quinta-feira, outubro 25, 2007
Autobiografia ficcionada
As Edições MinervaCoimbra promoveram o lançamento do livro “Viagem ao planeta da utopia”, de João Afonso, numa sessão que contou com a presença de mais de uma centena de amigos do autor e que contou com a apresentação de Francisco Paz. Acompanhou ainda o lançamento o pintor Vasco Berardo, autor da capa do livro com o óleo sobre tela intitulado “A menina que passava por cima de tudo”.
“Não há dúvida nenhuma que pegando no livro, o personagem principal é o João Afonso, mas depois percebemos que é uma autobiografia ficcionada”, afirmou Francisco Paz, destacando o grande amor e fidelidade que o autor manifesta por Coimbra ao longo de toda a obra.
“Uma acção que nos prende, com descrições belíssimas, dando continuidade ao enredo e prendendo o leitor do princípio ao fim do livro”, referiu ainda Francisco Paz. João Afonso, salientou, “consegue misturar um discurso literário com um discurso muito popular, onde faz uso de uma memória extraordinária e de um grande poder de atenção. E é aí que ele consegue enriquecer as suas estórias e flori-las de tal maneira que não conseguimos desprender-nos da leitura”.
Um conjunto de estórias que, no entanto, “espelham a essência do carácter” do autor. “Eu acho que este é um livro de exposição de sentimentos, de exposição de carácter, e onde ele define bem os valores que o norteiam na vida”, concluiu Francisco Paz.
Este é um livro que João Afonso pretendeu “provocador, divertido e, mesmo que o não quisesse, substancialmente dramático” pela exposição circunstanciada que faz sobre a perda de um filho. E era nesses momentos mais difíceis que o autor confessa que encontrava, “na companhia de ilustres escritores portugueses, o suporte mais verdadeiro, mais genuíno, mais reedificante e reconstrutivo de todo o meu equilíbrio emocional. E foi pela ajuda que me prestaram que, como forma de agradecimento, pensei humildemente em partilhar com eles este livro, numa viagem pelo mundo do meu imaginário literário”.
“Viagem ao planeta da utopia” é assim uma homenagem a Torga, Eça, Agustina, Aquilino, Júlio Dinis, Camilo e Lobo Antunes, entre outros. Escritores que dão ao autor “a possibilidade de fruir com eles o outro lado de mim, o mais oculto e venerável”. Para João Afonso este seu primeiro livro é “um esforçado exercício ficcional” e “uma suposta biografia romanceada e aventurosa, susceptível de criar intriga, mexericos, chicana emocional, com muitas histórias e enredos, semelhantes a tantas outras que dão corpo a tantos livros da vastíssima história literária de Portugal”.
As receitas da venda desta obra revertem a favor do Memorial JP (Rugby).
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