sábado, novembro 01, 2008

José de Faria Costa lançou “No regaço da memória”

Isabel de Carvalho Garcia, Cristina Robalo Cordeiro,
Carlos Encarnação e José de Faria Costa



Com chancela das Edições MinervaCoimbra, foi esta semana apresentado o novo livro de poesia de Francisco d’Eulália, nome literário de José de Faria Costa. Perante uma vasta plateia que encheu por completo a sala da Casa Municipal da Cultura, a apresentadora da obra, Cristina Robalo Cordeiro, confessou ter-se sentido desconcertada com a leitura dos 54 poemas breves que compõem “No regaço da memória”.

A vice reitora da Universidade de Coimbra, e especialista em literatura, classificou o livro de Francisco d’Eulália como tendo “textos difíceis, por vezes menos herméticos, onde as alusões permanecem, as mais das vezes, implícitas, os paradoxos inexplicados, as metáforas tão imperiosas quanto arbitrárias”.

Os poemas incluídos em “No regaço da memória”, referiu ainda, obedecem, na sua maioria, “à dura lei da expectativa frustrada, recusando-nos a satisfação que oferece um acordo harmonioso, uma melodia finita, uma história sensata, uma descrição ordenada, um pensamento composto”.

Cristina Robalo Cordeiro salientou ainda que o poeta Francisco d’Eulália “não é um solitário, como também não é um homem das multidões”. Visa, isso sim, “um pequeno público de espíritos requintados e aptos a saborearem a sua virtuosidade, partilhando emoções raras”. Poeta de “maturidade” e do século XXI, Francisco d’Eulália mostra em “No regaço da memória” uma “escrita em branco”, poemas próprios da época em que vivemos. “A colectânea tem a data de 2008 e não teria podido ser escrita há 100 anos, nem sequer há 20”, afirmou a professora.

Ainda em relação à poesia, Cristina Robalo Cordeiro rematou que “o pequeno número de textos, o pequeno número de palavras tão escolhidas de que se compõem não só impedem qualquer fadiga, mas acabam por criar o desejo de os relermos. A impressão inicial de obscuridade não se desvanece mas o espírito acaba por precisar dessa obscuridade como de uma zona familiar de repouso psíquico”.

Cultor do direito penal e da filosofia do direito, José Francisco de Faria Costa, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, tem usado o nome literário de Francisco d'Eulália em obras que não estejam ligadas ao seu magistério universitário. Foi assim com a “Raiz do teu gesto”, o seu primeiro livro de poesia, com “Belém e outros escritos breves” e em “A cor da manhã”. Todavia, já publicou a “Razão das Coisas” e “Cartas a Sofia” com o seu verdadeiro nome, sendo certo que estas duas obras são uma recolha de textos que regularmente publicava em “O Primeiro de Janeiro”.

Francisco d'Eulália e José de Faria Costa têm o mesmo rosto e alma. Distingue-os a escrita, o uso que dão às palavras. O primeiro deixa marcas de gente que sente, sonha, sofre. O segundo cultiva o saber jurídico.






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