
Decorreu na Escola Superior de Educação de Coimbra uma sessão de lançamento do livro “Os Jornalistas Portugueses. Dos problemas da inserção aos novos dilemas profissionais”, de Sara Meireles Graça. A apresentação da autora esteve a cargo de Isabel Calado, coordenadora da licenciatura em Comunicação Social da ESEC. A obra contou com apresentação de Leonete Botelho, jornalista do Público, e José Luís Garcia, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, e a sessão decorreu num ambiente de aceso debate com os alunos da área de Comunicação da ESEC.
Segundo José Luís Garcia, o livro de Sara Meireles Graça norteia-se na questão sobre como é possível hoje em dia alguém entrar na profissão de jornalista, estando o jornalismo entre a espada e a parede. Ou seja, o jornalismo encontra-se hoje entre as pressões das novas tecnologias de comunicação e a pujança da economia de mercado.
A partir deste fio condutor, a autora desenvolve dois tipos de análise: uma sobre qual a situação do ingresso na vida profissional e, por outro lado, quais as perspectivas. Para José Luís Garcia, o mais interessante do livro é verificar que, em relação a este último ponto, “tudo aquilo que se apontava como futuro se tornou, de repente, presente”, porque a aceleração das mudanças no nosso tempo é enorme.
Segundo José Luís Garcia, os jornalistas não podem ceder à exigência da economia de mercado e deixar que o seu trabalho se transforme num produto que obrigatoriamente tem que vender, porque, antes de mais, a profissão de jornalista está associada à transmissão de valores cívicos e culturais que dão sentido à vida colectiva em sociedade.
Por seu turno, Leonete Botelho considerou extremamente importante a reflexão que o livro de Sara Meireles Graça pode proporcionar a todos os jornalistas. “Este trabalho é óptimo”, afirmou. “A profissão de jornalismo está, hoje em dia, entre a espada e a parede”, embora para a jornalista, não as mesmas de José Luís Garcia.
“As novas tecnologias são apenas um meio e não uma ameaça”, referiu Leonete Botelho. “Nem mesmo o facto de os jornais estarem hoje online”. A espada e a parede tem a ver sobretudo com o mercado de trabalho e o mercado de consumo. “É neste jogo que a profissão está entalada”.
A questão que se coloca “é encontrar um ponto de equilíbrio, mas que jamais será o mesmo. O que é hoje já não é amanhã. Esta é a marca dos nossos tempos. Assim como a precaridade laboral. É nesta instabilidade que temos que tentar encontrar algum equilíbrio, nunca perdendo de vista o que está em constante mutação”.








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