessas personalidades, conheça os Novos Caminhos e os Novos Desafios para a mediação de conflitos. Leia este livro e na próxima vez em que estiver envolvido num conflito chame os mediadores profissionais de conflitos que ajudarão a encontrar uma resolução! O que tem a perder?


Coordenador/Editor:
José Vasconcelos-Sousa

Autores:

Albertina Pereira, formada em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa, Juiz de Direito na Relação do Porto, Presidente da secção portuguesa do Agrupamento Europeu dos Magistrados pela Mediação (GEMME) e docente.

João Tiago Silveira, formado em Direito e Mestre em Direito Administrativo pela Universidade de Lisboa, desde Março de 2005 é Secretário de Estado da Justiça do XVII Governo Constitucional de Portugal

José Vasconcelos-Sousa, MScB, com Tese, Sloan School of Management, Massachusetts Institute of Technology (MIT), consultor empresarial e mediador, formado em mediação pela Harvard Law School, Program of Instruction for Lawyers (PIL), docente, e Presidente da MEDIARCOM European Mediation Association.

Lia T. Vasconcelos, Docente do Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (UNL).

Patricia Malbosc, advogada especializada em direito fiscal empresarial em Paris, Presidente da Consulte des Médiateurs d’Entreprise, vice-presidente da MEDIATION-NET e formadora em mediação.

Mohamed M. Keshavjee, formado em Direito, membro do Secretariat of His Highness the Aga Khan em França, membro do Board of Governors do Institute of Ismaili Studies, Londres, e do Advisory Committee do Festival of Muslim Cultures no Reino Unido.

Ramón Alzate, membro Fundador da MEDIARCOM é Professor de Análise e Resolução de Conflitos e Director Científico do Centro para Transformação de Conflitos da Universidade do País Basco.

Tony Whatling (M.Sc. CQSW MCFM), membro Fundador da MEDIARCOM é o director de TW Training Works e o director associado da Key Mediation Training & Consultancy, no Reino Unido.

Ursula Caser, membro Fundador da MEDIARCOM, formadora e mediadora, completou o Master Européen en Médiation Institut Universitaire Kurt Bösch, na Suiça e é membro do Board da EMNI European Mediation Network Initiative como representante da MEDIARCOM.



Dê o primeiro passo para resolver os seus conflitos. Visite Mediarcom.

[Novidade] O CHÃO DA RENÚNCIA

O Departamento de Espanhol e Português da Universidade de Toronto
tem o prazer de convidar para a apresentação do livro

O CHÃO DA RENÚNCIA
(Ed. MinervaCoimbra)

de Aida Baptista,

no próximo dia 16 de Outubro, às 4:15pm, com a presença da Autora.

Esta sessão realiza-se no âmbito do Congresso Ensino de Português nas Universidades da América do Norte: Situação e Desafios (16 a 18 de Outubro)

Victoria College, 91 Charles Street West Chapel-sala 213




Benguela foi a cidade onde me conheci, cresci e tornei mãe e mulher. Foi aí que forjei a identidade que carrego nos genes e moldei a minha dupla natureza: europeia, por herança familiar; africana, na incorporação de aprendizagens nascidas de um chão que aprendi a conhecer a partir de uma idade vazia de memórias.
Deixei Benguela no turbilhão da guerra civil, quando a segurança de dois filhos pequenos falou mais alto e ditou um regresso ao chão desconhecido das raízes ancestrais.
Regressei trinta anos depois (...). Por isso, as crónicas seleccionadas para esta edição são uma intrincada teia de textos que, para além do registo para memória futura de um conjunto de experiências que reflectem novas realidades, revelam uma despudorada confissão de estados de alma e emoções na sua nudez mais completa.
Em ambas as situações, porém, a escrita nunca aparece de forma desapaixonada, porque o passado e as experiências vividas noutros lugares interferem na análise que se pretendia isenta e neutra.

Aida Baptista




Maria Aida Costa Baptista nasceu em Pinheiros, xoncelho de Tabuaço, distrito de Viseu. Com um ano de idade foi para Angola, tendo vivido sempre na cidade de Benguela, onde estudou, casou, teve dois filhos e iniciou a sua carreira docente.
De regresso a Portugal, em 1975, fez a Licenciatura em História e uma Pós-graduação em Estudos Europeus na Universidade de Coimbra e o Mestrado em Literatura e Cultura Portuguesas, na Universidade Nova de Lisboa. Em 1989, candidatou-se a Leitora de Português no estrangeiro e foi colocada pelo ICALP na Universidade de Helsínquia, Finlândia, onde cumpriu uma missão de 8 anos. Em 1998, foi seleccionada pelo Instituto Camões para uma segunda missão, na Universidade de Toronto, Canadá.
Terminada esta, em 2003, decidiu reunir em livro algumas das suas experiências pessoais e profissionais, publicadas sob a forma de crónicas, de que resultou a sua primeira obra "Passaporte Inconformado", com chancela da MinervaCoimbra. Em 2004, e novamente através do Instituto Camões, regressa a Angola para dirigir o Centro de Língua Portuguesa de Benguela e dar aulas no pólo da Universidade Agostinho Neto.
Como nunca interrompeu a sua colaboração semanal na imprensa comunitária de Toronto, as suas crónicas, escritas num espaço a que regressou trinta anos depois, ganharam um novo registo. Assim surge “O Chão da Renúncia”, um testemunho de emoções e vivências passadas no mesmo lugar afectivo, mas decorrentes de um novo tempo histórico.


Patrocínio: Vila de Tabuaço
Apoios: Banco Santander Totta (Toronto) e Presidência do Governo/Direcção Regional - Açores