sábado, maio 17, 2014

SÍLVIA TORRES E «GUERRA COLONIAL NA REVISTA NOTÍCIA» APRESENTAÇÃO EM COIMBRA



 Decorreu em Coimbra, no quase centenário e emblemático Café Santa Cruz, a apresentação do livro «Guerra Colonial na Revista Notícia» de autoria de Sílvia Manuela Marques Torres. A sessão foi iniciada por Isabel de Carvalho Garcia (MinervaCoimbra) e a apresentação coube à Doutora Isabel Nobre Vargues (Professora da Fcauldade de Letras ad Universidade de Coimbra, autora e Directora da Colecção Comunicação História e Memória desta editora.
A sessão terminou com a participação do ilusionista Telmo Melo
Este livro constitui o nr. 63 da Colecção Comunicação (MinervaCoimbra) dirigida por Mário Mesquita. 


 














Para Isabel Nobre Vargues:
"Costumo afirmar o quão é ainda complexo (por falta de investigação) falar-se de certos temas como o da guerra colonial como o da censura ou como o da liberdade de expressão e ainda mais complexo quando se pretende compreender melhor a história da imprensa no mundo lusófono.
O livro é constituído por cinco capítulos: O jornalismo de guerra, a história da imprensa em Angola, uma história da revista Notícia, a censura no Estado Novo e a cobertura jornalística da Guerra Colonial em Angola. O estudo é sustentado ainda com Apêndices, imagens, e ancorado em bibliografia quase exaustiva. 
1.Como nos esclarece na pequena síntese este estudo que foi inicialmente uma investigação para tese de mestrado pretende contribuir não só para o estudo da imprensa portuguesa e angolana da segunda metade do século XX como também para um maior conhecimento da cobertura jornalística da Guerra Colonial em Angola, feita pela Notícia, uma revista com sede em Luanda. As principais fontes foram o semanário e o testemunho de dez personagens contemporâneos desse tempo africano e que foram jornalistas, escritores e outros autores que nele trabalharam e assistiram aos momentos de mudança nos anos sessenta, os anos da guerra em Angola sendo testemunhas privilegiadas na cobertura jornalística de um conflito do século XX.
Com efeito os pequenos perfis que elaborou sobre cada um, com base em entrevistas e que são apêndices neste livro são preciosos. Revelam o instinto de uma investigadora que sabe comunicar e tornar ainda o seu estudo mais apelativo para o leitor.
Fernando da Silva Gonçalves – autor do célebre "Zé da Fisga" –, nasceu no dia 2 de Fevereiro de 1940, na Póvoa do Varzim. Em 1962 foi mobilizado pelo Batalhão de Caçadores 5 - Campolide para servir o Estado Português, em Angola. Embarcou no dia 5 de Dezembro de 1962 rumo a Cabinda, integrado na Companhia de Caçadores Especiais 371; e no início de Dezembro de 1964 regressou à Póvoa do Varzim.
O «Zé da Fisga» 
«... Considero ser uma justa homenagem a quem durante muitos anos nos presenteou com os seus desenhos não legendados, deixando assim à criatividade do leitor o pensamento que cada um melhor entendesse que poderia “retratar” a situação criada pela imaginação do cartoonista. ...»
«... o serviço militar levou-o até Angola, tendo sido destacado para Cabinda. A fim de “matar o tempo” começou a desenhar a cores uma figura divertida, de humor bélico, irónico, que pretendia gozar com as situações diversas da vida militar, cartoon que assina com o pseudónimo de "Nando". E foi assim que em 1962 surgiu o jovem e divertido "Zé da Fisga", caricatura do soldado português que se “safava” sempre, dando a “volta” ao Sargento da Companhia.»  Zé da Fisga, num comercial à pilha TUDOR. Fontes: 
«Reviver Estórias...» (Leão Verde)
«Ainda em Luanda, em 1967, o “Nando” realiza um filme comercial animado do “Zé da Fisga” tendo como base a publicidade às pilhas Tudor. Filme que foi revelado na Rodésia e que começou a passar nos cinemas nos intervalos dos filmes, tendo sido o único filme de animação feito com aquele personagem. “Apenas por uma questão de pormenor e para exemplificar a típica inventividade do português, o filme foi filmado com a câmara assente num tripé apontado para uma parede iluminada, com os fundos e os acetatos presos com pioneses!  E, ao que parece resultou em pleno, conforme se pode verificar no filme abaixo”»
 A caricatura foi também uma arma muito importante na imprensa em Angola nos anos sessenta e até hoje quase nada se sabia deste personagem.
2. Na história da imprensa de Angola Luanda e Benguela surgem com centros principais. A história do jornalismo angolano começou a ser feita nos anos sessenta do século XX como estudos já o salientaram: Júlio de Castro Lopo em Jornalismo de Angola (1964), A. Borges de Melo A influência do Brasil no Jornalismo de Angola (1975), Antonio Hohlfeldt, Caroline Corso de Carvalho Intercom - Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, v. 35, n. 2 (2012)
As colónias tiveram um grande atraso na produção impressa, relativamente a Portugal. Angola, por exemplo, teve seu primeiro diário oficial apenas em 1845, com a edição do Boletim do Governo-geral da Província de Angola. Quanto a Moçambique, começou apenas em 1854. Goa, na Índia, que recebera a imprensa ainda no século XVI, após 1750, com a expulsão dos jesuítas, pelo Marquês do Pombal, só vai produzir impressos a partir de 1821. E Cabo verde passou a conhecer a imprensa a partir de 1842.
A evolução jornalística de Angola, segundo Júlio de Castro Lopo, em Jornalismo de Angola (1964), dependeu, dentre outros fatores, do incremento da colonização europeia, do desenvolvimento do comércio interno e do comércio exportador. Na medida em que o território foi progredindo no intercâmbio com a Europa e com o aumento das exportações de géneros agrícolas e minerais, foram-se estabelecendo as tipografias e os periódicos.
 De um modo geral os investigadores consideram três momentos na história do jornalismo das colônias africanas, assim como o faz Lopo, a respeito de Angola.»

O livro
Este livro visa contribuir não só para o estudo da imprensa portuguesa e angolana da segunda metade do século XX como também para um maior conhecimento da cobertura jornalística da Guerra Colonial em Angola, feita pela Notícia, uma revista com sede em Luanda. As principais fontes desta análise são o referido semanário e o testemunho de jornalistas que nele trabalharam. Estruturalmente, este livro é constituído por cinco capítulos. O jornalismo de guerra, a história da imprensa em Angola, o historial da revista Notícia, a censura no Estado Novo e a cobertura jornalística da Guerra Colonial em Angola feita pela Notícia são os temas de destaque. Através desta obra, que resulta da investigação desenvolvida no âmbito de uma dissertação de Mestrado, é dada a conhecer uma das faces da guerra ainda pouco explorada: a cobertura jornalística de um conflito de um conflito do século XX, em que o jornallista vive no próprio país em guerra.
Este livro resulta da tese de Mestrado da autora. 
Ilustração da capa: cartoon de Fernando Gonçalves, autor do célebre "Zé da Fisga".

Cartoon: «Zé da Fisga» autor Fernando Gonçalves (Nando ...

 ultramar.terraweb.biz/06livros_FernandoGoncalves.htm



A autora
Sílvia Manuela Marques Torres nasceu em Mogofores 
em 1982.
É licenciada em Jornalismo e Comunicação
pela Escola Superior de Educação do Instituto  
Politécnico de Portalegre e mestre em
Jornalismo pela Faculdade de Ciências 
Sociais e Humanas (FCSH)da Universidade 
Nova  de Lisboa (UNL). Entre 2005 e 2007,
foi jornalista do Diário de Coimbra. 
De Outubro  de 2007 a Abrilde 2014, 
foi Oficial  da Força Aérea Portuguesa, em regime
do contrato. Enquanto militar, foi locutora 
da Rádio Lajese exerceu também funções  
na área da Comunicação no Departamento
de Informação e Marketing, no Centro de 
Recrutamento da Força Aérea.
Entre Agosto de 2012 e Agosto de 2013, 
cumpriu uma missão de Cooperação 
Técnico-Militar em Timor-Leste: 
deu formação em Língua portuguesa 
a militares das FALINTIL –Forças de Defesa
de Timor-Leste e a funcionários civis 
da Secretaria de Estado da Defesa da República 
Democrática de Timor-Leste.  
Atualmente frequenta o Doutoramento
em Ciências da Comunicação
na FCSH da UNL.

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