Decorreu na Biblioteca Municipal de Estarreja a apresentação do livro de Edgard Panão "OS CONVENCIDOS DA VIDA".
Mário Nunes no texto de apresentação de "Os convencidos da Vida" começa com uma citação de Fernando Savater (Fernando Savater, Professor Catedrático na Universidade Complutense de Madrid e escritor):
“A leitura é um prazer e os prazeres não se impõem”
e "Perante a afirmação deste docente universitário, mais convictos estamos que ter uma obra escrita e passar horas ou apenas minutos a “abraçar” uma palavra, um conceito, um pensamento, que conjuguem o valor da leitura com a deleitação do ego, corresponde a conversarmos com alegria e prazer, tendo o escritor fisicamente virtual na nossa presença. Consuma-se um diálogo profundo, que provoca discussão interior, que contagia e que contribui para a formação, para o enriquecimento do pensamento e para a reflexão, graças à dialéctica que se gera e provém do texto que recebeu ideias e que se compagina perante os nossos olhos e o nosso intelecto." Continuou tecendo algumas considerações sobre o livro, a leitura e os autores questionando:
" Mas, que futuro para o livro e os direitos de autor?
A nossa economia faz coexistir de um modo dinâmico uma multiplicidade de modelos, de modos de arquivo e de acumulação. E, isso, é, desde sempre, a história do livro e a integridade da propriedade intelectual do autor, os seus direitos...
... Mais, no passado mês de Setembro, em conferência de imprensa, a Comissária Europeia para a Educação e Cultura abordou esta temática e informou que a União Europeia se posiciona em lugar de referência para salvaguardar os direitos dos autores e incentivar as indústrias criativas a fomentar esta área importante do homem e para o homem. A Drª. Isabel Garcia, da MinervaCoimbra, em brilhante intervenção nos Rotários aludiu, com conhecimento e com ideias de efectivação, com o seu olhar de ver longe, um projecto inovador que garante a vivência económica e financeira dessa iniciativa."...
...Portanto Dr. Edgard Panão, o seu livro “Os Convencidos da Vida” tem a garantia que os seus direitos autorais estão salvaguardados e testemunha a capacidade criativa e de síntese de Vossa Excelência. A Europa olhou para o livro, para os autores e para a Cultura, e no passado mês de Dezembro, a Ministra da Cultura afirmou que um dos seus objectivos para 2011, são as indústrias criativas e culturais.
Face a esta introdução, nada melhor do que analisar o conteúdo dos Convencidos da Vida, interpretando o contexto das suas páginas.
O Dr. Edgard Panão mantém uma vitalidade intelectual deveras impressionante, bem testemunhada na grandeza e diversidade literária e histórica expressa na obra escrita e publicada, que evidencia a capacidade e qualidade dos textos que oferece ao leitor e à sociedade. Há nela um forte pendor de investigação, de análise, de interpretação, de crítica e de síntese, que nos transporta, saudavelmente, para um estimado universo de valores, fruto de muito estudo, associado a inquestionável experiência e a produtivo saber nas diversas áreas culturais.
Recentemente, trouxe a lume, com chancela da Minerva Editora, a sua editora, o livro “Comentário, o outro lado da coisa”, com prefácio do Prof. Doutor António Barbosa de Melo, que nos proporcionou uma interessante exposição/crítica, comentada em jeito sério e humorístico, centrada, sobretudo, nos primeiros anos da revolução abrilina de 1974.
No livro que tendes em mão, “Os Convencidos da Vida (Sun ergo cogito) – Breve ensaio sobre a insustentável chateza de vidas sem pensar”, e que enriquece o panorama cultural português, novamente com a edição da responsabilidade da Minerva de Coimbra, Edgard Panão prossegue a caminhada “suspensa” no livro anterior “Comentário …”, ou seja, recupera semelhante figurino e transporta e transforma, com outras vertentes, o seu pensamento em verdadeiras lições pedagógicas.
O autor, em jeito de discurso ora directo, ora indirecto, socorre-se das suas capacidades de pedagogo e incontestada intelectual para “erguer” uma Universidade para adultos seniores, caprichando em fundamentar as razões da sua constituição, uma escola dedicada ao cidadão liberto dos deveres profissionais em anos de trabalho, que designa por “Academia Cartésica” (homenagem a Descartes). Neste estabelecimento escolar em que os discentes são docentes e vice-versa, e que materializa a vontade de ensinar/aprender até morrer, o acesso é “ad hoc”, isto é, aberta a quem o queira frequentar e tenha responsabilidade de aposentadoria. A Academia destina-se a homens e mulheres, a maioria cépticos por natureza devido ao pendor da idade. Os professores, voluntários, e oriundos, como se disse, dos próprios alunos, trabalham graciosamente e têm em conta a assiduidade para não frustrar os discentes, não provocar desinteresse, enquanto estes podem compreender melhor que “a escola é o espelho da sociedade”.
Aprovados os “estatutos” da Academia, organizou-se o quadro de pessoal, que apresenta no topo da cadeia hierárquica, o Reitor, alcunhado de Professor Paracleto, e que foi convidado por Joaquim de Miranda, autor da iniciativa, mas que não quis ocupar o cargo, pois na Academia “todos eram iguais perante a autoridade do Reitor”, logo ele não seria exemplo para acautelar a neutralidade, independência e ficar acessível em moderar ideias antigas ou modernas...."