
A MinervaCoimbra tem já disponível nas suas Livrarias e para distribuição o livro de Inês Amorim — PORTO DE AVEIRO: Entre a Terra e o Mar —, comemorativo dos 200 anos da abertura da Barra de Aveiro (3 de Abril de 1808).
"Em 3 de Abril de 1808 a barra do porto de Aveiro fixou-se, onde hoje está. O acontecimento, vivamente desejado, tem, a montante e a jusante, uma longa história.
A história do porto de Aveiro é, antes de mais, um observatório, por excelência, das relações, político-administrativas, articuladoras de interesses e poderes locais com os globais, assim como do desejo do homem em dominar a natureza, a par do desejo de progresso, sempre…, sempre…, entre a incerteza e o fascínio da realização.
O percurso de abordagem funciona como um “jogo de escalas” dada a abordagem micro e macro que se procura cruzar, em torno de três momentos:
. o primeiro traça a relação entre Ria, mar, barra, porto, uma relação marcada por uma vida marítimo-fluvial que se inicia muito antes da abertura da barra, há 200 anos, e que justifica e sua progressiva consolidação, e reivindicação, de barra a porto, até aos nossos dias;
. no segundo, acompanha-se a progressiva institucionalização da ideia de porto, consolidada numa estrutura orgânica, desde 1755, marcada por actores, institucionais, que evoluiu ao ritmo das competências que as tutelas político – económicas lhes permitiram exercer (quer sobre o porto, quer sobre a Ria, mesmo sobre o mar), sempre justificadas por modelos de gestão, que se idealizaram e concretizaram, oscilando entre a autonomia e a dependência das tutelas centrais;
. no terceiro, observa-se o progressivo “desenho” do porto – entre o espaço imaginado (planos, propostas, projectos, mapas e cartas) e o executado, em que os “engenheiros” no seu sentido mais lato (desde os militares aos civis) se envolvem, num processo de articulação entre tutelas plurais (da engenharia militar e civil, às tutelas administrativas de cariz nacional e/ou local).
Homens e mulheres, às dezenas e aos centos, que se agregavam em torno das necessidades de construção, de administração, de animação comercial e de transporte, universo humano em torno do porto. Anónimos, tantos destes, povoam os espaços descritos e animam as estruturas orgânicas, acentuam conflitos e festejam os sucessos. Os seus rastos povoam a documentação que o arquivo do Porto de Aveiro encerra e é graças a esta e àqueles que se justificam todas estas letras, homenagem sincera dos seus herdeiros, que se perpetuará outros tantos, ou mais, 200 anos…".

A sua tese de doutoramento intitulou-se "Aveiro e sua Provedoria no século XVIII (1690-1814) – estudo económico de um espaço histórico".
Inês Amorim é cordenadora, desde 2004, do Instituto de História Moderna da Universidade do Porto (IHM-UP), unidade de investigação apoiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e foi coordenadora do Projecto SAL(H)INA, Salt History - Nature and Environment – from XV to XIX - História do Sal - natureza e meio ambiente - séculos XV a XIX, entre Outubro de 2005 e Outubro de 2008.
É investigadora no projecto HISPORTOS – Contribuição para o estudo dos portos do Noroeste português na Época Moderna.
Tem publicadas várias obras nas suas áreas de investigação.
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