sexta-feira, janeiro 26, 2007

Terça-feira de Minerva visitou Museu da Ciência da Universidade de Coimbra


A Livraria Minerva, em colaboração com o Rotary Club de Coimbra Santa Clara, retomou o ciclo "Coimbra - Uma candidatura a Património Mundial", desta feita com uma visita ao Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, onde o director, Paulo Gama Mota, fez uma apresentação do projecto.





Localizado no antigo Laboratório Chimico, inaugurado em Dezembro, é agora possível o diálogo aberto sobre temas que actualmente se colocam na agenda pública, como os transgénicos, a utilização de células estaminais, o Protocolo de Quioto ou os problemas que podem decorrer do efeito de estufa, entre muitos outros. A ambição do novo museu é precisamente difundir conhecimentos científicos à sociedade, contribuindo para a tomada de consciência das relações entre os diversos ramos da ciência e da ciência com a sociedade.




A Universidade de Coimbra detém um espólio invejável na área da museologia, sem comparação em Portugal, e que configura um museu de capacidade internacional. O Laboratório Chimico é ele próprio uma peça histórica de relevo, já que se trata de um dos primeiros edifícios europeus concebidos para laboratório e o mais antigo ainda existente.



Desenhado por Guilherme Elsden, o Chimico foi construído entre 1773 e 1775, a mando do Marquês de Pombal e especificamente para o ensino e a investigação da química em Portugal. Historicamente, o edifício é indissociável do complexo de ensino e investigação das ciências que se desenvolveu em Coimbra na sequência da reforma da Universidade de 1772.




O projecto de recuperação do Chimico – da autoria de uma equipa de arquitectos liderada por João Mendes Ribeiro, e constituída ainda por Désirée Pedro e Carlos Antunes – veio a revelar-se uma caixinha de surpresas, apresentando-se quase como um palimpsesto, onde cada nova camada escondia uma outra por trás.

Talvez a mais significativa de todas as descobertas, segundo Paulo Gama Mota, sejam as estruturas do antigo refeitório jesuíta, do século XVI, que não se sabia se tinha sido reutilizado ou demolido, e que na verdade foi praticamente todo reutilizado. Para deixar perceber isto foi recuperada a estrutura do século XVIII, a chamada sala dos trabalhos em grande que foi desenhada para ser uma sala para a realização de trabalhos em grande escala. A recuperação da volumetria dessa sala original, permite também revelar a anterior geometria do refeitório do qual ficaram à vista três janelas e um púlpito que estava emparedado.




O ciclo continua no próximo dia 30, também terça-feira, às 18h30, desta feita com uma visita à Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, que contará com a intervenção do seu director, Carlos Fiolhais, que falará sobre o tema "Património Bibliográfico da Universidade de Coimbra".





À entrada do Museu da Ciência da UC pode ver-se a pia de pedra que se diz ter sido usada para fabricar pólvora usada na defesa da cidade de Coimbra aquando das invasões napoleónicas – uma das muitas lendas que acompanham a história do magnífico edifício. A este propósito refira-se que as Edições MinervaCoimbra têm editados dois romances históricos contemporâneos daquela época, da autoria de Helena Rainha Coelho, e intitulados “O Tutor” e “As Taças da Ira”.


O TUTOR
Helena Rainha Coelho
ISBN: 972-8318-43-X . 1999 . 320 páginas . 17,50 euros

Na trama histórica do ódio do Marquês de Pombal aos Jesuítas, perpassa o conflito de uma violenta paixão amorosa no limiar ténue do lícito e do ilícito incestuoso, em que os sentimentos e a consciência, a fé e a razão, o dever e o desejo se confrontam. De entre as personagens históricas da época, e outras que o não são com o mesmo rigor, destacam-se, construídas na ficção, um homem e uma mulher que numa luta dramática, procuram dirimir os obstáculos que impedem a sua união. A acção decorre, em meados do século XVIII, em Coimbra, onde a Universidade parece desconhecer os efeitos do racionalismo iluminista a mudar a Europa.


AS TAÇAS DA IRA
Helena Rainha Coelho
ISBN: 972-798-071-6 . 2003 . 192 páginas . 20,00 euros

A acção decorre, sobretudo, durante as invasões napoleónicas. Coimbra e a, então, vila da Figueira da Foz voltam a ser cenário dos conflitos, quer ficcionados, quer históricos, nos quais participa, também, o Batalhão Académico de Coimbra (formado por lentes e estudantes), na defesa do Baixo-Mondego. A invasão e o saque de Coimbra pelos soldados franceses, o desembarque das tropas inglesas em Lavos, a peste que, entretanto, grassou por toda a região, com especial incidência na Figueira da Foz, onde os empestados se refugiaram em demanda de auxílio, são episódios reais que se vão entrelaçando na trama do destino das personagens criadas. Os tempos cruciais emq ue estas vivem acabam por influenciar os seus destinos dramáticos e as suas paixões desmedidas. Embora sejam obras autónomas, este romance completa a saga iniciada com "O Tutor".

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