terça-feira, outubro 26, 2010

E SE UM CÃO VADIO de repente PUDESSE ESCREVER? de MANUEL LAPA dá inicio ao ciclo "LITERATURA HOJE"

 
 António Ferraz, Abílio Hernandez Cardoso, Manuel Lapa, Isabel C. Garcia



Esta sessão iniciou um novo ciclo das "Terças-feiras de Minerva" intitulado "LITERATURA HOJE"
em co-organização de Regina Rocha e MinervaCoimbra e em que ao longo do ano se falará de
obras de hoje e de sempre com especialistas e convidados.





Com uma sala cheia decorreu na Livraria Minerva a apresentação do livro
E SE UM CÃO VADIO de repente PUDESSE ESCREVER? de MANUEL LAPA por Abílio Hernandez Cardoso com a chancela das Edições MinervaCoimbra.

Um livro de crónicas sobre factos ocorridos na vida do autor e não só, primeiro como estudante viajando à boleia, mais tarde pagando do seu bolso, em viagens organizadas como um bom turista burguês em que, como referiu a editora, o autor convocou os seus amigos de sempre para em conjunto perpetuarem a amizade de uma vida. Os amigos dos tempos do liceu D. João III (hoje José Falcão) cabendo o prefácio a Luís Serrano, a revisão e posfácio a José Ferraz Diogo, a capa  e ilustrações a António Ferraz a caricatura da contracapa a Hermínio Ferraz, a fotografia do autor a Regêncio Macedo e apresentação da obra a
Abílio Hernandez Cardoso.
O Professor da Faculdade de Letras referiu a propósito deste livro:
"....Não é só um itinerário que nos é oferecido. É também o retrato do itinerante: o que se aflige com a mercantilização da cultura contemporânea, o que sofre porque continua a não saber as respostas, o que por pudor prescinde de relatar alguns momentos de felicidade (o episódio de Ritva) ou de infelicidade (os tempos do mato na guerra colonial). E o que aprende a valorizar e a cultivar em si valores como a coragem, a força, o respeito, a abnegação, a solidariedade e a compreensão. E que por isso fica grato a esse espírito de aventura que dele tomou conta na sua juventude.
...
É a felicidade que o viajante deste livro incessantemente procura, não no sonho nem nas nuvens mas na terra, no saber que nunca ninguém é um só, e que a nossa identidade é necessariamente múltipla porque forjada no reconhecimento do outro e no respeito de uma alteridade que nos é consubstancial, irredutível.

Este é o peregrinar de Manuel: um peregrino que nunca esquece, em momento algum do seu caminhar, a vontade de aprender, a necessidade de não esquecer, a disponibilidade de envolver os outros na busca do enriquecimento espiritual individual e colectivo, baseado em ideais de justiça, bondade e esperança sem limites.
Esta é, porventura, a lição principal que, neste livro, Manuel Lapa, viajante do mundo e de si, nos deixa sob a pele e o pelo de um cão vadio, livre e solidário."
Abílio Hernandez Cardoso

O Autor:
MANUEL LUCAS RODRIGUES LAPA reside em Coimbra, onde nasceu em 1936, na freguesia de Santa Clara. Licenciou-se em Ciências Geológicas pela Universidade de Coimbra e especializou-se, obtendo uma pós-graduação em Geologia Aplicada, na Escola Nacional Superior de Geologia de Nancy (França). Trabalhou em Centros de Investigação, tendo concluído a sua actividade científica, nesse domínio, no Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.Além de diversas publicações de carácter científico, inerentes à sua área de trabalho, tem publicado poesia e crónicas dispersas por vários jornais e revistas. Colaborou na antologia "NERUDA, CEM ANOS DEPOIS".
O livro:
....
Era a década de sessenta em que pontificavam os cantores de língua francesa mais do que os ingleses
(Piaf, Gréco, Brassens, Yves Montand, Léo Ferré, Ferrat, Brel, e outros). Isso acontecia quando o sonho comanda[va] a vida para citar um conhecido verso de António Gedeão, de quem fomos no velho Liceu D. João III, alunos. Então, a viagem e o sonho andavam de mãos dadas, pois para nós o estrangeiro (para lá da Península Ibérica, já se vê) era a liberdade, o desconhecido e, portanto, o apetecido.
Ler estas crónicas é de algum modo uma oportunidade para rever ou reflectir sobre algumas das preocupações de alguns jovens daqueles tempos.

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