O edifício da faculdade de Medicina, no centro histórico universitário de Coimbra, poderá começar a ser desocupado este mês, mas para que a candidatura da cidade a Património Mundial seja uma realidade, falta ainda muito caminho para percorrer. Ao todo, serão necessários 90 milhões de euros, grande parte suportados pela universidade.
Mas Nuno Lopes, arquitecto responsável pelo gabinete de candidatura, diz estar preocupado com o "desleixo" e os "atropelos" urbanísticos cometidos na Alta da cidade: "A higienização que o Estado Novo fez na Alta de Coimbra pode muito bem ser feita, também hoje, e isso é o que a Sociedade de Reabilitação Urbana está a realizar na Baixa de Coimbra, que é uma aberração."
"Bastará passear por estas zonas à noite para encontrar ruas desertas e sujas. Perante este cenário, é fácil perceber que não é este o território que se mostrará ao comité de candidatura", critica o arquitecto. O responsável pelo gabinete de candidatura acentua também a necessidade de ter outras entidades dispostas a participarem neste processo, para além da autarquia. E alerta: "A universidade sem pessoas, mumificada, não vale uma candidatura".
O processo, com chancela da Universidade de Coimbra (UC), tem uma calendarização apertada, e envolve grande parte do miolo edificado na Alta da cidade, incluindo o Jardim Botânico (Pólo I). Mas a Rua da Sofia, em plena baixa coimbrã, é outra das áreas a intervencionar, uma vez que foi ali que vários colégios deram origem a esta universidade - edifícios a que o reitor, Seabra Santos, se refere como o Pólo Zero da UC.
Neste momento, decorrem os projectos de reabilitação e algumas sondagens arqueológicas para que tudo esteja a postos para ser possível obter verbas do próximo Quadro Comunitário de Apoio. Entretanto, na próxima sexta-feira, será inaugurada, na galeria do Museu Antropológico, uma exposição intitulada "Alta Entre Vistas", na qual os arquitectos Gonçalo Byrne, Álvaro Siza Vieira, João Mendes Ribeiro e Vítor Mestre explicarão aos conimbricenses os seus projectos relacionados com esta candidatura. Mas, para que a classificação da UNESCO seja concretizada, muito falta fazer.
Nuno Lopes, o rosto das candidaturas de Évora e da Ilha do Pico (Açores), participou no colóquio promovido pelo Rotary Club de Coimbra-Santa Clara, em conjunto com a Livraria Minerva, no qual anunciou que, em 2007, começam já as primeiras obras de fundo, designadamente o parque de estacionamento subterrâneo no Largo D. Dinis. No futuro, será possível visitar todo este complexo universitário na Internet, em formato 3D, ferramenta multimédia que fará parte do dossier a enviar à UNESCO.
Paula Carmo
Diário de Notícias
quinta-feira, setembro 21, 2006
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