sábado, fevereiro 25, 2012

«REMINISCÊNCIAS DA LUZ» REENCONTRO COM CRISTINA ROBALO-CORDEIRO A PROPÓSITO DE «REMINISCÊNCIAS DA LUZ» LIVRARIA MINERVA EM COIMBRA


                                  Isabel de Carvalho Garcia, Cristina Robalo-Cordeiro, Bruno Sacadura 


Decorreu na Galeria da Livraria Minerva, em Coimbra,  um reencontro com Cristina Robalo-Cordeiro a propósito do seu mais recente livro "REMINISCÊNCIAS DA LUZ"  obra ficcional que obteve, em Outubro 2011, a Menção Honrosa do XIV Prémio Literário Orlando Gonçalves, Amadora. Neste livro, Cristina Robalo Cordeiro reúne, com a chancela das Edições MinervaCoimbra, quinze “histórias quebradas” oscilando entre a representação de um vivido metamorfoseado e a evocação de cenários oníricos em parte inspirados pelas fotografias de Bruno Sacadura .



Os presentes, questionaram a autora sobre as personagens e expressaram o seu encantamento pela forma bela e poética como Cristina Robalo Cordeiro escreveu este livro.
Este  livro, "não é um livro qualquer, é um poema", segundo a opinião de alguns dos presentes e da própria editora que desafiou a autora a continuar a escrever: "Seria uma perda irreparável para a literatura e para todos nós se CRC não repetisse esta sua incursão por este género literário".
Isabel de Carvalho Garcia depois de uma breve introdução teceu rasgados elogios a "esta mulher excepcional a nível  intelectual, profissional e pessoal", e aludiu ainda ao facto de "Cristina Robalo Cordeiro querer que seja dito dela simplesmente que nasceu em Coimbra. Vive em Coimbra e gosta de viver em Coimbra.
Estudou na Universidade de Coimbra que serviu com seriedade e apaixonadamente durante 35 anos!
É francófona e francófila militante e como tal reconhecida por quem de direito!
E quer que este continue a ser um dos traços da sua vida pessoal e profissional!
Sente-se rodeada de muitos amigos, fiéis e preciosos! Tem uma família excepcional (e um neto especial)!
E gosta de pensar que sempre, em toda a sua vida, honrou o nome de seu pai!"

Cristina Robalo Cordeiro disse:
"É certo que, num momento ou noutro das nossas vidas – das vidas de cada um e de cada uma de nós -, a tentação da escrita atravessou a nossa mente. Não com aquela ingenuidade com que todos escrevemos poemas de amor ou de raiva aos 15 anos. Mas de uma forma mais madura, como um exercício reflectido.
Sempre achei improvável essa passagem ao acto. Não sendo Balzac, nem Proust, nem Appolinaire, mas apenas professora de literatura francesa, que ousadia era essa de me pôr (e me expor) a contar historietas de trazer por casa?
" Porque há de facto um momento da escrita, há mesmo um momento em que a escrita é mais do que inevitável, um momento em que a pulsão se faz compulsão, e se torna imparável."
Veio então essa musa nocturna que de repente nos fala ao ouvido, primeiro de forma leve, muito leve, quase imperceptível, e que vai pouco a pouco entrando em nós, nos nossos olhos e nos nossos ouvidos, na nossa razão e nos nossos devaneios, nos nossos gestos e nos nossos sonhos. Até tomar conta do nosso corpo. De forma total e imperiosa. Aí não há nada a fazer. Sentamo-nos à secretária, pegamos na caneta, e ouvimos o que ela tem para nos dizer.
Nem sempre a entendemos. Há nela ecos de tantas leituras, de tantas imagens, de tantas memórias. Nem sempre nos entendemos. Há em nós tantos nós, tantos sentidos e tantos instantes, tantas certezas e tantas hesitações. Também não sei se é preciso que tudo seja sempre compreensível!
Nasceram então estas minhas reminiscências da luz, como se houvesse uma memória para lá de nós, que está connosco e que ignoramos (que faz parte da nossa solidão mas que nos impede em absoluto de sermos solitários). A luz não é nunca aquela lâmpada que acendemos quando a noite cai docemente sobre nós mas esse brilho, essa faísca guardada na mais profunda prega do nosso ser só (e que aqueles que nos conhecem e nos amam levemente vislumbram). Vultos vieram povoar a penumbra dessas horas à espera da alvorada. Deixei-os entrar. Acolhi-os. Pedaços de mulheres (quase sempre), delírios ou fantasmas que me encheram as noites de uma vida para lá da vida. E como é bom sabermos que há sempre vida para lá da vida! Vozes vieram que tiveram a ousadia de falar por mim, em meu lugar, que me fizeram dizer coisas que ignoro, como uma segunda vida, uma reminiscência de uma outra existência, um real para lá do real, uma memória dispersa ou perdida ou inventada. Como abouche d’ombre de Victor Hugo, saída das profundezas da terra e da alma.

E depois, quando tudo parecia consumado, veio a Isabel, feita Rainha Santa Isabel, a abrir o manto e a deixar cair livros em vez de rosas – mas com a conivência do marido -, e muito mais do que livros, a distribuir em todos nós alegria e generosidade, afecto e disponibilidade, uma alma grande onde há lugar para tudo e para todos, que nada recusa a ninguém e para quem nada é impossível. A Isabel sempre atenta e em escuta, livre e presente. A Isabel que todos conhecemos."

Para além das funções referidas Cristina Robalo-Cordeiro 
foi Directora do Departamento de Estudos Franceses de 1991 a 2000 da UC.

Consul Honorária de França, em Coimbra.

Presidente da Alliance Française de Coimbra. 
Vice-presidente da Associação Europeia de Estudos Francófonos e da Associação Internacional de Lusitanistas. 
Responsável pelo Mestrado em Literaturas Francesa e Francófona.
Cristina Robalo-Cordeiro assegurou a coordenação pedagógica de professores de francês, na região centro  de Portugal,  e a coordenação científica de inúmeros projectos de investigação e cooperação num plano nacional e internacional (programas europeus). 
Integra ainda a comissão de "experts" do Programa de Avaliação das Universidades Europeias da E.U.A. - Associação Europeia das Universidades.

Autora de cinco obras de critica literária e de um livro de ficção, foi laureada, em  2008, com o Prémio Richelieu Senghor da Francofonia.

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