sábado, julho 07, 2007

JORNALISMO E ACTOS DA DEMOCRACIA

N.º 10 da Revista Media & Jornalismo

Media & Jornalismo é uma publicação do Centro de Investigação Media & Jornalismo editada pelas Edições MinervaCoimbra. É uma revista científica que tem como objectivo constituir um espaço de debate e divulgação da pesquisa realizada sobre os media e o jornalismo dentro e fora do país.

Direcção: Nelson Traquina, Estrela Serrano e Cristina Ponte
Conselho editorial: Isabel Ferin Cunha, João Pissarra Esteves, Maria João Silveirinha, Mário Mesquita e Rogério Santos





Índice:

Jornalismo e Actos de Democracia. II Seminário Internacional Media, Jornalismo e Democracia
Rita Figueiras, Carla Ganito, Vanda Calado e a Comissão de Síntese do II Seminário Internacional Media, Jornalismo e Democracia

Avanços da Investigação em Comunicação Política
Doris Graber

O Bom, o Mau e o Cínico: Ataques feitos ao Jornalismo Político
Kees Brants

Internet e Democracia: Estado e Sociedade Civil perante os Novos Desafios da Comunicação Política
João Pissarra Esteves

Cobertura Jornalística das Noites Eleitorais
Fermín Galindo Arranz

O Spin em Eventos: Campanha Permanente e Conferências Mediáticas nos Partidos Britânicos
James Stanyer

Apontamentos para uma Discussão sobre as Estratégias do MST para o Agendamento Midiático
Paula Reis Melo


Editorial

Este número é dedicado ao II Seminário Internacional realizado pelo Centro de Investigação Media & Jornalismo em Novembro 2006, sobre o tema “Media, Jornalismo e Democracia”. O Seminário foi inspirado no projecto de investigação do CIMJ, “Jornalismo e actos da democracia”, coordenado pela investigadora Isabel Ferin, que analisou a cobertura jornalística de eleições, congressos partidários, finais de mandato de governos e líderes de opinião. Os resultados desse projecto serão apresentados e desenvolvidos em livro.

Tratando-se de um tema de grande relevância, não apenas no plano da investigação académica mas também no plano político e no plano profissional do jornalismo, o CIMJ convidou um conjunto de investigadores estrangeiros de reconhecida competência nessa área, nomeadamente europeus e norte-americanos, convidando-os a exporem o estado da investigação nos seus países. Este número da revista Media & Jornalismo dá conta dessas experiências.


O número inicia-se com a publicação das conclusões do Seminário onde se sintetizam os tópicos mais relevantes sobre a relação entre os meios de comunicação social e os actos fundamentais da democracia.


O primeiro artigo é da autoria da professora e investigadora Doris Graber, da Universidade Illinois, Estados Unidos. A autora expõe os novos caminhos que se abrem à investigação da comunicação política, em especial, as linhas de investigação em desenvolvimento nos EUA, abrangendo os “blogs”, o papel da emoção na aprendizagem da política, as chamadas “soft news” e o papel da comunicação política em séries televisivas de entretenimento, como os CSI ou “The Simpsons”. Questionando os limites do paradigma dominante, a autora defende que entretenimento e informação não são antitéticos, realça o uso das emoções como sendo susceptível de facilitar a apreensão da política e nota que os blogs podem ser ferramentas úteis à democracia. O papel das séries televisivas, como comédias e dramas, constitui, para a autora, outro elemento a merecer atenção na discussão da relação dos meios de comunicação com a política.


Por seu turno, o investigador holandês Kees Brants questiona a americanização da comunicação política na Europa e o paradigma dominante na investigação dessa área. Em sua opinião, o chamado “cinismo”dos jornalistas é um conceito ambíguo, não estando provado que corresponda a uma atitude estrutural anti-política entre os jornalistas na Europa.


João Pissarra Esteves, da Universidade Nova de Lisboa, debruça-se sobre a relação entre a Internet e a democracia, em especial, o papel das novas tecnologias de comunicação e informação nas democracias dos nossos dias. Sublinhando a utilidade da Internet na produção da informação, o autor interroga-se sobre as formas de comunicação derivadas das novas tecnologias, as condições da sua utilização e como poderão elas constituir-se como um bem para a democracia.


Fermim Galindo, da Universidade de Santiago de Compostela, analisa a cobertura televisiva das noites eleitorais em Espanha, com especial enfoque na comparação entre os resultados das sondagens e os resultados eleitorais. Para o autor, os erros na apresentação dos dados devem-se a leituras apressadas das sondagens, apresentadas como conclusões definitivas em vez de indicadoras de tendências.


James Stanyer, da Universidade de Loughborough, Reino Unido, aborda a evolução dos congressos partidários no seu país, concluindo que eles se tornaram nos últimos tempos mais espaços de consenso que de conflito, conduzidos e orquestrados por especialistas de comunicação. Segundo o autor, o potencial de publicidade das conferências partidárias dos principais partidos britânicos é explorado em profundidade, tendo definitivamente sido ultrapassada a era em que as conferências serviam para produzir decisões políticas.


A encerrar este número da revista, o artigo da investigadora brasileira Paula Reis Melo analisa as estratégias de agendamento de um movimento social que centra as suas reivindicações na reforma agrária no Brasil. A autora enquadra o estudo na perspectiva da interacção desse movimento social com o campo jornalístico, em que o primeiro pretende não ser apenas notícia mas agir sobre o enquadramento das notícias. Trata-se, para a autora, de uma relação de conflito, ruptura e desvio.


A Direcção

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