quinta-feira, janeiro 29, 2009

Lançamento [Coimbra] : Poemas da Roxa Aurora



As Edições MinervaCoimbra e o Autor têm o prazer de convidar para o lançamento do livro

POEMAS DA ROXA AURORA
(Menção no Prémio Nacional de Poesia Universitária Editora – 2006)

de António Menano.

A apresentação será feita pelo Prof. Doutor António Pedro Pita.

Simultaneamente será inaugurada a exposição de pintura “OLHARES E SONHARES II” do mesmo autor.

A sessão realiza-se dia 3 de Fevereiro, pelas 18h30, na Livraria Minerva (rua de Macau, 52 - Bairro Norton de Matos), em Coimbra.

Esta sessão está integrada nas “Terças-Feiras de Minerva” dedicadas ao ciclo “Poesia e Arte”.

A exposição pode ser visitada até 17 de Fevereiro, de segunda a sábado das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 20h00.


Olhares e Sonhares II de António Menano na Galeria Minerva



A Galeria Minerva apresenta a partir de hoje a exposição de pintura Olhares e Sonhares II, de António Menano. A exposição pode ser visitada até 17 de Fevereiro, de segunda a sábado das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 20h00.

António Menano nasceu em Coimbra em 6 de Maio de 1937. É possuidor de um vasto curriculum literário e artístico, distinguido com vários prémios. Considera a Figueira da Foz a sua cidade natal, onde sempre viveu, excepto em 1957/59 (Coimbra), 1960 e 1962/3 (Lisboa), e de 1988 a 1992 (Macau). Entre 1982 e 1988 foi vereador da Câmara Municipal da Figueira da Foz. Em 1993, após o seu regresso de Macau, foi requisitado pela Câmara Municipal ao seu serviço no Hospital Distrital para chefiar os Serviços Culturais, onde se manteve até Novembro de 1997.

Criativo e não reprodutivo, António Menano tem em Telo de Morais um admirador da sua pintura, cujo percurso tem acompanhado e que a seu propósito escreve: "Admitindo que a intuição é consciência imediata da verdade, existe em António Menano uma enraizada intuição estética. Na sua grande maioria, cada quadro deste original artista traduz-se por uma explosão cujo detonador é o impulso vital que o caracteriza e que desencadeia no espectador um fervilhar de sentimentos. Eis um nominalista convicto, de ideias representativas que são intermediárias entre os objectos e o espírito. Das sua fabulações nasce sempre um diálogo entre o autor e o observador, como acontece na comunicação poética bem presente na laureada produção literária de António Menano. Cabe à fértil imaginação de António Menano trazer à superfície, através da memória, conhecimentos e descoberta incubados no decurso de uma inteligente e atenta vivência. Claro que se trata de uma imaginação produtiva e não reprodutiva. Imaginação que é faculdade de reviver, ou particularmente de criar, imagens mentais. Criação, e não simplesmente fantasia. A primeira baseia-se na capacidade de criar e ensaiar situações novas, ordenar conhecimentos não usuais, e ainda inventar "experiências mentais". Na esteira de alguém que recordo. Porque António Menano tem o dom e a coragem de, não raramente, se afoitar por caminho na aparência tão díspares. "Joga" bem as cores, possui o sentido da topologia, sabe articular as imagens e se compraz no insólito, da presença dos elementos imanentes gera-se uma atmosfera de transcendência".

















Minerva, a livraria no Bairro que quer ser uma casa para os seus autores

Maria do Céu Sérgio, da Agência Lusa

A celebrar uma década de existência, a Livraria Minerva Galeria, em Coimbra, foi inovadora na altura ao cruzar os livros com a tertúlia e as artes e pretende continuar a ser, sobretudo, uma casa para autores e leitores.

Agora é comum, mas há dez anos, a livraria e galeria de arte aberta por Isabel de Carvalho Garcia e José Alberto Garcia no Bairro Norton de Matos inovou na cidade ao convidar os seus frequentadores a, além de comprarem e folhearem livros, tomarem um café, participarem numa tertúlia, apreciarem um quadro ou assistirem ao lançamento de uma nova obra.

"Na altura, foi considerada uma livraria inovadora em Coimbra, por incluir lançamentos de livros, tertúlias e até um espaço para crianças. Oferecíamos café aos clientes", disse hoje Isabel Garcia, enquanto o marido recorda que muitos estrangeiros visitaram e apreciaram este espaço polivalente, confessando que se "sentiam em casa".

O estabelecimento, onde decorrem periodicamente desde 2000, as "Terças-Feiras de Minerva", insere-se num projecto empresarial familiar iniciado há 23 anos em Coimbra com a abertura de uma livraria alfarrabista na Rua dos Gatos, na baixa da cidade, onde o espírito de tertúlia informal já existia.

A criação das Edições MinervaCoimbra, em 1985, foi uma etapa marcante do projecto, com a editora a manter desde o início "uma relação umbilical" com a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde tem aberta uma pequena livraria.

Desdobrando-se em várias colecções, do saber, com destaque para as ciências da comunicação, com 54 títulos, e destinadas em grande parte ao meio académico, até às artes, ficção, poesia e literatura infantil, as Edições MinervaCoimbra vieram suscitar a necessidade de um espaço físico que desse visibilidade aos autores da casa.

"Precisávamos de um espaço onde os autores pudessem sentir que os seus livros estavam visíveis e também para proceder ao lançamento de obras", lembra Isabel Garcia.

Segundo José Alberto Garcia, o objectivo com a Livraria Minerva Galeria era também "criar um espaço vivo a nível cultural e literário, que proporcionasse às pessoas uma aprendizagem, aproximando o saber da Universidade à cidade".

O casal implantou o estabelecimento, inaugurado em Novembro de 1998, numa zona de Coimbra, o Norton de Matos, que mantém ainda as relações de proximidade entre moradores e que continua a ser designado por "O Bairro”.

Na Rua de Macau, entre prédios, casas e pequenos estabelecimentos comerciais, situa-se a livraria, um espaço onde os autores da "família Minerva" se podem sentir em casa.

Ao fundo, a galeria, que acolhe regularmente várias exposições, é também palco das "Terças-feiras de Minerva", tertúlias nas quais a "partilha de saberes" tem propiciado o debate de temas da cidade, da cultura, saúde e política, entre outras matérias.

Lançamentos de livros, palestras, exposições e outros eventos organizados pelo casal de editores e livreiros têm-se realizado aqui, onde se passaram algumas das histórias mais saborosas ligadas à história da Minerva.

Numa iniciativa comemorativa do Dia da Mulher, que se prolongou até à noite, Isabel Garcia recorda a participação de senhoras residentes no Norton de Matos que se ausentaram momentaneamente para ir tratar do jantar, regressando depois aos festejos.

Evoca também animadas visitas à livraria de crianças de escolas do Bairro ou o lançamento de livros do poeta de Coimbra Paulo Ilharco, com a concentração no espaço de mais de uma centena de pessoas.

"A regra é uma relação forte com a maior parte dos nossos autores, com quem partilhamos alegrias, dificuldades e adversidades", observa Isabel Garcia, o que José Alberto Garcia corrobora, dizendo que se trata "quase da família Minerva, em termos da relação com os autores".

Mário Mesquita, António Damásio, Fernando Catroga, Georges Balandier, António Marinho Pinto, Felisbela Lopes ou Cunha Rodrigues são alguns dos vários autores publicados pela editora.

Para o futuro, e enfrentando os tempos de crise com espírito positivo, esta editora, que se afirma como a que tem publicado "mais livros sobre Coimbra", muitos em parceria com várias entidades, aposta na continuidade das suas colecções, como a inovadora "Geração 21", destinada a jovens talentos, e na criação de novas vertentes editoriais.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

Educação depende dos media, da escola e da família

Isabel de Carvalho Garcia, João Boavida,
Helena Damião e Carlos de Sousa Reis



Subordinada ao tema “O dever de formar com ou contra a sociedade?”, recorreu esta semana mais uma edição do ciclo ‘O Dever de Educar’, inserido nas Terças-Feiras de Minerva. A sessão contou com moderação de Helena Damião e João Boavida, além da participação activa do público presente.

O dever de formar com ou contra a sociedade: Estará correcto aceitar esta ideia acriticamente quando se trata da educação para os valores? Deverá, neste caso, a educação escolar distanciar-se estrategicamente da sociedade? Deverá a educação ter a ambição de a mudar? A estas e outras perguntas respondeu o convidado da sessão, Carlos de Sousa Reis, professor do Instituto Politécnico da Guarda e investigador na área da filosofia da educação.

Carlos de Sousa Reis conhece como poucos os valores que norteiam a nossa sociedade, ou parte dela, uma vez que se tem dedicado à sua identificação e análise, tendo já algumas publicações sobre esta temática.

No presente, aceita-se como verdadeira a ideia de que a educação escolar deve seguir os desígnios da sociedade circundante, os seus anseios e necessidades, e acompanhar a sua evolução. Desta forma, preparar-se-iam os mais jovens para essa mesma sociedade. Mas para o especialista, a questão tem de ser abordada na relação entre a escola, os meios de comunicação e a família, enquanto tradição mas também de necessária colaboração.

A sociedade desenvolve um acervo de conhecimentos e técnicas que é necessário transmitir às novas gerações de formas institucionalizadas, formais, para serem eficientes. “O sistema formal de educação tem uma vocação própria que deve ser sustentada e que não é coincidente com a vocação dos outros subsistemas”, afirmou Carlos Sousa Reis.

No entanto, referiu, tem de se aceitar que haja uma margem de contradição entre os três subsistemas envolvidos na educação. “A contradição entre os meios de comunicação, a missão da escola e a missão da família é muito grave. Os subsistemas quase andam ao arrepio”.

Os meios de comunicação, assegura, “abdicaram de educar e só estão interessados na problemática das audiências e, em última análise, em vender produtos. Quem domina o sistema mediático é o sistema económico”. Mas também se nota já, nos dias de hoje, alguma acentuação da contradição entre a família e a escola. “A família está a ser captada para a órbita dos meios de comunicação”, principalmente os audiovisuais.

Tudo isto deve, por isso, ser ponderado, aceitando-se que cada um dos subsistemas “tem uma missão própria”.

A próxima sessão das Terças-Feiras de Minerva é já no dia 3 de Fevereiro, às 18h30, na Livraria Minerva Galeria e incluirá o lançamento do livro “Poemas da Roxa Aurora” e a inauguração da exposição de pintura “Olhares e Sonhares 2”, ambos de António Menano.



sexta-feira, janeiro 23, 2009

O dever de formar com ou contra a sociedade?

A Livraria Minerva acolhe a 27 de Janeiro, pelas 18h15, a sétima sessão do ciclo "O dever de educar", desta vez com o tema "O dever de formar com ou contra a sociedade?".

O convidado da sessão é Carlos de Sousa Reis, professor do Instituto Politécnico da Guarda e investigador na área da filosofia da educação, alguém que conhece como poucos os valores que norteiam (parte d)a nossa sociedade, uma vez que se tem dedicado à sua identificação e análise.

Efectivamente, aceita-se actualmente como verdadeira a ideia de que a educação escolar deve seguir os desígnios da sociedade circundante, os seus anseios e necessidades e acompanhar a sua evolução. Desta maneira, preparar-se-iam os mais jovens para essa mesma sociedade.

Estará correcto aceitar esta ideia acriticamente quando se trata da educação para os valores? Deverá, neste caso, a educação escolar distanciar-se estrategicamente da sociedade? Deverá a educação ter a ambição de a mudar? Estas algumas das questões a que Carlos de Sousa Reis vai procurar responder.





Recorde-se que a última sessão teve com convidado Rui Veloso, especialista na formação de professores e em literatura para a infância, sendo considerado em ambas um autor de referência. O ex-docente da Escola Superior de Educação de Coimbra abordou, entre outros, os princípios que devem orientar a formação dos professores, para que assumam o “dever de educar” com responsabilidade, mas também qual deve ser o perfil docente ou que professor ideal se deve ter por referência para fazer a formação dos nossos professores.

A formação científica, pedagógica e didáctica são, para o especialista, pilares fundamentais da formação docente, algo que exige uma permanente actualização de métodos e ideias. Nos dias de hoje, afirmou, “a pedagogia tem de ser sempre renovada, pois trabalhamos com jovens em tempos diferentes. Não podemos recorrer hoje à pedagogia tradicional, mas devemos tirar dela o que é válido. Nem podemos embarcar na pedagogia nova de forma acrítica, dogmática. Todas as pedagogias que produzem frutos, independentemente de estarem conotadas com o tradicional ou com o novo, são boas”.

As sessões deste ciclo são quinzenais, decorrem na Livraria Minerva (rua de Macau 52) e estão abertas ao público, com certificado de presença. A organização é de Helena Damião, João Boavida, Isabel de Carvalho Garcia, Mónica Vieira e Aurora Viães.





sábado, janeiro 10, 2009

"O dever de formar para educar"

Continua no próximo dia 13 de Janeiro, pelas 18h15, o ciclo "O dever de educar" com uma sessão subordinada ao tema "O dever de formar para educar".

Prosseguindo o raciocínio da última sessão, dedicada ao dever de educar do professor, mas avançando nele, debruçamo-nos, agora, sobre a formação de quem ensina, para poder assumir tal dever com responsabilidade. Questionamos, em particular, que princípios devem nortear essa formação? Como se deve concretizar? Quem a deve assumir? ...

O convidado é Rui Marques Veloso, professor aposentado da Escola Superior de Educação de Coimbra, que colaborou na formação de várias gerações de professores, mantendo o seu interesse e trabalho nesta área.

A sessão decorre na Livraria Minerva (rua de Macau, n.º 52 - Bairro Norton de Matos) em Coimbra.

As sessões deste ciclo são quinzenais e estão abertas ao público (com certificado de presença).


Organização: Helena Damião, João Boavida, Isabel de Carvalho Garcia, Mónica Vieira e Aurora Viães.

domingo, janeiro 04, 2009

MinervaCoimbra na blogosfera



"Espaços Perdidos - Coimbra" no Indústrias Culturais

… e "O Chão da Renúncia" no Idade de Ouro

sábado, janeiro 03, 2009

A Bela e o Monstro



As Edições MinervaCoimbra promoveram uma sessão de apresentação do livro “A BELA E O MONSTRO - publicidade,sociedade da informação e tematização“ de Ruth Gregório na Livraria Bulhosa, do Campo Grande, em Lisboa.

A abrir a sessão, Isabel de Carvalho Garcia justificou a pertinência da apresentação deste livro nesta época, uma vez que a autora se encontra em Londres onde vive actualmente e exerce a sua actividade profissional, tendo sido dificil conseguir uma data que conviesse a todos os intervenientes.

O livro resulta da tese de doutoramento de Ruth Gregório, em sociologia da comunicação, e foi apresentado pelo seu orientador, José Manuel Paquete de Oliveira, sociólogo e provedor do telespectador da RTP:

“De forma pouco ortodoxa e pedagógica, e até imprópria, eu seria capaz de aconselhar ao leitor deste livro que fizesse o exercício de ler, em primeiro lugar, o último capítulo, com o título «Observações Finais». E porquê? Julgo que para a leitura de livros deste género, ou seja de tese, é condição inestimável receber ou descobrir um guião de leitura. Ora, a autora desta obra, que resulta de uma dissertação para provas de doutoramento, Ruth Gregório, consegue nas últimas oito páginas, fazer um excelente e muito lúcido resumo da tese apresentada. Não é que essa lucidez, expressão de inteligência, e essa clarividência de raciocínio, num texto claro e incisivo, não fiquem demonstradas ao longo do livro. Mas depois de ler o capítulo final, o leitor sentir-se-á fortemente motivado para ir à procura das premissas ou da argumentação em que repousa esta tese doutoral. E facilmente concordará que o meu conselho não era para dispensar a leitura integral do texto. Antes, para sugerir o comprazimento da leitura de um livro que, porventura, colado à ideia de que de uma tese de doutoramento se trata, corre sempre o risco de ser marcado por preconceitos que reservam os trabalhos académicos para os académicos de profissão. Não é o caso deste trabalho da Ruth Gregório.

Um antigo meu professor universitário, metodólogo, aconselhava que os livros de estudo deveriam sempre começados a ler pelo índice. E como são muitos os que repetem tratamento dos mesmos assuntos era imprescindível fazer uma selecção criteriosa da leitura.

Provavelmente, inspiro-me nesse conselho, para a sugestão que faço aos leitores. Mas penso esta minha recomendação algo diferente. Sinceramente tem como intenção provocar o estímulo para uma leitura total deste esfíngico livro, A Bela e o Monstro.

Numa longa investigação, Ruth Gregório teve como principal objectivo «explorar, descrever e explicar como é que o tema «Sociedade da Informação» é representado em spots publicitários» em dois países, Irlanda e Portugal. E mais concretamente explicita os seus intentos: «saber que papéis a publicidade desempenha na definição, formação e promoção» da dita «Sociedade da Informação».

A partir de uma concepção que se enquadra no construtivismo social, a tese desenvolve três principais premissas: a realidade é socialmente construída, reproduzida, apropriada, deslocada e transformada; nas actuais sociedades são os mass media as principais agências de mediação e construção da realidade social; a publicidade é um importante veículo de comunicação social, devendo o seu discurso ser objecto de análise, como construtor de códigos significativos, cuja interpretação constitui importante campo de análise sociológica. A autora desenvolve a investigação, deixando ao leitor decifrar quem é o monstro ou a bela, entre o sistema publicitário e a sociedade da informação. O que a autora procura é ao olhar as questões que compõem o tema «sociedade da informação» qual é, afinal, o papel da publicidade na construção desse tema. A «Sociedade da Informação» é, hoje, uma das denominações dominantes para referir o período histórico que vivemos e um conceito-chave na redefinição das agendas políticas e económicas. É matéria de interessante e intrigante investigação perceber como é que, através do discurso publicitário, essa «sociedade da informação», nos é apresentada quer na sua dimensão social e cultural, quer na carga simbólica, ideológica e utópica que comporta.

Por circunstâncias várias e, sobretudo, por diferentes opções políticas, Portugal e Irlanda seguiram vias diferenciadas para o desenvolvimento. A Irlanda, desde os meados dos anos noventa, é apontada como uma referência na área das novas tecnologias e teve um desenvolvimento económico tido como protótipo e exemplo a seguir. De certa maneira, em posições opostas, não deixa de ser aliciante comparar estes dois países a propósito da matéria em observação.

Baseada em autores de referência no estudo e investigação deste tema, Ruth Gregório constrói um modelo de análise que lhe permita sobre o terreno constatar indicadores e valores-referência que caracterizem o universo dos campos em observação.

Um modelo de análise traça a via ou as vias do percurso a perfazer para realizar uma pesquisa científica. E como tal, não aponta só o caminho. Preconiza, para não dizer condiciona de certo modo, os resultados, as conclusões. Ruth Gregório não ignora os procedimentos metodológicos e os pressupostos epistemológicos para resguardar o desenvolvimento da investigação de naturais intromissões de um subjectivismo sempre inerente a trabalhos deste género. Os diversos tipos de códigos que elabora, com diferentes combinações, são os elementos que vão servir para sinalizar as características específicas de cada dimensão atribuída ao discurso publicitário sobre a «Sociedade da Informação». É uma elaboração cuidada, mas difícil e complicada, que constitui o instrumento básico para a medição quantitativa e qualitativa dos dados que vão permitir discorrer sobre o objecto material da investigação e, ao fim e ao cabo, proporcionar tirar ilações do estudo comparado entre os discursos publicitários empreendidos nos dois espaços públicos dos dois países Portugal e Irlanda. É, porventura, a parte mais académica deste trabalho que exige alguma perseverança na leitura.

Conforme Ruth Gregório esclarece, a publicidade é simultaneamente um vector económico, uma instituição social, uma forma cultural, mas também «um veículo de comunicação que tem desde sempre acompanhado os movimentos e dinâmicas da sociedade onde se insere». É, portanto, uma instância produtora de sentido nas interpretações que transmite ou configura da dita «Sociedade da Informação». Realiza esse papel ao nível das políticas governamentais, ao nível das políticas empresariais, e das próprias lógicas do discurso social utilizado pela generalidade dos cidadãos. Deste modo, como diz a própria autora «a Sociedade da Informação» é a um tempo «um tema socio-culturalmente significativo e um veículo de comunicação com um importante papel de mediação no contexto das sociedades modernas». «A publicidade mais do que uma simples técnica comercial é uma importante instituição socio-cultural». Deste modo, elegê-la como um campo de análise para estudar a sociedade em que está inserida é uma correcta opção de investigação. A publicidade propõe modelos, normas, papéis sociais, esquemas de comportamento, modos de vida e estereótipos em práticas e ideias, «daí o interesse sociológico em tomar a publicidade como objecto de análise».

E a partir das políticas governamentais ou das enormes cadeias da industrialização ou comercialização, a «Sociedade de Informação» tem sido um valor semântico de reprodução e produção ideológica e cultural primordialmente escolhido para espalhar os referenciais de «um mundo novo», uma sociedade contemporânea, construída numa dimensão real, mas também profundamente simbólica e até mitológica, pelo elogio às ferramentas tidas como essenciais ao desenvolvimento económico e social, as novas tecnologias da informação e comunicação.

Da análise feita, constata-se interessantes similitudes e não menos contrastantes diferenças entre os dois países, Portugal e Irlanda. Ao nível dos discursos publicitários, ao nível das diferenças da realidade económica, cultural e social. Mas esta é a informação que o leitor curioso deve procurar na leitura do livro e não cabe a um simples prefácio roubar-lhe a satisfação dessa descoberta.

Portanto, sem adiantar muito, poderemos dizer que este estudo de Ruth Gregório vai conseguir estabelecer paralelos e diferenças interessantes entre os dois países: «Portugal e Irlanda são ambos pequenos países, geograficamente isolados, Estados-membros da União Europeia», onde a «Sociedade da Informação» é vista como solução para o seu contínuo desenvolvimento». Portugal é uma sociedade «mais secular, mais materialista, com menor índice de desenvolvimento humano, menos informatizado e menos globalizado do que a Irlanda e esta, o Tigre Celta, mais tradicional, mais pós-moderno, com maior índice de desenvolvimento humano, mais informatizado e mais globalizado».

O curioso do trabalho de Ruth Gregório é como é possível confirmar ou negar esta apreciação geral sobre os dois países através do objecto de pesquisa que analisou: discursos publicitários sobre e a propósito da «Sociedade da Informação».

Três observações finais.

Uma investigação sobre estas matérias tem sempre um grande contra. Situa-se num «tempo histórico» que, muitas das vezes, quando acaba, já não traduz, com actualidade, os dados constantes do estudo. Principalmente quando se tenta captar «frames» dessa realidade dinâmica e em contínua mutação como é a «Sociedade da Informação» ou das preciosas ferramentas que a sustentam, as novas tecnologias da informação e comunicação. Estou em crer que a alteração dos dados não muda as tendências verificadas nesta pesquisa sociológica.


Tive o prazer de orientar a socióloga autora deste trabalho, Ruth Gregório nas três teses de investigação que perfazem momentos significativos do seu até agora fecundo percurso académico: tese de licenciatura, de mestrado e de doutoramento. Aliás partilhei da sua inteligência e capacidade de trabalho, desenvolvida com entusiasmo, rigor e qualidade em relacionamento humano. Esta observação pode ser entendida como uma declaração de interesse, como sói dizer-se, mas também quero que sirva para fundamentar o elogio sincero e justo dos méritos da autora.

Uma última palavra de reconhecimento para o trabalho de valorização que as Edições MinervaCoimbra, sob a inteligente e competente coordenação do professor Mário Mesquita e o arrojo editorial dos seus responsáveis José Alberto Garcia e Maria Isabel Garcia, vêm realizando, em prol da divulgação de investigações académicas que muito têm concorrido para a afirmação das ciências da comunicação em Portugal”.

José Manuel Paquete de Oliveira