quinta-feira, setembro 20, 2007

Edgard Panão e "Cartas a Ana de Leonardo" deram o mote a Terça-Feira de Minerva



As Edições MinervaCoimbra lançaram a obra “Cartas a Ana de Leonardo”, um ensaio sobre epistolografia amorosa da autoria de Edgard Panão. A Livraria Minerva foi pequena para acolher os mais de 100 amigos e familiares do autor que quiseram estar presentes. Uma sessão que contou com a presença de Maria do Rosário Cunha, que apresentou a obra, e de Rui Veloso, que fez uma breve apresentação do autor, e foi abrilhantada pelo grupo de fado de Coimbra “Lácrima”, que desta forma prestou uma homenagem surpresa a Edgard Panão.








A sessão começou com um agradecimento especial de Isabel de Carvalho Garcia, das Edições MinervaCoimbra, à família do autor e a todos os amigos presentes. Esta foi a primeira sessão depois de férias das Terças-Feiras de Minerva, dedicada ao tema “Cartas de Amor”, aproveitando a obra de Edgard Panão, a quem Isabel de Carvalho Garcia também fez um agradecimento especial pela possibilidade de recomeçar as sessões com um tema tão bonito. Afinal, “o amor move montanhas, move gerações, move culturas, move a civilização, seja ele o amor aos pais, o amor aos filhos, o amor à família, o amor aos amigos ou o amor ao outro”, afirmou.





A apresentação esteve a cargo de Maria do Rosário Cunha, docente da Universidade Aberta, para quem esta é uma obra que convida a entrar no mundo dos afectos onde “habitam um homem, uma mulher e uma cidade”.

Um jogo entre o real e a ficção que simultaneamente apresenta as cartas de Leonardo a Ana e um relato do percurso de vida de Leonardo, com várias referências a Coimbra e às suas zonas urbanas, bem como a figuras e a eventos historicamente comprovados, a par de outros não identificáveis. “É evidente que o autor propõe um pacto de leitura em que realidade e ficção se confundem, se contagiam, até à diminuição das fronteiras entre elas”.








Ao todo são 107 cartas, da autoria de Leonardo e de Ana, “e todas elas, se por um lado reconfiguram o percurso de outras Anas e de outros Leonardos”, como o próprio autor sugere, “por outro lado, e relativamente às figuras reais que estão na sua origem, contrariam a insustentável chateza das vidas sem passado”.

Quanto à cidade, em vez de motivo de instabilidade e ciúme na relação triangular que o livro retrata, é antes, e acima de tudo, cúmplice, afirma ainda Maria do Rosário Cunha. “Cúmplice porque é lugar de encontro e cúmplice pelas estratégias a que se presta para que esse mesmo encontro de prolongue”.






Cumplicidade e sortilégio são pois, para a apresentadora, “os termos que melhor definem a relação do par de namorados com a cidade que, seja qual for a razão, não deixa de estar presente em todas as cartas que trocam, ao ponto de Ana lhe atribuir «um jeito feiticeiro que nos envolve como um manto diáfono tecido de quimeras, de sonhos e de mil cegueiras»”.

Durante quatro décadas, Edgard Panão foi professor e exerceu vários cargos directivos nas escolas por onde passou. Desde 1993, altura em que se reformou, passou a dedicar o seu tempo a uma “produção extremamente importante”, segundo afirmou Rui Veloso. Entre as obras do autor contam-se “O Moleiro Inteligente”, “A Fotobiografia de uma Família”, “A Reconstituição das Famílias da Freguesia do Salvador da vila de Miranda do Corvo”, “Didáctica Segundo Reynaldo” e “Covseiro de Miranda”.










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