sexta-feira, fevereiro 24, 2006
História do vitral nas Terças-Feiras de Minerva
Pedro Redol foi o convidado de mais uma sessão das Terças-Feiras de Minerva, com o tema "Pintar com a luz: primeiro crepúsculo da arte do vitral".
Especialista em vitrais, Pedro Redol centrou a sua apresentação nos exemplares ainda existentes no Mosteiro da Batalha, do qual é conservador, apesar de ocupar, desde Abril de 2005, o cargo de director do Museu Nacional de Machado de Castro.
Tal como escreveu William Beckford, num livro onde recolhe as suas impressões de uma viagem aos mosteiros da Batalha e Alcobaça entre 1763 e 1765, “não há tapeçaria, por mais rica, nem pintura, por mais vívida, que possam igualar o deslumbramento deste matiz, o esplendor do dourado e vermelho-rubi derramado pela longa série de vitrais”.
A arte do vitral é antiga, e é revivida várias vezes, pelo que, ao falar-se de um primeiro crepúsculo, fala-se de finais do século XV, inícios de XVI, em que o vitral foi substituído por pintura em vidro. “Normalmente, quando falamos em vitral, as pessoas pensam imediatamente em vidros pintados”, referiu Pedro Redol. “Os vitrais têm efectivamente vidros pintados, mas não é essa circunstância que lhes dá a vibração própria da cor”.
O que acontece, é que os vidros utilizados nos vitrais já são corados no processo de fabrico, sendo que nalgumas circunstâncias podem ser coloridos. E “há materiais que vão depois modelar a passagem da luz”.
Na sua origem, em finais do século IX, inícios de século X, o vitral assumiu como recurso exclusivo o facto de a luz atravessar o material. “Pintava-se com os vidros que se cortavam e que se montavam em calhas de chumbo”, referiu Pedro Redol. “Claro que depois o trabalho consistia em revelar a passagem da luz através de um material que permite maior ou menor transparência, maior ou menor opacidade”.
Portugal teve muitos vitrais no século XVI, cuja existência está documentada, mas que se perderam quase completamente. No entanto, já no próprio século XX foram feitos alguns vitrais importantes.
A conferência de Pedro Redol foi acompanhada de uma série de imagens de vitrais de Portugal e estrangeiro, e durante a sua exposição, o director do MNMC revelou ainda como se processa o fabrico dos vitrais e o seu restauro, através de várias imagens recolhidas em oficinas de conservação do Mosteiro da Batalha.
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