"Hermínio Ferraz, com a autoridade que lhe confere o saber de experiência vivida, transubstancia-se (por natureza) em europeu radicado ou, melhor, em euro-africano. Por outro lado e sem o adivinhar, assume o papel do etno-antropólogo-ficcionista-historiador que, tendo amado aquelas terras e assistido aos factos, tudo analisa como se de uma aventura própria se tratasse. Daí, um enorme suporte de referências e de falas originais, colhendo da Europa e afrontando África, o que sugere uma postura crítica e um comportamento de cariz quase militante em relação ao destino daquele (e deste) mundo que incomoda.
Ficção que rodeia episódios reais. Hermínio Ferraz recorre ao processo estilístico adequado quando dá privilégio à ironia e ao humor. As personagens evoluem e rodopiam, umas pitorescas, outras sequiosas, em autêntica filigrana de pormenor. As desvergonhas, as arrogâncias, as barreiras, os preconceitos, as condições de classe, os mitos, as origens, os conflitos - narração vibrante que nos envolve e arrasta (com avidez) até ao fim.
Escrita simples quanto febril, cantante, fresca. Vocabulário irrequieto e uma alegre magia da frase.
Hermínio Ferraz, uma revelação inesquecível!"
José Machado Lopes
(Arqueólogo)
(Arqueólogo)
HERMÍNIO FERRAZ nasceu em Belmonte mas viveu a infância e adolescência na Aldeia da Vela, onde fez os estudos primários e ali mantém casa própria.
Frequentou o Liceu da Guarda e cursou a então Escola Agrícola de Coimbra onde, por convite, exerceu funções docentes em dois períodos distintos, intercalados pela primeira estadia de quatro anos em S. Tomé e Príncipe.
Foi depois professor na Escola Técnica de Mirandela e no Colégio N.ª Sr.ª do Amparo. Estudou Máquinas no Stonleight Inst. Worwick, Inglaterra, com estágios técnicos em Bloenfontein (África do Sul); Pompeia (Brasil) e cidade de Rosário (Argentina).
Em S. Tomé foi o primeiro Director do Núcleo de Povoamento da Favorita (Experiência Moderna de Integração dos Naturais nas Actividades Económicas da Província.
Foi responsável pelo Boletim Informativo da BFAP, revista técnica mensal; coordenador da Rádio Rural do Rádio Clube de S. Tomé; director interino de A Voz de S. Tomé e professor da Escola do Magistério.
Ali colaborou em diversas actividades; literárias, cénicas e outros eventos culturais.
Passou a Angola onde foi Director do Departamento Agro-industrial da maior empresa do género de Luanda, donde regressou, definitivamente, em 20 de Dezembro de 1975.
A par da sua actividade profissional, fez parte das últimas direcções do Clube de Amadores de Pesca de Luanda e da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra que levou a cabo a construção do novo edifício da sede, o pavilhão desportivo polivalente e a piscina olímpica.
De novo em Portugal, foi director de empresas industriais, tendo-se reformado como Director da Sécil Prébetão, com sede no Montijo, responsável a nível nacional da Divisão de Tubos e Pré-fabricados de Betão para drenagens de vias e obras públicas em geral.
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