quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Os textos da nossa memória colectiva


A Livraria Minerva promoveu mais uma Terça-Feira de Minerva, incluída no ciclo dedicado à Literatura Portuguesa. Desta feita, Maria Regina Rocha recordou "Textos da nossa memória colectiva", numa conversa sobre aquilo que nos une em termos de identidade cultural.

Recordando o livro único, que durante anos serviu de apoio ao estudo nos primeiros anos de escola, a professora e especialista em português tentou perceber, com a ajuda do público presente, o que é que nos faz decorar uns textos e outros não e também recordar uns e outros não.

Porque é que uns permanecem na memória colectiva de todos? O que é que eles têm que os diferencia de todos os outros? Através dos poemas de Guerra Junqueiro, "Regresso ao lar" (1892), de Augusto Gil, "Balada da Neve" (1909), de Almeida Garrett, "A Nau Catrineta" (1843), de Fernando Pessoa, “Mar Português” e "Mostrengo" (1934) — que os presentes na Livraria Minerva leram em uníssono com manifesta satisfação — e ainda de João de Deus e de António Nobre, entre outros —, Maria Regina Rocha provou que temas como a partida, característica intrínseca ao povo português, mas também a saudade, a inocência da infância, os valores da família, a idealização do campo ou os mitos da história nacional tocam, afinal, a alma lusitana.

Outros poemas há que têm um ritmo contagiante que nos fazem quase cantar ao recordá-los, como aconteceu na Livraria Minerva na tarde da última terça-feira com um coro de vozes a entoar afinadamente “Os treze anos”, de António Feliciano de Castilho, e a acompanhar o saudoso João Villaret no conhecido texto “Procissão”, de António Lopes Ribeiro. Textos e textos que, afinal, fazem parte do nosso imaginário comum.

A última parte da sessão foi deveras participada, pois Maria Regina Rocha, depois de focar outros textos, como, por exemplo, “Quase”, de Mário de Sá-Carneiro, “Cântico Negro”, de José Régio, “Segredo”, de Miguel Torga, ou “Trova do Vento que Passa”, de Manuel Alegre (muito bem cantada por duas belas vozes da assistência: Maria Helena Carneiro e Maria Helena Marques), resolveu desafiar os presentes a responder a uma pergunta: “Que textos (contemporâneos e outros) ficarão na memória das novas gerações?”.

E de muito se falou: da importância da memória no ensino, do que se ensina na disciplina de Língua Portuguesa, de valores, de alguns textos que deveriam constituir um cânone a ser legado de geração em geração.

Maria Regina Rocha é professora da Escola Secundária José Falcão, com larga experiência de ensino da Literatura Portuguesa. É consultora do "Ciberdúvidas da Língua Portuguesa", participa em emissões do programa "Páginas de Português", da Antena 2, e é autora dos conteúdos linguísticos do programa "Cuidado com a Língua!", transmitido na RTP.



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