quarta-feira, junho 06, 2007

Livro aborda memórias e imaginários das relações culturais entre Portugal e Alemanha


As Edições MinervaCoimbra promoveram na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra o lançamento do primeiro volume da obra “Portugal-Alemanha: Memórias e Imaginários”, dedicado ao período da Idade Média ao século XVIII. A obra, com coordenação e prefácio de Maria Manuela Gouveia Delille, é In Memoriam A. H. de Oliveira Marques e contou com a presentação de José Cardoso Bernardes, presidente do Conselho Científico da FLUC.

Resultante de um ciclo de conferências proferidas naquela Faculdade, no âmbito do projecto de investigação “Relações Literárias e Culturais Luso-Alemãs. Estudos de Recepção e de Hermenêutica Intercultural” do CIEG (Centro Interuniversitário de Estudos Germanísticos), o presente volume reúne 15 textos em que memórias históricas alternam ou se fundem com representações ficcionais do Outro, entre a Idade Média e o século XVIII. Um segundo volume abrangerá os séculos XIX e XX.

Para José Cardoso Bernardes, este livro cumpre um dos objectivos fundamentais que a investigação deve cumprir, ou seja, “corrigir um lugar comum”. E, neste caso, o lugar comum consiste na ideia de que as relações culturais entre Portugal e a Alemanha só existem após o Romantismo. “É um lugar comum que é ampla e comprovadamente corrigido ao longo deste livro” que, continuou, “contém provas introversas de que as relações culturais, literárias, entre as duas regiões politicamente demarcadas foram, se não intensas, pelo menos importantes, ao longo do período que o livro cobre”.

O livro abre, precisamente, “com um ensaio exemplar, magnífico, de Oliveira Marques, sobre as relações entre Portugal e a Alemanha, na altura não se chamando assim, no período que antecede a nossa nacionalidade, culminando justamente com a importância conferida à conquista de Lisboa e ao importante papel que nela desempenharam germanos”, referiu ainda José Cardoso Bernardes.

Os estudos que incorporam este livro “têm uma qualidade incontestável e evidente, que não justificam nenhuma esforço de apreciação”. São estudos muito bem informados que têm, na maioria dos casos, um carácter prospector e recolectivo. “Depois de ler este livro, fica-se com a ideia de que há aqui muita informação nova mas que há também muita informação por desbravar”, afirmou o apresentador da obra. “Este livro abre um caminho que importa continuar a recorrer”.

O discurso fundamentado, mas ao mesmo tempo claro e acessível, tornam-no num livro útil a um conjunto alargado de leitores. “É um livro feito por germanistas para todos aqueles que se interessam pela cultura portuguesa até ao século XVIII, pelo menos”.

Maria Manuela Gouveia Delille destacou, por sua vez, o profundo conhecimento de Oliveira Marques neste capítulo das relações luso-alemãs. “Desde que o conheci pessoalmente, no final dos anos 80, o convívio com ele foi muito enriquecedor. Considero-o um pioneiro incontestável nesta área das relações luso-alemãs”, afirmou a coordenadora da obra.




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