quinta-feira, novembro 22, 2007
Diabetes: uma epidemia global
No âmbito do Dia Mundial da Diabetes, a Livraria Minerva promove no próximo dia 27 de Novembro mais uma sessão das Terças-Feiras de Minerva, desta vez subordinada ao tema "Diabetes: uma epidemia global" e com a presença da Prof.ª Doutora Manuela Carvalheiro, Directora do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
A sessão terá início às 18h30, na Livraria Minerva (Rua de Macau 52, Bairro Norton de Matos), em Coimbra. A entrada é livre.
O Dia Mundial da Diabetes foi introduzido pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1991, em consequência do crescimento epidémico da DIABETES no mundo.
Este dia é celebrado em todo o mundo e tem a finalidade de chamar a atenção da sociedade civil, profissionais de saúde, media e poderes económicos e políticos, para o grave problema da diabetes (DM), a nível mundial.
O facto do Dia Mundial da Diabetes se celebrar a 14 de Novembro, deve-se a ser este o dia do nascimento de Frederico Banting que com Carlos Best descobriram a insulina em 1921.
Todos os anos o Dia Mundial da Diabetes propõe um tema a discussão, sendo o de 2007 assim como o de 2008 ”Diabetes nas crianças e adolescentes”.
A escolha do tema tem a ver com o crescimento diabetes tipo 1, que atinge preferencialmente as crianças e adolescentes mas, e acima de tudo, com o crescimento da diabetes tipo 2 neste escalão etário.
Segundo a IDF o crescimento anual da DM tipo 1 é, nas crianças, de 3% aumentando nas idades pré-escolares para 5%. Estima-se que, anualmente, 70.000 crianças abaixo dos 5 anos desenvolvam DM tipo 1, o que significa 200 crianças/dia.
Das 440.000 crianças com idade igual ou inferior a 14 anos, estimam-se que, 25% residam no continente Asiático e 20% na Europa.
Pensa-se que a incidência global da DM tipo 2 nas crianças, situação até há poucos anos apenas existente na idade adulta, poderá aumentar 50% nos próximos 15 anos, caso não sejam instauradas medidas de prevenção (modificações no estilo de vida, como a alimentação saudável e aumento da actividade física).
Nos EUA, calcula-se que, a DM tipo 2 nas crianças representa, em algumas zonas, mais de 43% dos novos casos de DM, e a nível de alguns países, 29% dos casos de diabetes diagnosticada nos adolescentes.
Nos países em vias de desenvolvimento, a esperança de vida das crianças com diabetes tipo 1 é muito curta por falta de insulina, de meios de auto-controlo e acesso a cuidados diferenciados. Nos países desenvolvidos, entre os quais Portugal, tal não acontece, mas a diabetes nem sempre é tratada da forma mais eficaz, o que se traduz pelo aparecimento das complicações micro e macrovasculares, que reduzem a esperança e qualidade de vida.
O tratamento da DM tipo 1 implica a toma de insulina em múltiplas administrações/dia de insulinas rápidas e lentas (Portugal continua a não ter os análogos lentos comparticipados pelo SNS), ou bomba de perfusão de insulina (igualmente não comparticipada pelo SNS), uma educação terapêutica orientada, que implica um auto-controlo glicémico frequente, uma adequação das doses de insulina à ingestão alimentar (contagem dos equivalentes isto é insulina vs hidratos de carbono) e uma grande disponibilidade da equipa terapêutica.
No entanto, sem a colaboração do doente e da família, é difícil atingir bons níveis de tratamento e, em consequência da hiperglicemia crónica e continuada, as complicações (a nível de olhos, rim, nervos, coração, cérebro), podem surgir, conduzindo inexoravelmente a situação de incapacidade.
Mas o dia Mundial da Diabetes tem, a partir de 2007 uma outra abrangência, tendo em conta que as Nações Unidas designaram, após a aprovação da Resolução 61/225 em Dezembro de 2006, que o Dia Mundial da Diabetes passaria também a ser o Dia das Nações Unidas.
A resolução das Nações Unidas, designada por “Unidos pela Diabetes”, reconhece a diabetes como “uma doença crónica, debilitante e dispendiosa, associada a complicações importantes que condicionam diversos riscos para as famílias, países e para todo o mundo”.
A resolução das Nações Unidas foi um reconhecimento do impacto negativo do crescimento da DM a nível mundial, capaz de condicionar uma ameaça para a saúde global, tão séria como as epidemias infecciosas. Esta resolução estabelece uma agenda global de luta contra a pandemia da diabetes e encoraja as nações a desenvolverem políticas nacionais eficazes de prevenção, cuidados e tratamento da DM.
O 1º Fórum Nacional de Diabetes, realizado no passado dia 10 de Novembro no Porto, e que reuniu mais de 700 pessoas entre profissionais de saúde e pessoas com diabetes, insere-se neste movimento.
É importante ter em conta números referentes a esta pandemia (Atlas IDF, 2006):
1. Em 2007 mais de 246 milhões de pessoas sabem ser diabéticas (6% da população mundial dos 20 aos 79 anos);
2. Em 2025 mais de 380 milhões terão diabetes (7,3%);
3. Em 2007 mais de 308 milhões sabem ter uma diminuição da tolerância à glicose (situação de hiperglicemia intermédia entre o normal e a diabetes);
4. Em 2025 mais de 418 milhões sabem ter esta situação.
O crescimento da diabetes a nível mundial deve-se acima de tudo ao aumento do número de pessoas com DM tipo 2 (cerca de 90% de todos os casos de DM) que aumenta em paralelo com o crescimento da obesidade (80 a 90% das pessoas com diabetes tipo 2 são obesas), o que faz destas doenças as pandemias do século XXI. Vários estudos clínicos mostraram que este pipo de diabetes pode ser prevenida.
É nesse sentido que todos organismos internacionais (IDF, OMS e NU), apelam à organização de programas de prevenção que, ao dirigir-se à diabetes, se dirijam também à obesidade e desde logo à prevenção das doenças cárdio-cérebro-vasculares, causa principal de mortalidade nestes grupos de doentes.
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