quarta-feira, junho 06, 2007
Jornalismo tem que resistir à economia de mercado
Decorreu na Escola Superior de Educação de Coimbra uma sessão de lançamento do livro “Os Jornalistas Portugueses. Dos problemas da inserção aos novos dilemas profissionais”, de Sara Meireles Graça. A apresentação da autora esteve a cargo de Isabel Calado, coordenadora da licenciatura em Comunicação Social da ESEC. A obra contou com apresentação de Leonete Botelho, jornalista do Público, e José Luís Garcia, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e a sessão decorreu num ambiente de aceso debate com os alunos da área de Comunicação da ESEC.
Segundo José Luís Garcia, o livro de Sara Meireles Graça norteia-se na questão sobre como é possível hoje em dia alguém entrar na profissão de jornalista, estando o jornalismo entre a espada e a parede. Ou seja, o jornalismo encontra-se hoje entre as pressões das novas tecnologias de comunicação e a pujança da economia de mercado.
A partir deste fio condutor, a autora desenvolve dois tipos de análise: uma sobre qual a situação do ingresso na vida profissional e, por outro lado, quais as perspectivas. Para José Luís Garcia, o mais interessante do livro é verificar que, em relação a este último ponto, “tudo aquilo que se apontava como futuro se tornou, de repente, presente”, porque a aceleração das mudanças no nosso tempo é enorme.
Segundo José Luís Garcia, os jornalistas não podem ceder à exigência da economia de mercado e deixar que o seu trabalho se transforme num produto que obrigatoriamente tem que vender, porque, antes de mais, a profissão de jornalista está associada à transmissão de valores cívicos e culturais que dão sentido à vida colectiva em sociedade.
Por seu turno, Leonete Botelho considerou extremamente importante a reflexão que o livro de Sara Meireles Graça pode proporcionar a todos os jornalistas. “Este trabalho é óptimo”, afirmou. “A profissão de jornalismo está, hoje em dia, entre a espada e a parede”, embora para a jornalista, não as mesmas de José Luís Garcia.
“As novas tecnologias são apenas um meio e não uma ameaça”, referiu Leonete Botelho. “Nem mesmo o facto de os jornais estarem hoje online”. A espada e a parede tem a ver sobretudo com o mercado de trabalho e o mercado de consumo. “É neste jogo que a profissão está entalada”.
A questão que se coloca “é encontrar um ponto de equilíbrio, mas que jamais será o mesmo. O que é hoje já não é amanhã. Esta é a marca dos nossos tempos. Assim como a precaridade laboral. É nesta instabilidade que temos que tentar encontrar algum equilíbrio, nunca perdendo de vista o que está em constante mutação”.
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