segunda-feira, agosto 04, 2008
Como leitura de Verão as Edições MinervaCoimbra sugerem:
Na trama histórica do ódio do Marquês de Pombal aos Jesuítas, perpassa o conflito de uma violenta paixão amorosa no limiar ténue do lícito e do ilícito incestuoso, em que os sentimentos e a consciência, a fé e a razão, o dever e o desejo se confrontam. De entre as personagens históricas da época, e outras que o não são com o mesmo rigor, destacam-se, construídas na ficção, um homem e uma mulher que numa luta dramática, procuram dirimir os obstáculos que impedem a sua união.
A acção decorre, em meados do século XVIII, em Coimbra, onde a Universidade parece desconhecer os efeitos do racionalismo iluminista a mudar a Europa.
A acção decorre, sobretudo, durante as invasões napoleónicas. Coimbra e a, então, vila da Figueira da Foz voltam a ser cenário dos conflitos, quer ficcionados, quer históricos, nos quais participa, também, o Batalhão Académico de Coimbra (formado por lentes e estudantes), na defesa do Baixo-Mondego.
A invasão e o saque de Coimbra pelos soldados franceses, o desembarque das tropas inglesas em Lavos, a peste que, entretanto, grassou por toda a região, com especial incidência na Figueira da Foz, onde os empestados se refugiaram em demanda de auxílio, são episódios reais que se vão entrelaçando na trama do destino das personagens criadas. Os tempos cruciais emq ue estas vivem acabam por influenciar os seus destinos dramáticos e as suas paixões desmedidas.
Embora sejam obras autónomas, este romance completa a saga iniciada com O Tutor.
O entrecho cruza e deslinda histórias de amor. Passam-se estas em Coimbra, no seio de uma cidade sempre mágica, tal como a caracterizou para sempre Antero de Quental. É assim, guiado pela mão sábia (do autor), que o leitor poderá confiar-se à transfiguração retrospectiva de Coimbra eterna, mas agora volvida aos inícios do decénio de 70, ou seja, agora devolvida ao ambiente político e social da Regeneração, em pleno século XIX. João Mendes Ferreira teve de se dar a um esforço, plenamente alcançado, de investigação histórica. (...) O movimento literário, filosófico e ideológico da geração académica em que se movem alguns dos protagonistas surgem-nos ilustrados com a memória de Teófilo Braga, com as figuras presenciais de João Penha e Guerra Junqueiro, com as alusões a Gonçalves Crespo e a Sebastião de Magalhães Lima. A verdade é que o novelesco enredo se inicia na ilha açoreana de S. Miguel…
Porquê este livro sobre o quarto rei português?
Porque, desde muito novo, percebi que a história do rei Capelo estava mal contada. Ao contrário dos outros reis, a velhinha História de Portugal da minha 4.ª classe só lhe dedicava uma simples página, para dizer, em suma, que foi um rei fraco, deposto pelo papa por não saber governar e substituído pelo irmão. E que morreu em Toledo onde está sepultado.
No entanto, não foi um rei odiado pelo povo. E as cantigas de escárnio e mal dizer da época, da autoria de vários trovadores, visavam não o rei mas o alto clero, com a sua arma das excomunhões, e os alcaides que cedo se passaram para o lado do conde de Bolonha.
Depois de Afonso Henriques foi Sancho quem mais praças fortes conquistou. E esta verdade foi, durante séculos, escondida. Porquê?
O livro divide-se em 19 capítulos e percorre vários episódios da vida de Luís Canavarro, desde a idade do bibe azul até aos 18 anos.
“Nasci numa noite quente de Julho, não aos gritos de “Baleias, baleias”, como o meu querido amigo Vitorino Nemésio, mas aos brados ensopados de vinho tinto e de júbilo do Cento e Treze, polícia de giro, que por ter sido ordenança do meu avô, sintonizava as alegrias da família. E, filho, neto e sobrinho único, eu era sem contestação, o Messias daquela estirpe, que enfrentava a extinção.
O livro é um memorial das gentes e situações que tive a ventura de fruir. É deles que vou falar, daqui em diante. Eu serei, como o fui na realidade, apenas o pivot dos acontecimentos, a testemunha contrafeita e quase sempre passiva, o relator entusiasmado e agradecido”.
Não podendo relatar o que fiz, apropriando-me do poder decisório por não ser deliberado, ou por não ser verdadeiro, ciente da minha minúscula quota no evoluir dos acontecimentos serei, ao menos, um espectador participante. Por tal, obrigo-me a que, ainda que no meio da maior fantasia, uma estrutura de verdade fique subjacente”.
“Passaporte Inconformado” é um conjunto de cinquenta crónicas aleatoriamente escolhidas de entre muitas das publicadas – mesmo quando parte de referências autobiográficas, pretende apenas dar voz a todos aqueles que passaram por este tipo de vivências ligadas ao abandono do espaço-berço. Essa aventura tanto pode ser descrita em histórias de sucesso, como remeter para o esquecimento os que se envergonham de não ter conseguido subir os degraus que conduzem ao miradouro do êxito. Resta a certeza de que, tanto num caso como no outro, todos se sentem unidos pelo mesmo documento, um passaporte inconformado, feito de tantas páginas quantas as entradas e saídas carimbadas pelo lacre que escorre do tempo.
O facto do livro ter 50 crónicas tem a ver com o simbolismo dos 50 anos da chegada oficial dos portugueses ao Canadá (a imigração lusa naquele país foi legalizada em 1953). Os textos são, essencialmente intimistas, viagens nas memórias, e debruçam-se sobre questões de identidade, das dificuldades na definição dos espaços e das relações das nacionalidades, no âmbito dos fenómenos da imigração.
Trata-se da “Saga do seminarista Leonardo” que persistiu, por demasiado tempo, na convicção pessoal de que tinha vocação, quando afinal não a tinha; foi o seu director espiritual que o aconselhou a abandonar, pacificamente, o Seminário Maior de Coimbra; assim o fez, Leonardo e, entretanto, passou à condição de Estudante de Coimbra.
Leonardo conseguiu, felizmente, “endireitar a vida”, mas, a princípio, teve de vencer vários acidentes de percurso no novo caminho de leigo: amores poligamoides de natureza platónica, a encher-lhe o coração quando vazio da solidão; questões apologéticas, novas e quase insólitas; “a vida airada”, meio desprepositada, sem satisfação plena; doenças, complexos, mitos, etc, etc..
Um dia chegou, porém, em que seu coração ficou, firmemente, ancorado num amor forte e ático de uma colega, o que originou estas mais de cem cartas amorosas. E com este amor venceu na vida! Não foi fácil, de tal modo que, ciclicamente, haveria de recorrer às reservas morais e académicas que o Seminário lhe permitiu, durante o Curso de Humanidades amealhar, generosamente, sobretudo nos tempos difíceis de Estudante de Coimbra onde Leonardo e Ana Rita concluíram o Curso de Direito nos meados do século XX.
O revisor anunciou Coimbra. Fixei os olhos na janela e, após alguns minutos, apercebi-me da cidade por entre o arvoredo que ladeava a linha. Depois, subitamente, surgiu sem as sombras da ramagem, banhada pela luz macia daquela manhã de Outono, o seu casario branco escorrendo pela colina, uma pequena pincelada de azul a quebrar-lhe a brancura.
O comboio atravessou a ponte sobre o Mondego e, quase logo, parou na Estação Velha. Eram onze horas e meia do dia onze de Novembro de mil novecentos e cinquenta. No cais, mulheres de tabuleiro à cabeça apregoavam:
– “Arrufadas de Coimbra e barricas de ovos-moles!”
Apeei-me ajoujado ao peso da mala. (…) Apanhei a ligação para a Estação Nova.
À chegada, porteiros de hotéis anunciavam-nos:
– “Coiiimbr’ Hotel!”
– “Hotel Mondego!”
Um bagageiro precipitou-se para mim tirando-me a mala:
– “Eu levo, Sr. Dr.”
Embora soubesse que, em Coimbra, os estudantes eram tratados por Dr., olhei, instintivamente, a ver quem vinha atrás de mim. Não vi ninguém, era comigo! Fiquei entre o vaidoso e o envergonhado.
Saí da estação. Quedei-me a olhar: olhei o Mondego, olhei a cidade, o ar transparente, as sombras vincadas na luz outonal.
– “Quer táxi?”
O Direito é um conjunto de princípios e regras (legais e não só) que conformam a vida dos homens uns com os outros (em sociedade); que fazem com que os homens actuem (regulem os seus interesses) em conformidade (em respeito) uns com os outros.
O seu objectivo último é a paz social, a qual só se atingirá se resultar de soluções justas. Só a Justiça conduz à verdadeira paz, porque só ela gera conformidade e conformação. Porque só ela é capaz de gerar a paz individual.
A primeira exigência do Direito é o respeito absoluto pela pessoa humana. Não haverá Direito onde faltar ou estiver diminuído esse dever de respeito.
O Direito funda-se na liberdade e não na autoridade. Só os homens livres podem ser sujeitos e destinatários do Direito.
Este livro é impróprio, sobretudo, para pessoas conformadas consigo mesmas, com os seus supostos e apregoados êxitos e os seus reais e mascarados fracassos. Conformadas com a mortalha em que se refugiam e lhes anestesia o espírito crítico. Conformadas com a voluntária abdicação do exercício da sua cidadania e com a globalização da incultura, cujas manifestações todos os dias lhes entram pelos olhos e pelos ouvidos com a prodigalidade e a benção das televisões, dos jornais e dos rádios. Conformadas com a abdicação do pensamento próprio (meditado e expresso) e com o cómodo e alienante conceito do “não vale a pena”... Não se pense, contudo, que os textos aqui reunidos, nomeadamente as Crónicas e as Sátiras, são do género “bota-abaixo” ou decorrentes de um gratuito e persecutório espírito de maldizer. Longe disso!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário