terça-feira, fevereiro 19, 2013

CAROLINA FERREIRA E «OS MEDIA NA GUERRA COLONIAL - A MANIPULAÇÃO DA EMISSORA NACIONAL COMO ALTIFALANTE DO REGIME» [APRESENTAÇÃO EM COIMBRA]


Carolina Ferreira

Decorreu na Livraria Minerva a apresentação do livro de Carolina Ferreira «Os media na Guerra Colonial - a manipulação da Emissora Nacional como altifalante do regime». Este livro que resulta da tese de mestrado desta profissional da RTP/Antena 1, integrou a Colecção Comunicação História e Memória dirigida por Isabel Nobre Vargues (FLUC), das Edições MinervaCoimbra. Com a "casa cheia" a sessão foi iniciada por Isabel de Carvalho Garcia (MC), seguindo-se as intervenções de Isabel Nobre Vargues, José Manuel Portugal, João Sansão Coelho e por fim a autora. Presentes alguns jornalistas que marcaram uma época, da rádio:
António Bondoso, Lino Vinhal e Pereira Monteiro, para além do próprio Sansão Coelho e José Manuel Portugal e ainda Horácio Antunes, este último da geração da autora.

Isabel de Carvalho Garcia, João Sansão Coelho, Carolina Ferreira, 
Isabel Nobre Vargues e José Manuel Portugal

Isabel Garcia (que abriu a sessão) em nome da MinervaCoimbra, elogiou o trabalho da autora, pelo percurso pessoal e profissional e ainda pela investigação que levou a cabo.
IC fez ainda uma breve abordagem ao trabalho que esta editora tem desenvolvido no que concerne as publicações na área da comunicação,
que lhe tem granjeado o destaque como líder da edição nesta área, recordando as três colecções de Comunicação dirigidas por Mário Mesquita.
Agradeceu ainda à Professora Isabel Nobre Vargues (FLUC) por ter aceite o convite para dirigir a nova colecção (em 2009), onde este livro se insere: Colecção Comunicação História e Memória.


Coube a Isabel Nobre Vargues fazer a apresentação do livro que começou por elogiar Carolina Ferreira por ter escolhido este tema para tese de mestrado uma vez que  "a Carolina não foi soldado, nem fez serviço militar, nem teve certamente alguém próximo na guerra do ultramar,mas cruzando a sua formação em jornalismo com a sua aptidão para a investigação para a história dos media, conseguiu ultrapassar as dificuldades que se colocam nestes dois campos científicos por vezes próximos, mas afastados."



José Manuel Portugal, por sua vez, referiu que tem muito orgulho por um dia ter escolhido a Carolina para fazer parte da Rádio e depois da Rádio Televisão
de Portugal. A Carolina é uma profissional muito empenhada, com brio profissional, querendo fazer sempre melhor.
José Manuel Portugal invocou ainda outros profissionais da rádio e elogiou também Sansão Coelho como "alguém que levou a rádio à suprema categoria da arte, que tocou a rádio com a ponta dos dedos, com a ponta da voz-um verdadeiro humanista da rádio".



 Em relação à rádio acrescentou ainda que " a rádio é paixão, magia, lágrimas, sorrisos, a companhia, a partilha da solidão, da morte, da vida, e das vivências da madrugada...a rádio é  a voz que vem de dentro: intimista, cúmplice"...


 João Sansão Coelho reflectiu sobre a importância da rádio na vida das pessoas. "Se houver por exemplo um tremor de terra é pela rádio que nos vamos orientar", referiu.
Fez ainda a apologia da importância da delegação de Coimbra para a nossa região. 
E contou o episódio de que foram protagonistas Carlos Campos e Pereira Monteiro, que nos anos 60, no 1º de Abril, noticiaram que um boeing tinha aterrado de emergência no aeródromo de Cernache, isto para exemplificar que a rádio também se faz com efeitos surpresa, e de intimidade, até.

 

 Por último Carolina Ferreira que agradecendo todos os elogios que lhe foram feitos, referiu que este estudo lhe despertou a curiosidade desde o início porque  não tendo vivido naquela época lhe permitiu perceber melhor quem somos e como chegámos até aqui. 
Esta obra é uma revisitação do país do antigo regime acrescentando que:
"A Emissora Nacional acaba por fazer parte de uma estratégia do regime para convencer as pessoas que a guerra fazia sentido".
Durante os conflitos armados nas antigas colónias portuguesas (Angola, Guiné e Moçambique), nos 13 anos que antecederam a Revolução dos Cravos, em 25 Abril de 1974, os governos de Salazar e Caetano "usaram a rádio como uma arma de guerra para controlar a opinião pública".
"A rádio era o meio de comunicação social que mais chegava às pessoas" de todos os estratos sociais, "incluindo as analfabetas", sublinhou.


 
Licenciada em jornalismo pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Carolina Ferreira, de 32 anos, concluiu o mestrado em Comunicação e Jornalismo, em 2007, com uma dissertação que deu origem ao livro que agora publica, editado pela MinervaCoimbra no âmbito da colecção "Comunicação História e Memória", dirigida por Isabel Vargues.
"Os media na guerra colonial - A manipulação da Emissora Nacional como altifalante do regime" foi prefaciado pelo jornalista Adelino Gomes.
A Emissora Nacional, tal como as duas outras estações "controladas pelo Estado" - Rádio Clube Português e Rádio Renascença -, que Carolina Ferreira designa por "rádios oficiosas”, exerceu “um poder difuso sobre a população metropolitana”.
"A sua acção 'foi bem sucedida', pois logrou 'adiar a revolta e suster a subversão popular' durante os 13 anos de guerra", escreve Adelino Gomes, citando a autora.
No entanto, “quatro décadas de apologia de nada valeram”, como foi demonstrado no 25 de Abril, conclui a jornalista.
"Nesse momento decisivo, o povo saiu à rua não para defender o regime mas para vitoriar os soldados que o derrubavam. Os mesmos soldados (...) a quem Salgueiro Maia acordara, mal ouviu a voz de José Afonso entoar 'Grândola Vila Morena' numa das estações da 'rádio nova'", acentua, por sua vez, Adelino Gomes no prefácio.

Este livro é o nr. 3 da Colecção Comunicação História e Memória dirigida por Isabel Nobre Vargues, editada pela MinervaCoimbra.

Esta colecção veio complementar as três existentes nesta editora dirigidas por Mário Mesquita: Colecção Comunicação com três séries (jornalismo, media e teorias), Colecção MinervaCiências da Comunicação e Cadernos Minerva e ainda livros publicados sobre esta temática fora de colecção, o que continua a afirmar esta editora como líder das publicações nesta área.


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