domingo, maio 14, 2006

Terça-feira de Minerva no Museu Nacional de Machado de Castro


Mudar de Idade
O Museu Nacional de Machado de Castro e os Jovens (de todas as idades)

16 a 20 de Maio de 2006


A Livraria Minerva associa-se ao Museu Nacional de Machado de Castro, integrando a semana comemorativa do Dia Internacional dos Museus que se assinala no próximo dia 18.

Uma despedida de bom augúrio na véspera das grandes obras de remodelação e ampliação a que o Museu vai ser submetido, sugestões oferecidas pela pintura e pelo teatro para uma (provisória) última interacção com os velhos edifícios, exploração do vasto e menos conhecido universo que é o Museu em vias de transformação, reforço dos laços com a comunidade universitária (estudantes, professores, museus), a cidade, as empresas e a comunicação social através do seu envolvimento em actividades concretas e da saída do Museu para fora de portas – eis os principais objectivos desta semana.

Assim, na próxima terça-feira, dia 16, a habitual sessão da TERÇA-FEIRA DE MINERVA realizar-se-á no Museu, com uma tarde de palestras e livros subordinada ao tema “Mudar de idade, mudar de museu”. O programa proposto é o seguinte:

15h30 Pedro Redol – Porque fazemos obra no Museu?

15h50 Catarina Alarcão – Mudar de casa

16h10 Madalena Alarcão e Ana Bertão – Cativar e comunicar com jovens no Museu

Intervalo

16h45 Ana Alcoforado, Catarina Alarcão e João Pocinho
Estudar a escultura, tratando-a: a Última Ceia do refeitório de Santa Cruz de Coimbra

17h30 Virgínia Gomes – Pinturas revelam-se?

Intervalo

18h00 António Pacheco – O azulejo hispano-árabe em Coimbra

Pôr-do-sol/Jantar volante

21h30 “As Suplicantes” de Eurípides, pelo grupo de teatro Thíasos, do Instituto de Estudos Clássicos, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

No local decorrerá uma Feira do Livro de Arte.


RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES:

Mudar de idade, mudar de museu 16 de Maio, 15h30, no MNMC


Porque fazemos obras no Museu? Pedro Redol - Director do Museu Nacional de Machado de Castro
Interrogamo-nos sobre a missão dos museus, em particular a dos museus de arte, a propósito de uma experiência concreta: a ampliação e remodelação, em curso, do Museu Nacional de Machado de Castro, em Coimbra. O ponto de partida é o papel que um museu desta natureza pode assumir em relação ao conhecimento. O ponto de chegada são as soluções de arquitectura e exposição encontradas pelos projectistas, em interacção com os programadores. Entre o ponto de partida e o de chegada medeiam reflexões sobre modos de apropriação do real e representação, tanto quanto sobre a autenticidade como aspecto indissociável de uma ideia de criação de raiz metafísica.
A requalificação do espaço torna-se na grande prioridade de museus que, como aquele que aqui consideramos, foram acumulando objectos arrancados aos seus contextos funcionais no interior de edifícios antigos, resultantes eles próprios da estratificação de numerosas preexistências. Requalificar o espaço implica experiência relativamente à interacção entre espaço, pessoas e objectos, uma experiência que é exigível tanto aos programadores, por regra o director do museu e os seus colaboradores imediatos, como aos projectistas.


Mudar de casa Catarina Alarcão - Técnica superior de conservação e restauro do MNMC
Em 2005 o Museu encerra ao público com vista à implementação de um projecto de ampliação e requalificação que propiciará aos objectos relações formais mais adequadas com o espaço envolvente.
Foi necessário deslocar as colecções para novas instalações – Igreja S. João de Almedina e Quartel da Sofia –, adoptando soluções e critérios especiais adequados a cada caso específico. Todo o equipamento a construir e o método a desenvolver foram cuidadosa e criteriosamente estudados, tendo em conta a fragilidade e condição física das peças e o seu tamanho e peso.
Foram levadas a cabo intervenções de conservação para melhorar a estabilidade física das obras e assegurar que não sofreriam qualquer tipo de dano durante o transporte. Elaboraram-se fichas individuais de conservação, reunindo informações, quantitativas e qualitativas das colecções, bem como registos fotográficos individuais. Foi possível efectuar uma verificação cuidadosa do ponto de vista da conservação e do inventário e garantir a localização imediata das peças ao longo do tempo de encerramento do Museu.
O processo de desmontagem e mudança constituiu, para todas as pessoas nele implicadas, uma aprendizagem contínua e muito enriquecedora, melhorada dia a dia.


Cativar e comunicar com jovens no Museu. Reflexos de 4 dias de formação Madalena Alarcão - Professora Associada da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra Ana Bertão - Professora Adjunta da Escola Superior de Educação do Porto

A farinha está para os bolos como a comunicação está para as relações: é o elemento de ligação (José Gameiro)

Cativar e comunicar parecem ser palavras mágicas para os educadores museais dado o seu desejo de acolher os jovens no museu e de entusiasmá-los pelas suas colecções.
Numa visita, o tempo corre rápido, para uns, e lento, para outros, e a sedução pode ocorrer como num coup de foudre, pode instalar-se insidiosamente ou pode, mesmo, não chegar a acontecer.
Mas como saber que, nestes encontros, se tocou alguém? E como saber que não se tocou? Olhos brilhantes, sorrisos trocados, perguntas complementares, afirmações explicitadas são sinais habitualmente pontuados como indicadores de interesse e de aceitação da mensagem transmitida. Pelo contrário, silêncios, olhos baixos, conversas colaterais, perguntas que, longe de cruzarem o discurso do educador museal, antes parecem desviá-lo do seu objectivo ou obrigá-lo a percorrer novas vias, são sinais quase sempre entendidos como manifestações de desinteresse.
Mas quem selecciona e interpreta estes sinais? Quem os elege de entre um sem número de sinais que permanecem ocultos ou menos visíveis? Fundamentalmente, é o educador museal, ainda que, mais ou menos conscientemente, ajudado pelas trocas comunicacionais ocorridas entre os jovens e os adultos presentes. A percepção é um processo de construção, tecido no cruzamento dos objectivos e das referências de quem fala e de quem escuta, de quem pergunta e de quem responde.
Saber porque é que ele selecciona e amplifica certos sinais, saber de que forma essa selecção e essa amplificação ajudam à troca comunicacional, é descobrir a quantidade de farinha de que cada bolo precisa para crescer bem. Porque mesmo feito infinitas vezes, o bolo nunca sai exactamente igual de todas as vezes.


Estudar a escultura, tratando-a: a Última Ceia do refeitório de Santa Cruz de Coimbra
Ana Alcoforado - Técnica superior do MNMC Catarina Alarcão - Técnica superior de conservação e restauro do MNMC João Pocinho - Técnico profissional do MNMC

Conservar uma escultura, ou restaurá-la, pressupõe um estudo rigoroso dos testemunhos materiais que o escultor nos deixou na obra. Em 2002 iniciou-se um programa visando a reabilitação do conjunto escultórico e um melhor conhecimento da obra de Hodart.
Persistem ainda mais dúvidas do que certezas. Pretendemos recensear as respostas seguramente comprovadas, bem como elencar as questões que nos acompanharão nos próximos tempos, e sobre as quais esperamos que possa surgir alguma luz.
A observação, atenta e diária, das figuras e das centenas de fragmentos, bem como a estudo documental realizados, permitiram clarificar aspectos da elaboração da obra, desde as matérias primas usadas aos materiais e métodos a que o escultor terá recorrido, bem como a tecnologia de execução e o modo de cozedura.
Começando pela extracção dos sais solúveis, passando pelo desmantelamento das peças e separação das bases antigas e pela limpeza, mecânica e química, recuperou-se a estrutura anatómica das figuras e completaram-se as mesmas, no todo ou em parte, devolvendo a leitura de motivos decorativos e possibilitando a colagem de novos elementos. A concepção de estruturas para a remontagem das figuras permitirá uma maior estabilidade e mobilidade das peças com vista à sua exposição futura.


Pinturas revelam-se? O retábulo da nova sacristia da Sé de Coimbra, no séc. XVII Ana Paula Abrantes - Directora do Museu Grão Vasco (Viseu) Virgínia Gomes - Assessora do MNMC

Tradicionalmente aceite pelos historiadores da arte como uma série de pintura decorativa sobre o arcaz da nova sacristia que, no início do séc. XVII, o Bispo de Coimbra mandou fazer para a Sé, a série de dez tábuas que agora se aborda é para nós ainda um enigma sob vários aspectos.
Porquê um programa iconográfico tão rico num local não visitado pelos crentes? Dever-se-á a que ditames? Pessoais do comitente, litúrgicos, políticos? Porque são cinco das pinturas executadas sobre pranchas dispostas horizontalmente e as das outras cinco na vertical?
Porque é frustre a execução das primeiras cinco tábuas e tão elaborada a das restantes? Terão sido executadas em momentos e para espaços diferentes?
Então, o que permite que acreditemos estar perante um conjunto homogéneo - iconográfica e materialmente -, pensado para um determinado local, instrumento da afirmação pessoal do comitente?
Os documentos até agora divulgados pouco esclarecem.
Estamos perante um conjunto de dez pinturas aparentemente divididas em dois grupos de cinco, encomendadas para um edifício entretanto destruído. Todas estas dúvidas e a datação tradicional do conjunto - c.1607 - relativamente à obra da parceria de Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão motivaram um estudo atento e abrangente e o seu restauro, num processo que terá o seu auge no final deste ano, com uma exposição monográfica, preparada por uma equipa multidisciplinar.


Mudar de Idade O Museu Nacional de Machado de Castro e os Jovens (de todas as idades)
16 a 20 de Maio de 2006
PROGRAMA COMPLETO


Dia 16, Terça-feira
NO MUSEU

Mudar de idade, mudar de museu

15.30H Pedro Redol – Porque fazemos obra no Museu?
16.00H Catarina Alarcão – Mudar de casa
16.30H Madalena Alarcão e Ana Bertão – Cativar e comunicar com jovens no Museu

Intervalo

17.15H Ana Alcoforado, Catarina Alarcão e João Pocinho
Estudar a escultura, tratando-a: a Última Ceia do refeitório de Santa Cruz de Coimbra
18.30H Virgínia Gomes – Pinturas revelam-se?

Pôr-do-sol/Jantar volante

21.30H As Suplicantes de Eurípides, pelo grupo de teatro Thíasos, do Instituto de Estudos Clássicos, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra


NA ESCOLA SECUNDÁRIA INFANTA D. MARIA

18.00H Assim? Uma Homenagem aos Momty Python, pelo Grupo Juvenil de Teatro da Liga dos Amigos do MNMC

Dia 17, Quarta-feira










18.00H Inauguração da exposição “Os Alqueires bem Medidos”, na Torre de Almedina


Dia 18, Quinta-feira Dia Internacional dos Museus

NO PORTUGAL DOS PEQUENITOS

14.00H O Museu no Portugal dos Pequenitos

NO HOSPITAL PEDIÁTRICO DE COIMBRA

11.00H O colar da Rainha Santa. Aprender a fazer jóias mágicas


NO MUSEU
Jovens investigadores do Museu Nacional de Machado de Castro

15.00H Milton Pacheco – O Paço episcopal de Coimbra – espaços e representação
15.20H Duarte de Freitas – Para além dos objectos... O Museu Machado de Castro e as interacções com o meio (1911-1929)

15.40H Debate com moderação de Catarina Pires

Intervalo

16.30H Eva Armindo – Tecendo a conservação – ciência e arte num tapete oriental
16.50H Sónia Pires – Quem pintou o Políptico de Celas?
17.10H Isabel Matias e Catarina Alarcão–As cores de João de Ruão: estudo dos pigmentos utilizados em duas predelas de calcário policromado
17.30H Debate com moderação de Gilberto Pereira

16.00H Mini-repórteres fotografam o Museu













18.00H Inauguração da exposição de Délia Carvalho, Pepe Garcia, Vasco Carneiro e Eric Irving, “Rostos, formas e sombras”













© Vasco Carneiro

Dia 19, Sexta-feira

NO MUSEU

17.30H Grafitti e património, uma actividade para crianças


Dia 20, Sábado
Noite dos Museus

NO QUARTEL DA SOFIA (ENTRADA PELA RUA DE AVEIRO)

21.00H A tenda está montada
Exploração da tenda-reserva de escultura – jogo de pistas e construção de símbolos heráldicos
23.00H A Fundação da Cidade de Coimbra, pelo grupo de teatro de fantoches do Ateneu de Coimbra
23.30H Acampamento infantil nocturno


Informações: Museu Nacional de Machado de Castro
Tel. 239 482 001
Email:
mnmc@ipmuseus.pt

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