sábado, maio 27, 2006
Orlando Raimundo recordou em Coimbra caso Carrilho
Numa iniciativa promovida pelas Edições MinervaCoimbra e pela Área de Ciências da Comunicação, das Organizações e dos Media da ESEC, decorreu na ESEC um debate à volta do livro “A Entrevista no Jornalismo Contemporâneo”, com a presença do autor, o jornalista Orlando Raimundo, do semanário Expresso, e de Álvaro Vieira, jornalista do Público e docente naquela escola.
O livro de Orlando Raimundo é um ensaio que clarifica o que é uma entrevista, que tipos de entrevista existem, a que regras deverá obedecer a sua realização, que competências se exigem aos que a preparam, conduzem e editam e quais as responsabilidades, deveres e limites dos jornalistas na formatação do conteúdo final.
Para o jornalista, “nem todos os entrevistadores têm a capacidade de fazer falar e saber ouvir. Do mesmo modo que nem todos os entrevistados se deixam conduzir por quem os interroga, exprimem com clareza o que pensam ou dizem sinceramente o que sabem”. Assim, o êxito da entrevista “não depende apenas de saber fazer perguntas e ser capaz de gerir silêncios”, refere Orlando Raimundo. “Há todo um conjunto de circunstancialismos temporais e logísticos, condicionantes da informação, inteligência e saber, escalas de valores e formas de reagir, do domínio do carácter, que se chocam ou harmonizam ao longo de toda a conversa”.
Ainda segundo o autor, “sem a margem de criatividade da reportagem, o campo de liberdade do comentário ou o contorno literário da biografia, a entrevista vale em grande parte o que valer quem a prepara, o esforço prévio que realiza para esse fim e a consonância dos dois protagonistas com a actualidade, o domínio linguístico que possuírem ou a presença de espírito que forem capazes de assumir”. Não há, por isso, “sorte nem azar na entrevista. Quando ela falha é porque o entrevistado falhou”.
Tema de debate foi também o caso Carrilho, pormenorizadamente abordado no livro de Orlando Raimundo, quando em, 1999, o então ministro da Cultura reuniu em livro 21 entrevistas e alguns artigos de sua autoria, publicados em diversos órgãos de comunicação social entre 1995 e 1999.
Tudo “com uma originalidade desconcertante”, recordou Orlando Raimundo. “As entrevistas tinham sido todas alteradas, na maioria dos casos profundamente, chegando o desrespeito ao ponto de se modificaram não apenas as respostas mas, até, algumas perguntas”. Mais. “Os jornalistas que realizaram as entrevistas não só não foram advertidos para a cirúrgica intervenção ministerial, como nem sequer foram consultados ou informados sobre a decisão de as republicar”.
Como se tudo isto não bastasse, “após o lançamento do livro, descobriram, com espanto e indignação, que a sua assinatura tinha sido pura e simplesmente suprimida da edição”.
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