Foi apresentado em Coimbra, na Sala polivalente da Casa Municipal da Cultura o livro
"O CANTO E A MÚSICA DE COIMBRA-Fotobiografia de AUGUSTO CAMACHO VIEIRA"
de autoria de Manuel Fernando Marques Inácio,
com a chancela das Edições MinervaCoimbra.
Sessão de autógrafos antes da apresentação.
À semelhança do que aconteceu em Lisboa, antes da apresentação do livro,
o Dr. Augusto Camacho Vieira e assistência, tiveram oportunidade de ver um DVD com algumas imagens e canções, que o seu sobrinho,
Dr. José Pedro Camacho Vieira, preparou.
Transcrevemos texto de apresentação de Carlos Carranca:
AUGUSTO CAMACHO – No Canto e na Música de Coimbra
Neste dia 2 do mês de Julho cumpre-se, aqui, nesta sala, uma aspiração antiga de todos os que acreditam na mensagem de Coimbra, a de voltar a congraçar na independência de cada um, ao termos como referência um homem que, por si só, representa todos os que, homens ou mulheres, fizeram da Cidade a sua matriz, independentemente de terem ou não estudado na sua Universidade, de terem ou não frequentado os bancos dos seus liceus, escolas técnicas ou colégios, de terem ou não tido acesso ao mais elementar grau do ensino que, tempos idos era a 4ª classe.
O conhecimento é, em minha opinião, o problema da convivialidade, do respeito que nos obriga a atender ao conhecimento que cada um faz da realidade que o envolve.
Através da leitura podemos, ou não, compreender a complexidade humana, mas é - juro-vos - , a Poesia que nos ensina a ver a qualidade que nós sentimos diante de factos da realidade. A vida não é para ser vivida em prosa. A vida é para ser vivida poeticamente na paixão, no entusiasmo.
Sou pela lógica afectiva e sei que ela nos fragiliza, em compensação, leva-nos a compreender o que pode ser conhecido pelo coração. Cheguei, assim, a Augusto Camacho Vieira. Hoje comemoramos este Matusalém do Canto e da Boémia Coimbrã e, também, o ser humano-cidadão, o médico (ortopedista ilustre), o homem que na medicina desportiva representou Portugal ao mais alto nível nas Selecções Nacionais de Futebol. Serviu sempre, sem se servir, sem nada esperar em troca e por isso é hoje o símbolo que nos congrega, porque o nosso Augusto Camacho é de todos.
A alegria, o entusiasmo, a paixão com que sempre que ouve uma guitarra se aproxima dela e regressa aos tempos da juventude, são a prova evidente da sua relação com a vida. Em Camacho nunca o canto foi um acto de exibicionismo académico, nem de pretensiosismo doutoral. Para si cantar é continuar a existir em comunhão com todos. Na sua voz voltamos – mesmo os que já não tiveram o privilégio de o fazer, pela força do camartelo - a percorrer as velhas ruas da Alta de Coimbra. A rua do Cosme, das Colchas, do Guedes, das Parreiras, das Flores, o Largo da Feira.
Camacho não é, de certo, do tempo das Tias Camelas, é do tempo do Pirata e do Jesuíta, mas receará, recorrendo a uma expressão de António Nobre, que desse tempo de fraternidade, dele só venha a restar hoje a camelice.
Deixo neste lugar sagrado da memória o testemunho do seu velho companheiro do Real Palácio da Loucura, Camilo de Araújo Correia: O Augusto Camacho é a melhor pessoa do Mundo!
Da voz de Camacho guardamos o grito generoso de quem se eleva para além da realidade, transcendendo-se, sempre. Da sua humanidade, a dádiva permanente em todas as situações, em todos os momentos.
Camacho é símbolo de uma Coimbra para além dos seus horizontes humanos. É, ao mesmo tempo, universalista e o mais enraizado dos cantores de Coimbra. O Camacho é espécie única. Assim o entendeu Marques Inácio ao atirar-se a uma tarefa a todos os níveis merecedora da nossa estima e gratidão.
Marques Inácio muito exigiu de si próprio. Os dados carreados para a construção deste volume são preciosos porque nos revelam, quanto podem, a alma de um homem.
Termino saudando-o meu querido Camacho, como humilde discípulo e neto do velho companheiro de seu Pai – um abraço de camaradas. Aprendi consigo a acreditar no canto como forma de reduzir as distâncias que separam os homens.
Carlos Carranca, Casa Municipal da Cultura de Coimbra 2.VII.2011
Uma iniciativa do "Grupo de Fados e Guitarras de Coimbra" que pertence à "Associação Cultural Coimbra Menina e Moça" e cujos instrumentistas são Alexandre Cortesão (guitarra), António de Jesus (guitarra) e Bernardino Gonçalves (viola), acompanharam os cantores nesta grande noite.
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