é o título do mais recente livro de João Vasco Coelho, com chancela das Edições MinervaCoimbra.
A apresentação coube a Gonçalo Quadros, Presidente Executivo da Critical Software e decorreu na Livraria Minerva, na tarde de 20 de Março.
Numa sala cheia, o autor contou com a presença de amigos, colegas, gestores e directores de empresas, e personalidades públicas (destaque para João Gouveia, Presidente da Câmara Municipal de Soure).
Gonçalo Quadros referiu que o livro foi, para si, uma surpresa. No seu entender, o conceito subjacente ao trabalho de "hoje" comporta duas dimensões fundamentais: o indivíduo e a mudança. O indivíduo, na figura da raposa e do ouriço, retomando uma metáfora do ensaísta britânico Isaiah Berlin. A mudança, no conceito de um trabalho renovado, nas suas formas, processos e conteúdos.
Como é expresso na obra apresentada, a raposa conhece muitas coisas, de forma polivalente, mas superficial. O ouriço tem uma visão do mundo muito centralizada em torno de uma ideia, um princípio irredutível, uma visão profunda, conhecedora e detalhada, monolítica. Freud, Marx ou Einstein são exemplos de ouriços que organizaram uma visão do mundo em torno de uma teoria única, fundamental. Ao invés, a raposa perpectiva o mundo de muitas perspectivas e níveis diferentes, vê ou procura ver além do seu próprio “jardim”; para o ouriço, o horizonte de referência (e de compreensão) tende a ser apenas o seu “jardim”, que conhece com grande profundidade. A raposa, aparentemente, tem alguma vantagem na adaptação à mudança contemporânea. Viver-se-á, talvez, num tempo caracterizado por um primado da raposa, da polivalência plural, mas superficial, da raposa.
Os indivíduos são hoje os agentes da mudança, enquanto actores, que, em simultâneo, são influenciados por essa mesma mudança.Ao nível do contexto onde os indivíduos se movem, o mais importante é a rapidez e a velocidade com que hoje nos deparamos, particularmente visível no universo do trabalho. O trabalho que desaparece, novo trabalho que surge, o desemprego galopante, as novas modalidades, jazidas de emprego.
No mundo actual, o que as organizações esperam dos indivíduos não são os seus braços ou suas pernas, como observado no advento da Revolução Industrial, mas sim a sua “cabeça”, o seu potencial criativo, o seu conhecimento; houve, de facto, uma mudança no universo do trabalho.
As organizações, as empresas, os empregadores, estão a tentar centrar-se cada vez mais no indivíduo. O percurso que a pessoa faz dentro de uma organização ou em diferentes organizações, é determinado pelo próprio indivíduo, e não por um regulamento, um acordo de classe, um automatismo legal.
A organização, o empregador, solicita menos automatismos, e mais autonomia, mais capacidade de interagir e formar equipa. A organização conhece, por via de regra, os problemas e espera, não que o trabalhador os identifique, mas sim que tenha capacidade para os resolver.
Neste livro, Gonçalo Quadros afirma que se reencontrou com um ideário, uma certa forma de pensar, estruturada em torno da resolução de problemas, partindo da sua teorização prévia.
O primado do indivíduo no universo do trabalho é absolutamente primordial, nos dias de hoje.
A empresa é uma comunidade (de indivíduos) com um fim partilhado.
Na sua empresa, Gonçalo Quadros pede às pessoas autonomia, capacidade de iniciativa, competência e criatividade para resolver os problemas que vão ter no dia de amanhã. O indivíduo tem de apresentar soluções, e não trazer o problema identificado.
Na Critical Software, o indivíduo é determinante, ele é que vai gerir a sua carreira. Vai escolher a sua via para a felicidade. A hierarquia existe para servir o indivíduo que executa, suportando-o na tomada de decisão e na gestão e fomento do seu conhecimento, e não para o controlar, comandar e supervisionar.
Para Gonçalo Quadros, a mudança que está a transformar, de modo rápido e substantivo, o mundo do trabalho, está muito bem abordada no livro apresentado.
Terminou a sua intervenção, afirmando que o autor é inteligente, ambicioso, determinado, ágil, rigoroso, brilhante. João Vasco Coelho, o autor, estará algures entre a raposa e o ouriço.
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