sexta-feira, dezembro 12, 2008

Hermínio Ferraz, uma revelação inesquecível!

Isabel de Carvalho Garcia, Hermínio Ferraz, Cesaltina Ferraz e José Alberto Garcia


“O Feitiço das Ilhas do Cacau” é o título do livro de Hermínio Ferraz lançado na Livraria Minerva, cujo espaço foi pequeno para acolher as largas dezenas de amigos que quiseram estar presentes. A obra, com chancela das Edições MinervaCoimbra, foi apresentada por José Machado Lopes, numa sessão presidida pelo cônsul de S. Tomé e Príncipe em Coimbra, José Diogo, e na qual participou também Luciano Calheiros Gomes, conterrâneo do autor. Para José Diogo, “S. Tomé e Príncipe deve muito a Hermínio Ferraz”.

Machado Lopes considera Hermínio Ferraz “uma revelação inesquecível”, numa “escrita simples quanto febril, cantante, fresca”, de “vocabulário irrequieto e uma alegre magia da frase”. Com uma ficção que rodeia episódios reais, refere, Hermínio Ferraz “recorre ao processo estilístico adequado quando dá privilégio à ironia e ao humor. As personagens evoluem e rodopiam, umas pitorescas, outras sequiosas, em autêntica filigrana de pormenor. As desvergonhas, as arrogâncias, as barreiras, os preconceitos, as condições de classe, os mitos, as origens, os conflitos - narração vibrante que nos envolve e arrasta (com avidez) até ao fim”.

“O Feitiço das Ilhas do Cacau” desenrola-se numa trama urdida nos espaços de cacau, de mestiços e de brancos, entre as paradisíacas ilhas tropicais e a metrópole, num universo que se desenrola sob a ascendência de uma cultura, numa teia de relações sociais aparentemente inofensivas ou tolerantes.

“Hermínio Ferraz, com a autoridade que lhe confere o saber de experiência vivida, transubstancia-se (por natureza) em europeu radicado ou, melhor, em euro-africano. Por outro lado e sem o adivinhar, assume o papel do etno-antropólogo-ficcionista-historiador que, tendo amado aquelas terras e assistido aos factos, tudo analisa como se de uma aventura própria se tratasse. Daí, um enorme suporte de referências e de falas originais, colhendo da Europa e afrontando África, o que sugere uma postura crítica e um comportamento de cariz quase militante em relação ao destino daquele (e deste) mundo que incomoda”, refere ainda Machado Lopes.

Hermínio Ferraz nasceu em Belmonte mas viveu a infância e adolescência na Aldeia da Vela, onde fez os estudos primários e ali mantém casa própria. Frequentou o Liceu da Guarda e cursou a então Escola Agrícola de Coimbra onde, por convite, exerceu funções docentes em dois períodos distintos, intercalados pela primeira estadia de quatro anos em S. Tomé e Príncipe.

Foi depois professor na Escola Técnica de Mirandela e no Colégio N.ª Sr.ª do Amparo. Estudou Máquinas no Stonleight Inst. Worwick, Inglaterra, com estágios técnicos em Bloenfontein (África do Sul); Pompeia (Brasil) e cidade de Rosário (Argentina). Em S. Tomé foi o primeiro Director do Núcleo de Povoamento da Favorita (Experiência Moderna de Integração dos Naturais nas Actividades Económicas da Província.

Foi responsável pelo Boletim Informativo da BFAP, revista técnica mensal; coordenador da Rádio Rural do Rádio Clube de S. Tomé; director interino de A Voz de S. Tomé e professor da Escola do Magistério.

Ali colaborou em diversas actividades; literárias, cénicas e outros eventos culturais. Passou a Angola onde foi Director do Departamento Agro-industrial da maior empresa do género de Luanda, donde regressou, definitivamente, em 20 de Dezembro de 1975.

A par da sua actividade profissional, fez parte das últimas direcções do Clube de Amadores de Pesca de Luanda e da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra que levou a cabo a construção do novo edifício da sede, o pavilhão desportivo polivalente e a piscina olímpica.
De novo em Portugal, foi director de empresas industriais, tendo-se reformado como Director da Sécil Prébetão, com sede no Montijo, responsável a nível nacional da Divisão de Tubos e Pré-fabricados de Betão para drenagens de vias e obras públicas em geral.

















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