José Tengarrinha lança livro sobre relação entre imprensa e opinião pública
Obra pioneira sobre a censura
Imprensa, opinião pública e censura são expressões chave do último livro de José Tengarrinha que consta de doze estudos sobre história do jornalismo, de 1641 ao Estado Novo. Uma obra que aborda aspectos relevantes da evolução da opinião pública em Portugal.
Paula Alexandra Almeida
«Imprensa e Opinião Pública em Portugal», da autoria de José Tengarrinha, editado pela MinervaCoimbra, é fruto de “uma investigação séria e qualificada de alguém a quem a história da imprensa muito deve”, afirmou na apresentação da obra Mário Mesquita.
O pioneirismo da obra prende-se muito com o facto das ciências da comunicação terem começado a desenvolver-se em Portugal muito em torno da perspectiva científica das ciências da linguagem, tendo a história sido marginalizada, e, por outro lado, os historiadores terem sempre encarado o jornalismo como um tema menor. Ora o livro preenche, segundo Mário Mesquita, as várias lacunas que existem.
Dos doze estudos que o constituem seis visam a imprensa, desde o surgimento dos periódicos no início do século XVII até à imprensa nas dinâmicas da sociedade oitocentista. Quatro estudos centram-se de forma explícita na problemática da opinião pública, culminando com a análise da imprensa e opinião pública no Estado Novo. E, finalmente, os dois capítulos restantes incidem sobre as instituições e a acção da censura, naquela que é, para Mário Mesquita, “a primeira visão de conjunto da censura à imprensa em Portugal, abarcando o período que vai das Ordenações Filipinas até ao fim do salazarismo”.
José Tengarrinha descreve “de forma clara, concisa e contextualizada, os institutos e os mecanismos de censura à imprensa”, referiu ainda Mário Mesquita.
Afirmar e tentar provar que os sistemas comunicacionais só ganham dimensão quando em relação com situações e espaços concretos ao longo da evolução das sociedades, isto é, em quadros históricos concretos, foi o grande objectivo deste trabalho de José Tengarrinha.
Quanto ao capítulo sobre os diversos regimes de censura, desde 1627 até 1974, foi, segundo José Tengarrinha, um trabalho muito duro e prolongado.
Segundo José Tengarrinha, e em relação ao Estado Novo, “as questões da censura têm sido vistas, a maior parte das vezes, no seu aspecto puramente repressivo”, o que tem feito com que “haja uma ideia de que o controlo do Estado Novo sobre os órgãos de informação se exerceu exclusivamente no aspecto impeditivo da saída de determinada informação”.
No entanto, na sua obra, José Tengarrinha revela a preocupação central do Estado Novo em controlar a informação também no aspecto de construção de opinião. “E isso julgo ter ficado claro quando faço uma longa relação dos jornais que eram publicados pelo país, das suas tendências políticas, e da forma como o Estado Novo pretendia influenciar a construção da opinião pública em todo o país através da produção de artigos e notícias emanadas do Serviço Nacional de Informação”.
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Blogosfera e jornalismo em discussão Potencial dos blogues mal aproveitado
’Podem os blogueiros ser equiparados a jornalistas?’ foi a questão que norteou um debate dedicado à blogosfera promovido pela Livraria Minerva, de Coimbra, e onde participaram António Granado e Rogério Santos.
Segundo Rogério Santos (Indústrias Culturais) “os blogues poderiam ser uma ferramenta de apoio ao jornalismo”, fazendo a sua promoção a custo praticamente zero, para além de não ficar alocado a um espaço físico restrito, o que não acontece com a edição impressa de um jornal, por exemplo.
Já para António Granado (Ponto Media) a característica mais marcante que a blogosfera trouxe à internet é a sua democratização. “Esta é uma ferramenta que permite que qualquer pessoa publique o que muito bem entender, como muito bem entender, num espaço gratuito, a qualquer momento e praticamente de todo o lado, desde o telemóvel ao computador. E esta é uma característica que transforma completamente os media”, afirmou.
Em relação à comparação entre blogues e jornais, António Granado considera que “há blogues especializados que são muito melhores que alguns jornais de referência”.
Apesar de em Portugal esta questão nunca se ter colocado, nos Estados Unidos a própria Casa Branca já credenciou alguns blogueiros para poderem assistir às conferências de imprensa. Os blogues surgiram por volta de 1997, mas em Portugal o boom deu-se apenas em 2003. Contudo, em 2000, António Granado já tinha o Ponto Media, enquanto Rogério Santos começou inicialmente num blogue colectivo, em 2002, iniciando o Indústrias Culturais, a solo, em 2003.
Segundo os últimos números a blogosfera duplica todos os seis meses e é criado um blogue por segundo no mundo. Cerca de 55 por cento dos blogues ainda são actualizados seis meses depois de terem sido criados.
sábado, junho 10, 2006
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