
Mas Nuno Lopes, arquitecto responsável pelo gabinete de candidatura, diz estar preocupado com o "desleixo" e os "atropelos" urbanísticos cometidos na Alta da cidade: "A higienização que o Estado Novo fez na Alta de Coimbra pode muito bem ser feita, também hoje, e isso é o que a Sociedade de Reabilitação Urbana está a realizar na Baixa de Coimbra, que é uma aberração."
"Bastará passear por estas zonas à noite para encontrar ruas desertas e sujas. Perante este cenário, é fácil perceber que não é este o território que se mostrará ao comité de candidatura", critica o arquitecto. O responsável pelo gabinete de candidatura acentua também a necessidade de ter outras entidades dispostas a participarem neste processo, para além da autarquia. E alerta: "A universidade sem pessoas, mumificada, não vale uma candidatura".
O processo, com chancela da Universidade de Coimbra (UC), tem uma calendarização apertada, e envolve grande parte do miolo edificado na Alta da cidade, incluindo o Jardim Botânico (Pólo I). Mas a Rua da Sofia, em plena baixa coimbrã, é outra das áreas a intervencionar, uma vez que foi ali que vários colégios deram origem a esta universidade - edifícios a que o reitor, Seabra Santos, se refere como o Pólo Zero da UC.
Neste momento, decorrem os projectos de reabilitação e algumas sondagens arqueológicas para que tudo esteja a postos para ser possível obter verbas do próximo Quadro Comunitário de Apoio. Entretanto, na próxima sexta-feira, será inaugurada, na galeria do Museu Antropológico, uma exposição intitulada "Alta Entre Vistas", na qual os arquitectos Gonçalo Byrne, Álvaro Siza Vieira, João Mendes Ribeiro e Vítor Mestre explicarão aos conimbricenses os seus projectos relacionados com esta candidatura. Mas, para que a classificação da UNESCO seja concretizada, muito falta fazer.
Nuno Lopes, o rosto das candidaturas de Évora e da Ilha do Pico (Açores), participou no colóquio promovido pelo Rotary Club de Coimbra-Santa Clara, em conjunto com a Livraria Minerva, no qual anunciou que, em 2007, começam já as primeiras obras de fundo, designadamente o parque de estacionamento subterrâneo no Largo D. Dinis. No futuro, será possível visitar todo este complexo universitário na Internet, em formato 3D, ferramenta multimédia que fará parte do dossier a enviar à UNESCO.
Paula Carmo
Diário de Notícias
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