sábado, março 31, 2007

“Infância em terra pequena” é o novo livro de Luís Canavarro


Norberto Canha e Telo de Morais foram os apresentadores do mais recente livro de Luís Canavarro, “Infância em terra pequena”, com chancela das Edições MinervaCoimbra, e cuja apresentação de decorreu na Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, contando com a presença, entre outros, do seu presidente, José Manuel Silva.




Norberto Canha confessou sentir-se “perfeitamente retratado, e à minha geração, enquanto internos do colégio e do liceu em Angola. Tempos passados, mas as amizades, a honra, a lealdade e a frontalidade eram as mesmas que este autor descreve no seu livro”. Admitindo ainda que “as personagens com quem convivíamos se assemelham muito” às da obra de Luís Canavarro, Norberto Canha lamentou “não ser um realizador cinematográfico para poder passar para a tela a crítica e o humor tão saudável” expressos na obra.




Já Telo de Morais considerou o livro “uma obra para adultos que apreciem o humor inteligente, várias vezes com condimentos vernáculos e algum erotismo a acompanhar”. Numa classificação cinematográfica, referiu, “é um livro para maiores de 16 anos”.



A obra de Luís Canavarro, continuou ainda, “baseia-se em acontecimentos reais, mas a fantasia e a inspiração do autor, e a habilidade para os colorir, o estilo fluente da escrita de tom irónico e sarcástico, conferem a todo o conjunto uma permanente comicidade, extravagante e, por vezes, inesperada”. De resto, concluiu, “Luís Canavarro revela uma sólida cultura. Invulgar conhecedor da música clássica e da boa literatura, enche a existência de alegria”.



O livro divide-se em 19 capítulos e percorre vários episódios da vida de Luís Canavarro, desde a idade do bibe azul até aos 18 anos. “Nasci numa noite quente de Julho, não aos gritos de “Baleias, baleias”, como o meu querido amigo Vitorino Nemésio, mas aos brados ensopados de vinho tinto e de júbilo do Cento e Treze, polícia de giro, que por ter sido ordenança do meu avô, sintonizava as alegrias da família. E, filho, neto e sobrinho único, eu era sem contestação, o Messias daquela estirpe, que enfrentava a extinção”, começa por escrever.




Segundo as suas próprias palavras, “este livro é um memorial das gentes e situações que tive a ventura de fruir. É deles que vou falar, daqui em diante. Eu serei, como o fui na realidade, apenas o pivot dos acontecimentos, a testemunha contrafeita e quase sempre passiva, o relator entusiasmado e agradecido”. E, “não podendo relatar o que fiz, apropriando-me do poder decisório por não ser deliberado, ou por não ser verdadeiro, ciente da minha minúscula quota no evoluir dos acontecimentos serei, ao menos, um espectador participante. Por tal, obrigo-me a que, ainda que no meio da maior fantasia, uma estrutura de verdade fique subjacente”.




A obra tem dois tipos de personagens: “uns são os consagrados pela História que tiveram uma existência perfeitamente concreta e porventura conhecida, nomes que hoje são familiares e referências estribadas numa base de realidade tangível e recordável. Outros são mais subtis. Como fantasmas, têm uma presença espectral e todavia afectiva, bastando que acreditemos na sua existência. Uma mão-cheia de amigos, que tiveram o fado de viver esta saga como espectadores, saberá distinguir os que realmente existiram daqueles que se encontram apenas esboçados, caricaturados, ou que um sentimento de equidade impôs que, no nosso julgamento, fossem compensados da injustiça da vida. Alguns, ainda, que deixaram de si uma recordação amarga, negativa ou desprezível, viram reforçado em cores mais negras o esquisso que o destino lhes havia já traçado e são impiedosamente retratados”. Mas essa, conclui o autor, “é a prerrogativa de quem escreve memórias”.



Luís Canavarro nasceu em Viseu na primeira metade do século passado e aí completou o ensino primário e liceal. Veio para Coimbra como estudante e aqui ficou, há mais de trinta e cinco anos. É médico psiquiatra e exerceu nos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde fez a sua formação e aonde criou a Consulta de Psiquiatria Juvenil que dirigiu até se reformar, meses atrás.

quinta-feira, março 29, 2007



Luís Canavarro nasceu em Viseu na primeira metade do século passado e aí completou o ensino primário e liceal. Veio para Coimbra como estudante e aqui ficou, há mais de trinta e cinco anos.

Veterano da guerra do Ultramar, pertence à direcção da Associação de Grupos Especiais Pára-quedistas, corpo em que serviu, em Moçambique. É médico psiquiatra e exerceu nos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde fez a sua formação e aonde criou a Consulta de Psiquiatria Juvenil que dirigiu até se reformar, meses atrás.

Desde o início da sua especialidade que enveredou pela problemática da Saúde Mental Juvenil. Em 1986 e em 1988 estagiou nos Estados Unidos onde, em Março de 1994, acabou por se doutorar.

Profissionalmente e apenas como primeiro ou único autor, tem a seu crédito mais de trinta títulos, quase todos versando temas de Psiquiatria da Adolescência. Realizou conferências ou apresentou comunicações em lugares tão diversos como os Estados Unidos, Brasil, Grécia, Reino Unido, China, Hungria, Cuba e, naturalmente, Portugal.

É agricultor-vinicultor e fundou e dirige uma confraria de vinhos do Dão. Como diletante, é também pescador, caçador, fotógrafo, mergulhador, melómano, jardineiro, velejador, piloto de rallies, pintor, cozinheiro e mineralogista.

Noutro registo, tem publicadas algumas obras na área do ensaio, poesia, investigação histórica e intervenção política. Este é o seu segundo romance e o primeiro sem pseudónimo.



“(…) Quanto à sua escrita, na perspectiva de alguém que não é nem quer ser um crítico, já há muito a conhecia de cartas que trocámos e que lia e relia infindavelmente, deliciado pela engenhosidade das imagens e pela limpidez do estilo. Da inteligência que saía das páginas, afinal.

O seu último livro conseguiu ainda assim ultrapassar as minhas expectativas. Não consegui parar de lê-lo até o acabar e olhem que o assunto não é, não deveria ser, de meu particular interesse. O que se passa é que está inacreditavelmente bem escrito para uma primeira obra literária. As imagens sucedem-se vívidas como num filme, as metáforas mantêm a imaginação atenta, o poder descritivo é inultrapassável, o realismo transparece. Não me envergonho de dizer que me fez rir e chorar, me indignou e me exaltou e olhem que já li muito ao longo de toda a minha vida.

Sempre o julguei influenciado por Hemingway e por Erico Veríssimo, os seus autores favoritos da juventude. Mas acho-lhe agora também parecenças com Somerset Maugham, com Torga e até com Eça de Queirós, este último na crueza humorística com que expõe o ridículo de alguns personagens.

Por isso antevejo com a maior expectativa este livro. Para rever tempos felizes e que partilhámos. Para recordar os amigos comuns que já partiram ou que se corromperam. Para voltar a rir-me das garotices em que tomei parte em época já tardia de vida. Para reforçar, se possível, a amizade com este homem único e genial de quem tive a felicidade de nascer primo e a honra de me tornar amigo.”

Vasco R-T

quarta-feira, março 28, 2007

Terças-Feiras de Minerva recordaram João Chagas e Veiga Simões


No âmbito das "Terças-feiras de Minerva", a Livraria Bertrand do Dolce Vita e a Livraria Minerva promoveram uma sessão com Noémia Malva Novais e Lina Alves Madeira, sobre o tema “João Chagas e Veiga Simões, dois símbolos da diplomacia portuguesa”.

Na hora de decidir sobre a ida de Portugal à I Guerra Mundial, as teses intervencionista e anti-intervencionista que se defrontaram deixaram claro que para os “guerristas” estavam, fundamentalmente, em causa a sobrevivência da Nação, o reforço do prestígio internacional da República, a ameaça espanhola e a defesa do património colonial português — há muito ameaçado, especialmente, pela avidez da Inglaterra e da Alemanha. João Chagas assume-se, neste contexto, como um dos defensores mais radicais da participação portuguesa na I Guerra Mundial — o seu motor de arranque —, pelo que, no momento da partilha dos benefícios entre os participantes no conflito, sobrevive, através dele, a memória de um Portugal injustiçado, porém, em certa medida, co-responsável por essa injustiça.

Mais tarde, Veiga Simões, foi observador atento do que se passava na Alemanha, tendo deixado um conjunto de narrações e reflexões polémicas ou irónicas sobre os grandes acontecimentos políticos, militares e diplomáticos daquele país, que só um homem com algum afastamento conseguiria escrever. Autor de uma reflexão crítica em relação ao nazismo absolutamente notável, Veiga Simões percebeu toda a lógica do nazismo, assistiu à sua evolução e às transformações sociais e políticas que o acompanharam, relatando-as sempre com um notável cuidado diplomático.

Noémia Malva Novais é autora do livro “João Chagas. A diplomacia e a Guerra”, das Edições MinervaCoimbra, no qual aborda a problemática da participação de Portugal na Guerra que assolou a Europa entre 1914 e 1918, bem como na Conferência da Paz que, entre Janeiro e Junho de 1919, decorreu em Paris. Orientado pela acção de João Chagas, ao tempo diplomata em Paris, o leitor é conduzido pelo curso da História Contemporânea de Portugal, da Europa e do Mundo, como se assistisse ao filme dos acontecimentos mais marcantes da época.

Lina Alves Madeira é autora do livro ”Correspondência de um diplomata no III Reich. Veiga Simões: ministro acreditado em Berlim de 1933 a 1940” que reproduz uma série seleccionada de cartas diplomáticas, escritas por Veiga Simões entre 5 de Setembro de 1933 e 16 de Maio de 1939, aos sucessivos ministros dos Negócios Estrangeiros – José Caeiro da Mata, Armindo Monteiro e ao próprio Salazar, que interinamente assumiu o cargo.

quarta-feira, março 21, 2007

João Chagas e Veiga Simões

No âmbito das "Terças-feiras de Minerva" a Livraria Bertrand do Dolce Vita e a Livraria Minerva promovem uma sessão com a Dra. Noémia Malva Novais e Dra. Lina Alves Madeira.

A palestra "JOÃO CHAGAS e VEIGA SIMÕES, dois símbolos da Diplomacia Portuguesa" realiza-se no próximo dia 27 de Março, pelas 18h30, na Livraria Bertrand do Dolce Vita em Coimbra.

Sem liberdade de imprensa não há democracia



“A liberdade de imprensa é uma matéria fundamental para o Estado de Direito e para a democracia”. Estas foram as primeiras palavras de António Marinho Pinto na apresentação do livro “Sigilo profissional em risco. Análise dos casos de Manso Preto e de outros jornalistas no banco dos réus”, da autoria de Helena de Sousa Freitas, jornalista da Agência Lusa, e editado pelas Edições MinervaCoimbra. Um livro que considerou essencial para os jornalistas e todos quantos se preocupam com a matéria em causa.

Para o advogado e jornalista, “o grande mérito de Manso Preto foi dizer não”. Foi “ter dito não a uma decisão judicial que o obrigava a denunciar uma fonte que havia confiado nele, cometendo um acto vil e mesquinho”. Ainda mais porque “essa decisão não assentava num critério de justiça razoável”, mas era sim “uma birra de um magistrado”.

António Marinho Pinto defendeu que “os grandes avanços da humanidade foram sempre conseguidos pela capacidade de dizer não, pela capacidade de resistir. Ao longo da história da humanidade as grandes vítimas foram-no sobretudo da justiça e muitas vezes saber dizer não a decisões injustas fez a grande diferença entre os homens livres e os que nasceram com vocação de obedecer e ser escravos”.





No entanto, Marinho Pinto lamentou que o livro não faça a história da lei com base na qual o tribunal se acha no direito de obrigar jornalistas a denunciar em juízo as suas fontes confidenciais de informação. “Há profissões que pela sua importância na sociedade merecem do Estado de Direito o reconhecimento de determinadas prorrogativas. São profissões como o jornalismo, a advocacia ou a medicina e essas prorrogativas existem para que haja confiança pública nessa profissão e nos seus profissionais”, referiu.

Por isso é que “o sigilo profissional não é um direito de qualquer cidadão mas sim uma garantia da sociedade do bom funcionamento de algumas actividades profissionais”, acrescentou. “Muito mal andará uma sociedade quando a defesa de direitos fundamentais como o sigilo profissional ou a liberdade de imprensa são da responsabilidade de um sindicato, que é precisamente o que acontece em Portugal”.

António Marinho Pinto lamentou que, mais de três décadas depois do 25 de Abril de 1974, os jornalistas portugueses não tenham ainda sido capazes de criar uma associação que defenda os valores superiores do jornalismo. “Que defenda a liberdade de imprensa, que defenda a independência dos jornalistas, que defenda o sigilo profissional”. Toda esta actividade, afirmou, “tem sido cometida a um sindicato e o resultado está à vista. As ameaças à liberdade de imprensa são cada vez mais eficazes”. Mesmo apesar de a lei não poder limitar o sigilo profissional dos jornalistas, mas sim garantir a sua protecção, segundo a Constituição da República Portuguesa.




Helena de Sousa Freitas acompanhou desde o início o caso do jornalista Manso Preto, condenado a 11 meses de prisão com pena suspensa de 3 anos por se recusar a revelar uma fonte durante o julgamento dos irmãos Pinto, envolvidos no buzinão da Ponte 25 de Abril, mas julgados por alegado tráfico de droga.

Mas este não foi caso único, inserindo-se num contexto internacional mais vasto com várias situações similares em todo o mundo. “A liberdade de imprensa começou a sofrer uma pressão enorme no período pós 11 de Setembro”, referiu.

domingo, março 18, 2007

Luz e Sombras em Silva Duarte



“Saúda-se a volta de Silva Duarte. A artista plástica, natural da Beira Alta, regressa mais madura mas também mais poética”. Assim caracteriza Valdemar Silva a exposição de Silva Duarte patente na Galeria Minerva até ao próximo dia 12 de Abril. E de tal forma a obra de Silva Duarte é poética que os quadros que integram a presente exposição serviram de mote para que Rui Jorge os passasse à escrita, em forma de poemas.







“Luz e Sombras”, continua ainda o crítico, “traduz o caminho da pintora, que ainda assim continua fiel a temas pictóricos tão do seu agrado como são as paisagens e as gentes do campo”. Mas se a luz é bela, a sombra acaba por atrair pelo mistério e nesta exposição voltam os temas nocturnos de bares, misturados com música. Uma recaída de Silva Duarte que tinha já brindado o seu público com a fase dos músicos, composição de imagens negras em movimento nos fundos de cores fortes e luminosas onde quase se podia ouvir o som dos instrumentos.






Também o vereador da Cultura, Mário Nunes, refere que em Silva Duarte “as paisagens alardeiam um encantamento poético que ressalta nos seus quadros, enquanto a figura popular exibe as particularidades inerentes à criatividade expressa numa vivência humanizada, num campo de trabalho e sobrevivência”. Segundo afirma, “desenha-se na pintura de Silva Duarte um processo de maturação, uma pesquisa acentuada da cor, um alicerce mental, que procura agarrar — e consegue — uma essência espiritual que transparece na matéria e a identifica com a realidade estudada e apreendida”.






Por seu turno, o crítico de arte Sérgio Mourão considera que “as modulações cromáticas na obra de Silva Duarte definem uma ampla objectividade, reportável ao quotidiano humanístico e paisagístico, como um espaço levitante das belezas intrínsecas, que fazem da natureza e realidade sugerida de pequenos universos que habitam na alma do homem como parte integrante da imagem de um universo mais sublime e perfeito”.







Silva Duarte, Margarida Maria Duarte Henriques da Silva Pereira, tem realizado exposições individuais de pintura e participado em diversas colectivas e a sua obra está representada em colecções particulares e museus, em Portugal e no estrangeiro.




A exposição estará patente até dia 12 de Abril, das 10h00 às 13h00 e das 14h30 às 20h00, de segunda a sábado, na Galeria Minerva (Rua de Macau, 52 - Bairro Norton de Matos), em Coimbra.