sábado, dezembro 12, 2009

Amanhã e para sempre



Realizou-se em Valpaços uma sessão de lançamento do livro AMANHÃ E PARA SEMPRE, de Rita Sampaio.

A obra foi apresentada por Júlia Neves, cuja intervenção aqui deixamos na íntegra:


"Estamos aqui para a apresentação do livro da Rita Sampaio Amanhã e para Sempre , o terceiro que a Rita publica.

A Rita é uma jovem estudante do 6º ano de Medicina, com apenas 23 anos. Publicou, com 12 anos, um livro de aventuras intitulado Quatro Primos em Férias e, com 14, um outro, já mais elaborado, O Clone da Cientista, e agora este, com o qual abandona o gosto pelas aventuras infanto-juvenis e se lança - e nos lança - na descoberta do mundo dos adultos.

Como podemos constatar, desde muito pequena que a Rita revelou o gosto pela escrita e certamente o gosto pela leitura.

Quando a Rita me pediu que vos apresentasse o seu livro, não tive como recusar. Primeiro por uma questão de amizade, depois porque ler é uma das minhas paixões, e fundamentalmente porque admiro todos os jovens que partilham este gosto pela leitura e que vão mais longe do que eu atrevendo-se a mostrar que também sabem escrever.

A Rita fá-lo num estilo fluente, agradável, correcto, e despretensioso e vai dando forma a uma história que capta a atenção do leitor desde o início.

A curiosidade é aguçada, neste romance, desde o primeiro instante com a descoberta de uma carta que adivinhamos de imediato ser relevante na trama romanesca que constitui esta obra. Obra que é, em grande medida, construída à volta de um discurso epistolar, com as cartas que o narrador vai encaixando ao longo da narrativa principal, como se de uma outra narrativa se tratasse. As primeiras, amarelecidas pelo tempo, introduzem no presente a história de um grande amor, cujos protagonistas são desconhecidos, pelo que a dúvida sobre a sua vida actual fica de imediato a pairar na cabeça do leitor. Quem são estas personagens? Será que ainda estão juntas? Será que este amor ainda vive? São felizes? A curiosidade é imediata.

As cartas trazem também para a narrativa momentos de poesia simples, mas tocante. Fazem-nos acreditar no amor eterno, neste sentimento que nos transforma, que nos enche o coração de uma felicidade inexplicável, de sensações múltiplas e diversas e que nos faz ver o mundo com as cores do sonho.

Esta interpretação tão maravilhosa do amor revela-nos uma Rita sensível, crente na vida e num sentimento singular, simultaneamente terreno e divino, capaz de ultrapassar todas as barreiras.

Esta história de amor, surge-nos, porém, no início, como se de uma história secundária se tratasse, embora comecemos, quase instantaneamente, a sentir que ela não está ali por acaso, ela carrega consigo uma paixão demasiado importante para ser ignorada e o leitor fica na expectativa de que o narrador lhe venha a fornecer mais indícios sobre estas cartas.

Paralelamente começamos a conhecer a história de amizade – se não mesmo de amor que as contingências da vida exigirão que seja eternamente platónico - entre dois jovens estudantes de arquitectura, a Joana e o Eduardo.

Com eles, chegam-nos também as histórias das suas famílias e as grandes desilusões da vida. Conhecemos uma mulher, Laura, acomodada num casamento que não a realiza, deixando que o seu coração viva numa constante perturbação perante a sua impotência em perceber porque havia sido abandonada por aquele que ela acreditara ser o homem da sua vida e que ela sabia casado, algures no mundo; conhecemos um homem, João, que decide divorciar-se, após um casamento de vinte anos, porque concluiu que havia no seu passado uma história de amor que urgia completar.

O leitor é assim confrontado com uma situação bem actual: a do divórcio. E a Rita põe as suas personagens a travarem diálogos muito expressivos, para mostrar o sofrimento que esta situação desencadeia nos filhos, neste caso Eduardo, mas também alimenta a ideia de que nada é irrecuperável e que o tempo sara muitas feridas, como o aponta Mariana, uma outra personagem, há muito filha de pais divorciados ou ainda que as situações difíceis proporcionam-nos momentos de crescimento e que a busca da felicidade é um desafio constante, segundo a interpretação da personagem Joana.

Confesso-vos que fiquei muito surpreendida com a análise psicológica que a Rita desenvolveu sobre esta problemática, o que indicia uma grande capacidade para se pôr na pele do outro, para exprimir sentimentos e pensamentos diversos e contraditórios, consoante a personagem a quem dá a palavra.

Na altura em que o leitor tem conhecimento desta cisão na vida do pai do Eduardo, o narrador também já está na posse de uma nova carta, desta vez sem o amarelecimento indicador da passagem do tempo e sem as iniciais CN, com que eram assinadas as primeiras cartas, com um remetente ainda não assumido, mas cuja identidade quase se adivinha. Perante estas novas informações, a trama começa a ganhar corpo e a grande história de amor ergue-se das brumas, infiltra-se no quotidiano das personagens e assume-se como história principal.

Os acontecimentos precipitam-se e, nem o temor e ansiedade que as mudanças sempre causam, conseguem travar este Amor que acaba por falar mais alto e a obra termina como começou: com uma carta, escrita pela mesma mão que escrevera a primeira que o leitor conheceu, para mostrar que este sentimento tão nobre é capaz de vencer todas as barreiras, que vive para além da nossas vontades, quer na terra, quer na eternidade.

A Rita revela-se, assim, como uma jovem escritora que nos quer fazer crer que a vida nos presenteia sempre com, pelo menos, uma segunda oportunidade, nos quer fazer sonhar e acreditar que tudo é possível.

Espero ter suscitado a vossa curiosidade, não te ter desapontado, Rita, e sobretudo resta-me desejar-te que o teu livro seja apreciado por muitos leitores amanhã e para sempre.


Muito obrigada.
Júlia Neves"















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