segunda-feira, outubro 17, 2005
Trilogias Líricas pela autora
Desde a elaboração do segundo livro de poesia (Tempo de Bruma) que venho sentindo, por vezes, dificuldade em enformar no verso a ideia poética, tão sôfrega em se libertar das peias de habituais registos formais, e encontrar uma nova forma estética para dar voz à criação lírica.
Relendo, de então para cá os poemas publicados, ao evocar ideias e sentimentos ligados par sempre às sendas por onde o poema germinou e fez caminho; ao vivenciar esses estados e tempos emocionais a eles ligados, interroguei-me: - "Porque não fazer ouvir as cores, nuances, ritmos e música... através de uma renovada expressão?!... Porque não os revisitar, redizendo-os em novas cadências e nova roupagem?..."
Desta experiência, muito gratificante para mim, nasceram alguns trechos em 'prosa', dez dos quais são aqui publicados. A esses poemas que mais intensa e significativamente apelaram a esta nova forma de "dizer", pertencem os excertos que apresentamos como epígrafes ou aberturas semânticas aos novos textos.
Os trinta e seis poemas que integram o livro foram reunidos em doze grupos, de três poemas cada, segundo os elementos temáticos comuns: - Marinhas, A Casa, Destino, Cântico em Dó, Tagoreanas, Nostalgias, Página em Branco - Variações em três registos -, Do Tempo, do Amor e da Morte, Poema para uma Guerra e Rostos de Crianças.
TRILOGIAS LÍRICAS — neste universo simbólico do três, prosa ou verso, silêncios e vozes, misturam-se, entrecruzam-se, numa tessitura polifónica e inter(intra)textual, nem sempre explícita mas sempre a respirar e a alimentar este processo de auro-imitação (?) e circularidade narcísica.
Maria Lucília Mercês de Mello
Coimbra, Fevereiro de 2005
Foto: Paula Almeida
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