«Manuel Alegre no casino com a "alma" e "raízes" da poesia
Cultura O poeta partilhou memórias, sentimentos, sítios, preferências e a paixão pelo país e pela língua de Camões»
Bela Coutinho in
Esta sétima edição de "Andam pela terra os poetas", organização do Casino Figueira e da editora MinervaCoimbra, contou ainda com as presenças de José Ribeiro Ferreira (professor catedrático jubilado da FLUC) Nicolau Santos (Jornalista e Director-Adjunto do Jornal Expresso) e Vasco Pereira da Costa (escritor, professor aposentado do ensino secundário e superior,
ex-Director do Departamento de Cultura e Turismo de Coimbra
e ex-Director Regional da Cultura dos Açores) e com outra presença muito especial para o poeta, a sua filha Joana Alegre (voz) e Miguel Picciochi (guitarra), que interpretou temas de seu pai, um deles com"ousadia".
“Estou comovido por ouvir pela 1ª vez a minha filha cantar em público
poemas meus. Gostei de os ouvir e do arranjo que juntou dois poemas (situação, contou, que quase o levaram a zangar-se com Zeca Afonso), mas
gostei muito do arranjo que ela fez” diria Manuel Alegre, ainda de voz embargada. Já mais
recomposto, leu alguns poemas, um deles inédito. Mas perante o entusiasmo da
plateia, partilhou outro “variações sobre o desconcerto do mundo” e mais
outro "a dor" e outro ainda.
Depois, falou dos seus poemas preferidos, de amigos, de sítios que
nunca esquecerá como Angola ou os Açores), da guerra , do país, deste país, que
o faz ser "muito atlântico" e acima de tudo de poesia. “Escrever poesia é a
afirmação da língua. Numa altura em que tudo se globaliza é um acto de
afirmação, de resistência. A poesia está aquém e além da literatura e é uma
relação mágica com o mundo”, diria.
Para trás ficava a intervenção de José Ribeiro Ferreira que se centrou na obra literária
(poesia) de Manuel Alegre, que considerou ser “pessoa insatisfeita”, inquieta, sempre em busca
de melhores condições”, para o ser humano, pois “serve-se da poesia para dar voz
a denúncias concretas”. Houve ainda a declamação impressionante de vários poemas por Vasco Pereira da
Costa e por Nicolau Santos.
Os responsáveis pela iniciativa, Domingos Silva e Isabel Garcia
enalteceram Manuel Alegre, que consideraram ser “um dos maiores poetas vivos portugueses”. » Bela Coutinho, in Diário de Coimbra 12/09/2013
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