quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Universidade de Coimbra possui património bibliográfico único


A Livraria Minerva, em colaboração com o Rotary Club de Coimbra Santa Clara, promoveu mais uma sessão do ciclo “Coimbra – Uma candidatura a Património Mundial”, na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, e com a intervenção director, Carlos Fiolhais.




Crê-se que ascendam a 2.414.328 os documentos que compõem as 81 bibliotecas da Universidade de Coimbra. Um património único que distingue a instituição tornando o seu espólio num dos mais valiosos do país. Em termos de distribuição, estima-se que a Biblioteca Geral, que inclui também a Joanina, possua 1.541.105 documentos, a área das ciências básicas possui 65.150 documentos, ciências da saúde 69.453, ciências sociais 228.562, ciências da vida 46.625, engenharia, arquitectura e ciências da terra 72.368, humanidades 362.245, psicologia e ciências da educação 16.754 documentos. Os centros de investigação possuem cerca de 12.066 documentos.






Detentora do maior espólio, a BGUC luta neste momento com falta de espaço, e Carlos Fiolhais confessou-se desconsolado pelo facto de a sua proposta de transformar a Penitenciária numa Casa do Conhecimento, que junte a BGUC com a Biblioteca Municipal, estar num impasse. Considerando essencial transformar a “arca de Noé” que é o imenso espólio bibliográfico da UC numa “nave espacial”, Carlos Fiolhais referiu que com a Casa do Conhecimento o livro passaria a ser a “marca” de Coimbra.





O espólio da BGUC torna-a numa das mais importantes bibliotecas do país. No cofre do edifício, resguardam-se tesouros como uma Bíblia Hebraica, do século XIII aproximadamente, produzida pela escola de calígrafos hebraicos de Lisboa e parcialmente escrita sob a forma de desenho que apenas pode ser lido com recurso a uma lupa. Este exemplar terá sobrevivido à Inquisição, permanecendo sempre no país, provavelmente escondido, até que foi adquirida pela BG no século XIX. É conhecida como a bíblia Abravanel, nome da família a quem terá pertencido segundo várias assinaturas visíveis na obra.




A BGUC tem, aliás, uma significativa colecção de bíblias, de algumas dezenas de exemplares, mas sobretudo uma das melhores colecções do país de livros de coro. Praticamente 30 exemplares produzidos para uso do Mosteiro de Santa Cruz e que constituem um conjunto de peças que ilustram de uma maneira muito completa o que era o ordinário do mosteiro.



Um primeiro exemplar dos Lusíadas, de 1572, um livro de horas com iluminuras e um exemplar único das chamadas tábuas, que acompanhavam o roteiro de D. João de Castro – o roteiro do mar Vermelho e o roteiro da Índia –, são outros dos tesouros da BGUC. Neles ele descreveu como é que se ia de Portugal até lá, como é que se navegava, os vários portos, as aguadas, os sítios onde se podia ancorar, e em Coimbra está o único exemplar que existe destas tábuas, que foram desenhadas à mão e coloridas a aguarela.




A BGUC vive também de algumas doações valiosas, como a do Visconde da Trindade, Alberto Navarro, inclusive com catálogo publicado. Uma biblioteca muito valiosa sobre a Restauração e a Inquisição que contém uma das maiores colecções de folhetos de autos de fé conhecida.
Finalmente, também a Biblioteca de São Pedro constitui um fundo considerável e a merecer destaque. Entre os 22 colégios universitários existentes em Coimbra até 1834, contava-se o Real Colégio de São Pedro, criado em 1545 pelo canonista Rui Lopes de Carvalho, e instalado desde 1572 junto ao Paço da Alcáçova, na Alta da cidade. O Colégio foi extinto em 1834, mas ao contrário do que aconteceu com outros, a sua biblioteca conservou-se intacta por ter sido afecta ao uso da família real e do reitor. Na sequência da reforma de 1901, foi incorporada na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Os cerca de 8 mil volumes deste fundo, que tem catálogo impresso, foram instalados no salão nobre do ‘novo’ edifício, denominado precisamente Sala de São Pedro, e um pequeno núcleo de obras jurídicas foi incorporado na biblioteca da Faculdade de Direito.

A próxima sessão será na terça-feira, dia 6, na Livraria Minerva, às 21h30, com o tema “Um património chamado Repúblicas”, e contará com a presença de actuais e antigos repúblicos de Coimbra.

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