António Ferraz, Abílio Hernandez Cardoso, Manuel Lapa, Isabel C. Garcia
Esta sessão iniciou um novo ciclo das "Terças-feiras de Minerva" intitulado "LITERATURA HOJE"
em co-organização de Regina Rocha e MinervaCoimbra e em que ao longo do ano se falará de
obras de hoje e de sempre com especialistas e convidados.
Com uma sala cheia decorreu na Livraria Minerva a apresentação do livro
E SE UM CÃO VADIO de repente PUDESSE ESCREVER? de MANUEL LAPA por Abílio Hernandez Cardoso com a chancela das Edições MinervaCoimbra.
Um livro de crónicas sobre factos ocorridos na vida do autor e não só, primeiro como estudante viajando à boleia, mais tarde pagando do seu bolso, em viagens organizadas como um bom turista burguês em que, como referiu a editora, o autor convocou os seus amigos de sempre para em conjunto perpetuarem a amizade de uma vida. Os amigos dos tempos do liceu D. João III (hoje José Falcão) cabendo o prefácio a Luís Serrano, a revisão e posfácio a José Ferraz Diogo, a capa e ilustrações a António Ferraz a caricatura da contracapa a Hermínio Ferraz, a fotografia do autor a Regêncio Macedo e apresentação da obra a
Abílio Hernandez Cardoso.
O Professor da Faculdade de Letras referiu a propósito deste livro:
"....Não é só um itinerário que nos é oferecido. É também o retrato do itinerante: o que se aflige com a mercantilização da cultura contemporânea, o que sofre porque continua a não saber as respostas, o que por pudor prescinde de relatar alguns momentos de felicidade (o episódio de Ritva) ou de infelicidade (os tempos do mato na guerra colonial). E o que aprende a valorizar e a cultivar em si valores como a coragem, a força, o respeito, a abnegação, a solidariedade e a compreensão. E que por isso fica grato a esse espírito de aventura que dele tomou conta na sua juventude.
"....Não é só um itinerário que nos é oferecido. É também o retrato do itinerante: o que se aflige com a mercantilização da cultura contemporânea, o que sofre porque continua a não saber as respostas, o que por pudor prescinde de relatar alguns momentos de felicidade (o episódio de Ritva) ou de infelicidade (os tempos do mato na guerra colonial). E o que aprende a valorizar e a cultivar em si valores como a coragem, a força, o respeito, a abnegação, a solidariedade e a compreensão. E que por isso fica grato a esse espírito de aventura que dele tomou conta na sua juventude.
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É a felicidade que o viajante deste livro incessantemente procura, não no sonho nem nas nuvens mas na terra, no saber que nunca ninguém é um só, e que a nossa identidade é necessariamente múltipla porque forjada no reconhecimento do outro e no respeito de uma alteridade que nos é consubstancial, irredutível.
Este é o peregrinar de Manuel: um peregrino que nunca esquece, em momento algum do seu caminhar, a vontade de aprender, a necessidade de não esquecer, a disponibilidade de envolver os outros na busca do enriquecimento espiritual individual e colectivo, baseado em ideais de justiça, bondade e esperança sem limites.
Esta é, porventura, a lição principal que, neste livro, Manuel Lapa, viajante do mundo e de si, nos deixa sob a pele e o pelo de um cão vadio, livre e solidário."
Abílio Hernandez Cardoso
O Autor:
MANUEL LUCAS RODRIGUES LAPA reside em Coimbra, onde nasceu em 1936, na freguesia de Santa Clara. Licenciou-se em Ciências Geológicas pela Universidade de Coimbra e especializou-se, obtendo uma pós-graduação em Geologia Aplicada, na Escola Nacional Superior de Geologia de Nancy (França). Trabalhou em Centros de Investigação, tendo concluído a sua actividade científica, nesse domínio, no Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.Além de diversas publicações de carácter científico, inerentes à sua área de trabalho, tem publicado poesia e crónicas dispersas por vários jornais e revistas. Colaborou na antologia "NERUDA, CEM ANOS DEPOIS".
O livro:
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Era a década de sessenta em que pontificavam os cantores de língua francesa mais do que os ingleses
(Piaf, Gréco, Brassens, Yves Montand, Léo Ferré, Ferrat, Brel, e outros). Isso acontecia quando o sonho comanda[va] a vida para citar um conhecido verso de António Gedeão, de quem fomos no velho Liceu D. João III, alunos. Então, a viagem e o sonho andavam de mãos dadas, pois para nós o estrangeiro (para lá da Península Ibérica, já se vê) era a liberdade, o desconhecido e, portanto, o apetecido.
Ler estas crónicas é de algum modo uma oportunidade para rever ou reflectir sobre algumas das preocupações de alguns jovens daqueles tempos.
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