Escola Universitária das Artes de Coimbra lança revista de arquitectura
“A” de “à margem...”
Paula Alexandra Almeida
O Departamento de Arquitectura da Escola Universitária das Artes de Coimbra apresentou esta semana o número zero da revista A, com direcção editorial do arquitecto José Manuel Pedreirinho, para quem a “publicação da A é um modo de expressão, propondo-se como atitude, reflexo teorético e crítico de uma nossa prática, tribuna aberta a todas as colaborações e, também, às externas”.
Integrada numa escola que desde sempre “privilegiou a praxis ao debate estritamente técnico e formal, a A será um incentivo a contaminações entre diversas áreas do conhecimento, de um território metodológico que faz da cidade o seu leit-motiv agregador”.
O termo revista é também algo que desagrada ao director da A. “A nossa ideia é que tenha um tempo de vida que seja mais longo que o da revista, no sentido da revista como expressão da actualidade, mas antes como algo que tenha uma duração, no tempo, maior”.
Os números serão por isso temáticos, prendendo-se com reflexões que tenham a ver com o dia a dia, mas sob a perspectiva de problemas mais prolongados. Ou seja, “como estrutura monográfica que é, propõem-se tematicamente reflexos de experiências e temas do passado colectivo e de futuros onde a Escola contribui como formadora, investigadora, ou meramente enquanto corpo pedagógico, analista e crítico de momentos”.
Para José Manuel Pedreirinho, “como publicação temática, periódica, e corpo virtual de uma faculdade soma, inevitavelmente, uma manifestação de consequências que não poderá por isso ser alheira às biunívocas interacções da sociedade e da comunidade, bem como agora e mais que tudo, da especificidade portuguesa versus as ‘espcificidades’ dum mundo global”.
Assim, “quadros culturais, humanos e legislativos, territórios de acção de políticas culturais e económicas ditam-nos e definem-nos um espaço operativo onde patrimónios, também os imateriais, se fundamentarão, como uma proposta editorial e estrutura agregadora”, refere ainda o arquitecto responsável pela nova publicação. Onde, aliás, haverá lugar à investigação e praxis, antropologias cultural e física, território natural e construído, sociedade e indivíduo. Tudo “amplitudes das dinâmicas das nossas estratégias pedagógicas como Escola”. E para José Manuel Pedreirinha, escola entende-se como uma “estrutura dinâmica onde procuramos responder aos objectivos de uma formação, ela própria em acentuado processo de mudanças, com metodologias que vamos adequando às necessidades nos constrangimentos de uma estrutura normativa que frequentemente se sente profundamente hierarquizada, rígida e até condicionadora de uma experimentação que vai ser implementada, muito provavelmente sem a necessária reflexão prévia”.
Mas regressando à A, neste número zero os seus autores quiseram reflectir na Margem – “um tema que caracteriza também de algum modo o que tem sido o percurso da EUAC, que nasceu de vontades e percursos em vários aspectos marginais, mas que aqui se prolonga na marginalidade dos programas, na marginalidade geográfica, uma marginalidade que é também a dos temas e que, inevitavelmente, se reflecte nas metodologias desenvolvidas”.
“À Margem” estão assim os trabalhos de Nuno Portas – «Programa favela-bairro», André Luz Pinto – «Participação e planejamento», Dijon de Moraes – «Manifesto darazão local», Madalena Cunha Matos – «Crianças, castelos e clareza», Bartolomeu Costa Cabral – «Grupo escolar e balneário do castelo», Manuel de Solà-Morales – «Bairro de la Sang», Armando Azevedo – «O centro nas margens ou o paraíso da arquitectura», Salomé Marcelino – «Cidade ilegal» e Cecília Loshiavo – «Homeless». A revista integra ainda um dossiê intitulado «Regeneração urbana na cidade existente», que integra trabalhos realizados por vários alunos da EUAC. São eles Rita Cordeiro – «Hotel para artistas em Buarcos», Cátia Ramos – «Hotel para artistas em Buarcos», Ana Alves – «Escola das artes do espectáculo em Coimbra» e João Paulo Conceição – «Cindarelas». Há ainda espaço a um concurso de fotografia da A e um texto de Luís Fontes sobre «Acupunctura urbana». Teresa Ribeiro Bento assina o design gráfico desta publicação que, ainda segundo José Manuel Pedreirinho, “muito mais do que veículo de suporte à divulgação do trabalho feito, pretendemos que a A seja sobretudo um incentivo para os debates que todos sentimos ser absolutamente necessário fazer”.
Suplemento SE7E, d'O Primeiro de Janeiro, 04.02.07
domingo, fevereiro 04, 2007
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