segunda-feira, novembro 12, 2007

CRÓNICAS DE UM ANTIGO ESTUDANTE DE COIMBRA de JORGE RABAÇA CORDEIRO







As Edições MinervaCoimbra lançaram a obra “Crónicas de um antigo estudante de Coimbra”, da autoria de Jorge Rabaça Cordeiro, numa sessão que reuniu cerca de uma centena de amigos, colegas de curso e familiares do autor. Estiveram presentes Mário Nunes, vereador da Cultura, Henrique Vilaça Ramos, que apresentou a obra, e Isabel de Carvalho Garcia que referiu a importância que o tema “Coimbra” tem tido na editora que dirige há 22 anos.

Para Vilaça Ramos este livro “tem um enorme encanto para os que viveram aqueles anos, mas é também uma leitura muito apetecível para todos aqueles a quem Coimbra não é indiferente”. A literatura memorialista de Coimbra, acrescentou, “passa, a partir de hoje, a ter mais uma obra de grande interesse”. Com efeito, a obra de Jorge Rabaça integra o vasto número de composições de literatura memorialista coimbrã, mas para Henrique Vilaça Ramos escapa à divisão simplificadora das crónicas, por norma ou românticas ou jocosas. É que, referiu, “se em grande medida retrata figuras e descreve episódios de uma forma que se inscreve na corrente cómica e picaresca, ultrapassa em muito o simples relato do que tem carácter jocoso”.

Jorge Rabaça “dá-nos muitas informações históricas sobre pessoas e coisas de Coimbra que não são frequentes neste tipo de livros e das quais a maioria dos que passaram por Coimbra, e até dos conimbricenses, são geralmente ignorantes. Sirvam de exemplo muitas das informações que nos dá sobre a Rainha Santa Isabel e o seu mosteiro ou sobre a evolução dos festejos académicos”, realçou Vilaça Ramos.

A obra é assim “mais do que um simples repositório de crónicas datadas, de memórias de um tempo bem definido — o dos anos de estudante universitário —“, e “o seu conteúdo ultrapassa o título que o autor lhe deu, pois que nos traz, juntamente com as memórias do seu tempo juvenil, essas outras informações sobre a história conimbricense”.

A vertente memorialista é, no entanto, a que ocupa a maior parcela da obra, um “repositório de factos e de pessoas que recordam e ilustram o que era Coimbra e a sua vida académica nos anos cinquenta do século que passou”, revelou Vilaça Ramos, acrescentando que “são cada vez menos os que viveram esses tempos de Coimbra e, também por isso, esta obra tem inegável interesse, tanto mais que não abundam os livros publicados sobre esse período”.

Outro aspecto muito interessante do livro, segundo o apresentador, prende-se com o tipo de casa em que o estudante se albergava. Ontem, como hoje, recorda, “eram três os possíveis regimes de habitação: o quarto arrendado, a república e a casa de família”. Ora, na sua passagem por Coimbra Jorge Rabaça teve a rara oportunidade de experimentar os três. Mas a sua passagem por Coimbra ficou ainda registada com a frequência da Casa dos Estudantes do Império, perto do Penedo da Saudade. “Nessa casa, viveiro que foi de independentistas das então chamadas províncias ultramarinas, privou com alguns dos que maior relevo vieram a ter nas colónias, como por exemplo, Agostinho Neto e Lúcio Lara, que se destacaram na política, ou Júlio Castro Lopo que se evidenciou no jornalismo”, realçou Henrique Vilaça Ramos.

O apresentador, e colega de curso do autor, referiu ainda que como em quase todos os livros de crónica estudantil, este também nos apresenta uma colorida galeria de figuras típicas da Coimbra do seu tempo: o Pika, o André dos copos, o Policarpo, o Pícalo, o poeta Mascarenhas, o Pirata, o Taxeira, entre outros. “E ao recordar estas personagens, quantas histórias engraçadas esmaltam o texto, narradas com o verbo fácil de quem domina o idioma pátrio com segurança”.

Na linha cronista da obra o autor recorda também vários professores, e a conferir ainda maior interesse está o grande conjunto de ilustrações, “fotografias que ajudam a tornar mais presente o Jorge Rabaça na Coimbra dos anos 50”.


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