Realizou-se na Livraria Minerva uma sessão de apresentação do livro de poesia "Diálogo com o Ser", de Graça Patrão, com a presença de José Ribeiro Ferreira.
Ilustrado por "delicados e oníricos desenhos" da autora, o professor de Estudos Clássicos recordou que o livro é constituído por quatro partes — "Camões", "25 de Abril", "O amor outra vez" e "Admiro" — e aflora vários temas, assuntos ou personalidades que são da especial estima ou que a autora admira.
São temas como o amor, a fugacidade da vida e das coisas e sentimentos. São escritores como Camões, Fernando Pessoa, Pablo Neruda, Florbela, Carlos Oliveira, Saramago. São terras, cidades e países, como Lisboa, Açores, Grécia, Creta, Madrid.
Com algumas repercussões de Sophia, Graça Patrão visita pintores como Vicent Van Gogh e Vermeer e não esquece os realizadores de cinema ou os compositores musicais. As reflexões e os conhecimentos filosóficos aparecem com frequência, bem como a alusão a figuras no âmbito da filosofia, como Sócrates, Platão, Fédon, Kant, Hegel, Marx.
Segundo José Ribeiro Ferreira, a memória é tema recorrente ao longo de "Diálogo com o Ser", memória que tanta importância tem na poesia contemporânea e que a pedagogia parece querer relegar para os escanos do esquecimento.
Mas o grande tema do livro, "que diríamos quase omnipresente", é todavia o amor e alguma serenidade. Ao longo de toda a obra há um sentido de apaziguamento que pode observar-se mesmo nos poemas, mais neutros e frios, sobre a Revolução de Abril — "neles encontramos a mesma calma, apaziguadora e renunciativa aceitação".
"A própria disposição gráfica dos poemas, com espaços longos entre as palavras nos poemas, nos dá a ideia de memória calma que recorda remansosa o passado. Não é o doloroso sofrimento, mas a seda suave e terna recordação apaziguada", referiu ainda Ribeiro Ferreira.
Graça Patrão nasceu em Coimbra em 1948 e aqui frequentou o "Círculo de Artes Plásticas", tendo participado na sua primeira exposição em 1964.
Actualmente é professora de Filosofia na Escola Secundária Amélia Rey Colaço, em Linda-a-Velha, onde coordena um projecto de azulejaria que tem como principal objectivo a educação pela arte.
Na Galeria Minerva está patente uma exposição de pintura da autora.
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